Os
educadores do campo reunidos no RS debateram os malefícios do uso do agrotóxico
para a saúde humana e o meio ambiente.
Os
malefícios do uso do agrotóxico para a saúde humana e o meio ambiente, e a
necessidade de fortalecer a campanha em defesa da vida e da produção de
alimentos saudáveis pautaram o segundo dia do Encontro Estadual de Educadores
da Reforma Agrária do Rio Grande do Sul.
O
texto foi publicado pela Página do Movimento Sem Terra - MST, 24-07-2015.
O
evento, promovido MST, acontece desde a última quarta-feira (22) no Centro de
Formação Sepé Tiarajú, no Assentamento Filhos de Sepé, em Viamão.
O
MST convidou para participar do debate o presidente da Associação Gaúcha de
Proteção ao Ambiente Natural (Agapan), Leonardo Melgarejo; o técnico da
Cooperativa de Trabalho em Serviços Técnicos (Coptec), Edson Cadore; e o
deputado estadual Edegar Pretto (PT), que alertaram os educadores sobre a
importância de realizar ações construtivas junto às escolas do campo para
defender a produção de alimentos sadios, sem o uso de venenos.
De
acordo com Melgarejo, há uma mitologia enganosa em relação aos efeitos dos
agrotóxicos, a qual apoia a expansão do agronegócio e traz ameaças concretas à
saúde da população, ao meio ambiente e à soberania alimentar.“Muitas pessoas
alegam que as substâncias tóxicas são rapidamente eliminadas do corpo humano e
do meio ambiente. Porém, a depreciação e a eliminação podem demorar dias ou anos.
O fato de o agrotóxico não ser detectado em análises clínicas não significa
segurança ou ausência de dano: mesmo aqueles que são rapidamente eliminados
podem causar complicações irreversíveis”, explicou Melgarejo.
Depois
de abordar os principais malefícios, como o câncer, depressão e infertilidade
que os agrotóxicos causam à saúde humana, Melgarejo pediu aos educadores para
que discutissem sobre o tema em seus meios de convívio e atuação: nas
comunidades e escolas. Também orientou para que eles estimulem vereadores e
deputados de todo o Brasil a trabalharem em defesa da vida e da alimentação
saudável.
“Construam
diálogos com os educandos e a sociedade, pois vocês podem influenciar muitas
pessoas, como vereadores, crianças e jovens que futuramente podem se tornar
legisladores e contribuir para mudar essa realidade através de Projetos de
Lei”, disse.
O
técnico Edson Cadore também afirmou que é fundamental o apoio do Setor da
Educação na luta contra o uso de venenos, incentivando o fortalecimento da
campanha.
“Vocês,
educadores, são as pessoas certas para pautar a questão dos agrotóxicos nas
comunidades e nas instituições de ensino. Precisamos desse apoio educacional
para reforçar a importância da agroecologia, da produção de alimentos saudáveis
e da Reforma Agrária Popular”, argumentou.
Em
defesa da vida
O
deputado Edegar Pretto apresentou os três Projetos de Lei (PL), de sua autoria,
que coíbem o uso de agrotóxicos no Rio Grande do Sul e tramitam na Assembleia
Legislativa do estado.
Um
deles é o PL 44/2015, que obriga a rotulagem das embalagens de alimentos
produzidos com agrotóxicos. Outro PL é o 263/2014, que proíbe a pulverização de
agrotóxicos por meio de aeronaves em todo o território gaúcho, e o terceiro é o
PL 262/2014, que proíbe a fabricação, uso e comercialização do agrotóxico 2,4-D
no estado.
Pretto
solicitou o engajamento dos educadores por meio de ações para que os três
projetos de lei sejam aprovados, a exemplo do abaixo-assinado em Defesa da Vida
e da Alimentação Saudável.
“Precisamos
unir forças para concretizar nossas ações e vencer essa batalha contra o
inimigo”, afirmou.
Mulheres
apoiadoras
Arlete
Bulcão Pinto, do setor de gênero do MST, lembrou da dedicação das mulheres da
Via Campesina numa intensa campanha por soberania alimentar, contra a violência
e o agronegócio, iniciada em março deste ano durante a Jornada Nacional de Luta
das Mulheres Camponesas.
Ela
também abordou a necessidade de firmar ações que vão além de denúncia,
colocando em discussão essas pautas nas escolas.
“Devemos
orientar as crianças e os jovens porque é nossa missão levar adiante essa
bandeira de luta. Cada um de nós pode ser agente de fiscalização e denuncia,
para que as gerações futuras possam viver uma realidade diferente. A empreitada
é dura, a batalha é difícil, mas temos que vencer essa guerra”, alertou.
Engajamento
escolar é possível
Para
a educadora Marilene Cupsinski, da Escola Estadual de Ensino Médio Antônio
Conselheiro, do Assentamento Bom Será, de Santana do Livramento, o empenho
solicitado aos professores vai ao encontro de medidas que já estão sendo
realizadas nas escolas, tornando possível fortalecer a campanha contra o uso de
agrotóxicos com a comunidade escolar.
“Podemos
construir juntos muitas ações porque já temos um início de trabalho que orienta
os alunos para a produção de alimentos saudáveis, e foge do modelo tradicional
de agricultura. Unidos podemos construir uma nova geração capaz de mudar o
futuro e para isso vamos nos empenhar e trabalhar cada vez mais”, garantiu.
Frente
Parlamentar
O
deputado Edegar Pretto informou que no próximo dia 7 de agosto será lançada a
Frente Parlamentar Gaúcha em Defesa da Alimentação Saudável, durante audiência
pública sobre “A realidade e as conseqüências do uso dos agrotóxicos no RS e no
Brasil”.
A
atividade será realizada na Assembleia Legislativa e contará com as presenças
da ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira; da toxicologista coordenadora
de prevenção e vigilância do Instituto Nacional do Câncer, Márcia Sarpa de
Campos Mello, entre outros convidados.
Formação
humana e cooperação na escola
Anterior
ao ato político contra o uso de agrotóxicos, o psicanalista finlandês Perti
Simula trabalhou a formação humana, com foco em motivação e cooperação na
escola.
Ele
apresentou maneiras de trabalhar com comportamentos considerados problemáticos
em crianças e adultos, como bullying, sentimentos de frustração, falta de
motivação, agressão física e verbal, assédio sexual, stress, entre outros.
O
segundo dia do Encontro Estadual de Educadores da Reforma Agrária também foi
marcado por socializações de práticas educativas, que envolveram as escolas
Nossa Senhora da Assunção, de Taquari; Joceli Corrêa, de Jóia; Educar, de
Pontão; Nova Sociedade, de Nova Santa Rita; Roseli Nunes, de Santana do
Livramento; além da Coptec.
O
objetivo foi compartilhar experiências de projetos e iniciativas que são
desenvolvidas nas instituições.
Os
educadores ainda debateram sobre o lema do 2º Encontro Nacional de Educadores
da Reforma Agrária, que será realizado de 21 a 25 de setembro de 2015 em
Luziânia (GO), e o Manifesto que dirá à sociedade qual é a educação que os
educadores do campo querem.
http://zip.net/bhrJht
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