Eu
sempre defendi a tese de que o conhecimento formal não basta e pode facilmente
ser derrubado por fundamentações irretorquíveis provenientes de uma pessoa que
carrega no corpo as marcas da vida real. Lula é a comprovação de que esta tese
tem fundamento.
Pois
outro dia eu escutei ao vivo a íntegra de uma entrevista que ele deu aos
blogueiros independentes e confesso que foi um bálsamo escutá-lo durante quase
três horas ao final das quais ficou ainda mais consolidada a minha convicção de
que Lula é o símbolo da sabedoria sem firulas retóricas. Com sua linguagem
popular e seu carisma ele tem sim o poder natural de conquistar eleitores.
Ele
discorreu sem peias na língua sobre todos os assuntos que lhe foram
perquiridos. Entre outras afirmações, ele disse forma mais barata e honesta de
se fazer eleições é o financiamento público das campanhas com prestação de
contas. Entende também ser necessária uma constituinte exclusiva para fazer a
reforma política no Brasil.
Para
ele, a cobertura da mídia a respeito do Brasil dá a impressão de que o país
está acabado fazendo com que as gerações mais novas tenham uma falsa impressão
da situação atual.
Sobre
seu governo, ele disse que tinha obsessão de mostrar para as elites de que podia
fazer muito mais do que eles e que mesmo sendo um metalúrgico com diploma
primário, foi o presidente que criou mais escolas na história do país. Fez 18
universidades federais novas, coisa que os outros não fizeram.
Em
relação ao massacre midiático do qual o governo Dilma está sendo alvo, ele
entende que já está na hora do PT começar a rebater imediatamente todas as
acusações que são despejadas incessantemente.
Lula
fez também uma distinção entre a elite conservadora brasileira e o povo. Para
ele o povo brasileiro é admirável, pois permitiu a eleição de um presidente
torneiro mecânico e de uma presidenta que foi prisioneira política duramente
torturada durante a ditadura militar. Afirmou que o nosso problema é a elite
conservadora que não admite perder seu status social e não quer permitir que o
restante da população tenha acesso aos bens que sempre foram restritos a estas
poucas pessoas.
Sobre
o mensalão ele tem a certeza de que um dia esta história será reescrita e as
coisas serão recolocadas em sua verdadeira dimensão com o reconhecimento de que
não existiam provas para as condenações. Inclusive ficará claro o fato de que a
mídia teve um papel fundamental no desfecho que teve.
Enfim,
ouvir Lula falar é uma espécie de panacéia que nos permite expungirmos a baixa
autoestima e o complexo de vira latas que a mídia golpista nos enfia goela
abaixo todos os minutos do dia. Confesso que saí dali com o espírito renovado
para continuar a minha luta incessante contra o conservadorismo que tanto mal
faz ao nosso país e ao planeta.
E
um aviso aos emissários do retrocesso. Tremei a cada vez que Lula resolver
falar, pois suas palavras tocam profundamente a alma do povo, criando uma
avalanche democrática de solidariedade que, tal qual um terremoto, tem o condão
de soterrar cada vez mais estas idéias retrógradas que os senhores tanto
defendem lá nas profundezas dos mares do obscurantismo de onde nunca deveriam
ter saído.
Jorge
André Irion Jobim

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