"Nosso
intuito é conscientizar os consumidores sobre a importância da agroecológica e
do consumo consciente, pois não adianta os agricultores produzirem se, na
ponta, o consumo vai para o capitalismo", explicou Irmã Lurdes.
“É,
sim, possível termos uma alimentação saudável e sustentável, que beneficie as
pessoas e não prejudique o meio ambiente”, disse Aline Gallo, de 26 anos, após
participar da 15ª Feira de Agricultura Familiar Camponesa, realizada entre os
dias 10 a 12 de julho, em Santa Maria (RS).
Essa
conscientização da jovem consumidora é fruto de um trabalho organizado pela
Irmã Lurdes Dill, por meio dos projetos Esperança e Cooesperança, com o apoio
de camponesas e camponeses assentados do MST, durante os três dias de evento.
“Nosso
intuito é conscientizar os consumidores sobre a importância da produção
orgânica e agroecológica, e do consumo consciente, pois não adianta os
agricultores produzirem de forma organizada se, na ponta, o consumo vai para o
capitalismo. Não queremos vender para os grandes mercados, queremos vender
direto do produtor para o consumidor”, explicou Irmã Lurdes.
Foram
comercializados dezenas de alimentos in natura e agroindustrializados dos
assentamentos de Reforma Agrária do Rio Grande do Sul.
Andressa
Fioresi, também de 26 anos, expôs, entre outros alimentos, salame, torresmo,
banha, morcilha e costelinha defumada, todos produzidos na Agroindústria de
Embutidos Fioresi, do assentamento Santa Rosa, de Tupanciretã.
“A
agroindústria melhorou nossa vida e a feira também contribui para isso. Meu
sonho é ter condições de dar uma vida melhor aos meus dois filhos, que eles
possam ir à faculdade, mas que não precisem sair do campo, que continuem investindo
na produção da agricultura familiar”, afirmou Andressa.
Cristina
Gohl, de 41 anos, do Assentamento Novo São Miguel, de São Miguel das Missões,
também teve a oportunidade de oferecer seus produtos, como pães, derivados do
leite, melado, geleias, compotas, conservas, frutas, chás e artesanatos.
“A
feira incentiva à organização das mulheres para produzir e expor, colaborando
na autonomia financeira das camponesas. Ela representa a concretização de uma
luta de anos, permitindo o contato direto com o consumidor. Além disso, é um
espaço importante de conquista para a exposição de alimentos saudáveis,
cultivados nos assentamentos da reforma agrária”, argumentou.
A
feira contou com a participação de grupos de famílias da Cooperativa de
Produção Agropecuária de Nova Santa Rita (Coopan), Cooperativa Missioneira de
Agricultores e Artesãos de São Nicolau (Coopermissioneira), Cooperativa
Regional da Reforma Agrária Mãe Terra (Cooperterra), Rede de Sementes
Agroecológicas Bionatur e Agroindústria Familiar de Embutidos Fiorese; oriundos
de sete regiões com assentamentos no estado: Serrana, Missões, Livramento,
Porto Alegre, São Gabriel, Tupaciretã e Hulha Negra.
EcoSol
e Feicoop
Em
paralelo à Feira de Agricultura Familiar Camponesa, aconteceu a 11ª Feira Latino-Americana
de Economia Solidária (EcoSol) e a 22ª Feira Internacional do Cooperativismo
(Feicoop), que reuniram cerca de 800 grupos empreendedores de 15 países. Do
Brasil, estiveram representados mais de 500 municípios de todos os estados.
“Neste
ano, as exposições foram muito maiores do que eu esperava. Teve muita
diversidade cultural e valorização dos povos, desde os indígenas até os
camponeses, e nós, consumidores, recebemos orientações sobre a produção de
alimentos saudáveis e o consumo consciente. Isso mostrou que esse tipo de
iniciativa também pode acontecer em outros lugares”, declarou Aline.
De
acordo com Irmã Lurdes, as feiras são resultados de uma caminhada bonita e
objetiva, e contam com a colaboração de parceiros e organizações, reunindo
anualmente milhares de pessoas.
“As
feiras são aprendentes e ensinantes, pois provocam um processo de mudança nas
pessoas. Em função delas, Santa Maria se torna a capital mundial da economia
solidária. É muito emocionante fazer essa caminhada acontecer junto às mais de
60 comissões que ajudam a planejá-las, organizá-las e executá-las. Nesse
contexto, nosso principal objetivo é articular os movimentos sociais, a
agricultura familiar, a economia solidária e o cooperativismo para mostrar que
os pequenos têm força e valor”, concluiu a Irmã Lurdes.
Mística
A
Via Campesina e o Levante Popular da Juventude organizaram intervenções durante
as feiras. Por meio da mística, com esqueletos e cruzes, foi denunciado o
modelo do agronegócio, apresentando-o como um projeto de “morte” devido ao uso
intensivo de venenos e transgênicos.
Em
contraposição, as organizações apresentaram a agricultura camponesa como um
projeto de “vida”, incentivando a produção e o consumo de alimentos saudáveis,
e se posicionando contra a destruição e usurpação da natureza e das sementes
pelo capitalismo.
Por
Catiana de Medeiros e Solange Engelmann
Da
página do MST
Foto: Leandro Molina
http://www.mst.org.br/2015/07/14/feira-de-agricultura-camponesa-leva-alimentos-saudaveis-a-populacao-de-santa-maria.html
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