Vivemos a era do individualismo fomentado
por um capitalismo que nos faz cultuar futilidades e objetos fabricados sob o
princípio da obsolescência programada de modo a que fiquemos eternamente
escravizados aos seus produtores. Ao contrário, o culto à intelectualidade não
é incentivado, fato que traz reflexos nas artes, principalmente na música, nos
filmes e todas as outras expressões artísticas.
Limitando-me
apenas ao campo da música, eu cresci ouvindo Chico Buarque, Tom Jobim, Gilberto
Gil, Villa-Lobos, Raul Seixas, Beatles, Rolling Stones, Led Zepellin, João
Gilberto, Elis Regina, Milton Nascimento e tantos outros músicos geniais. E
hoje, o que temos? Quase nada.
Como elegemos o capital como nosso grande deus, onde
o lucro é o mais importante de tudo, ninguém arrisca a inovar em qualquer campo
de atividade, já que existe o risco de falhar e falhas significam prejuízo.
Pensar tão somente em desenvolvimento social ou cultural nem
pensar.
As grandes corporações que hoje detêm praticamente a
totalidade do capital mundial, através de publicidades tão sofisticadas quanto
eficientes, manipulam as populações de modo a despertar nelas falsos anseios de
liberdade e democracia. Ah, mas isto é bom dirão alguns. Sim, isso seria
verdade se a liberdade e democracia a que elas se referem fossem aquelas
correspondentes aos conceitos de nossos antigos compêndios de teoria do estado.
Na real, o que elas querem é a liberdade apenas para
consumir bens materiais, deixando de lado os bens imateriais que seriam tão
necessários para que transformações benéficas ocorressem através de críticas
bem fundamentadas.
Tais sofismas são tão bem elaborados que hoje em dia
confundimos cidadania e felicidade com possibilidade de consumir cada vez mais.
Tanto que no momento em que uma nação perde a capacidade de consumir e ter
acesso ao crédito, a consequência natural é a crise. E diante da crise, os
estados com o objetivo de salvaguardar o sistema financeiro acabam escamoteando
direitos de seus cidadãos.
Benefícios sociais são suprimidos com o claro
objetivo de que o sistema siga seu funcionamento deletério. Isso significa que
os detentores do capital continuarão indefinidamente ditando as regras das
sociedades e as políticas econômicas. Com seus poderios econômicos, acabam
financiando candidaturas de políticos que depois de eleitos, ficam adstritos
aos desígnios de seus patrocinadores, fechando o ciclo vicioso do império do
capital.
Na real, acabamos nos tornando um exército de
consumidores padronizados e, por não termos aprendido a pensar, ficamos
totalmente sem capacidade de lutarmos contra esta ditadura do consumo. E é
consabido que onde existe a padronização, a criatividade é guilhotinada
sumariamente. E ai daquele que ousar viver de forma alternativa e criativa.
Será um nada, um pária, condenado a ser diuturnamente espezinhado por todos os
demais.
Jorge André Irion Jobim
Nenhum comentário:
Postar um comentário