O deus-lucro, comandante supremo do capitalismo, impõe a utilização de modernas tecnologias, todas elas geradoras de desemprego o qual, por sua vez, acaba levando multidões às ruas sem as mínimas condições de sobrevivência.
Situação perigosa da qual as pessoas que triunfaram pelo individualismo sem limites buscam refúgio em grandes condomínios, espécies de paraísos artificiais cercados de muros altos, guardas, câmeras de segurança, arames farpados e outros ofendículos destinados a manter longe todos os demais que não se adaptaram ou abdicaram da luta selvagem baseada no “cada um por si” do sistema capitalista.
Do lado de fora, perambulando sem destino, aqueles seres que muitas pessoas sem peias na língua chamam simplesmente de “corja de vagabundos” mas que outras, mais delicadas, eufemisticamente se referem como sendo os pobres, os descamisados, os exóticos e outras denominações semelhantes. De qualquer forma, sempre consideradas pessoas a serem temidas.
Receosas, já que sempre foram carregadas nas costas por estas camadas inferiores, não tendo, portanto condições de caminharem com suas próprias pernas e lutarem por suas próprias vidas em condições mais duras, elas clamam por segurança e querem melhores armamentos e aumento de efetivo nas instituições policiais, não para o bem estar de toda a sociedade, mas para suas próprias seguranças. Exigem ainda um exército mais bem armado, não para defender a nação de inimigos externos, mas para abafar qualquer tentativa de revolta por parte desta turba de maltrapilhos, considerados por eles como sendo seus inimigos internos, pois podem querer subverter a ordem posta.
Apesar de toda a informação de que dispomos, as palavras comunista e terrorista ainda continuam sendo usadas como uma espécie de coringa para nominarem pessoas das quais querem se descartar, eis que inteligentes o suficiente para liderarem as multidões que caminham sem direção. Basta olharmos nossa história recente para lembrarmos que muitos daqueles que lutaram pela democracia brasileira na época da ditadura militar foram tachadas de terroristas cruéis quando é consabido que o que houve verdadeiramente, foi um terrorismo de estado ao qual estas pessoas reagiram.
Enfim, é muito desolador vermos que aquelas antigas tradições de solidariedade que permeavam a vida das comunidades, ainda que muitas vezes fruto da necessidade de sobrevivência e não de motivos mais altruísticos, foram sendo substituídas por novos valores baseados no individualismo e egoísmo, difundidas diariamente em programas em que o vencedor será sempre aquele que consegue eliminar ou “puxar o tapete” dos demais como se diz na gíria, geralmente pelos mesmos meios de comunicação que depois ficam verberando contra a falta de segurança em que vivemos.
É realmente contraditório; o mundo paradisíaco prometido pelo capitalismo é seletivo e excludente pois a ele somente adentram os adeptos do individualismo. Aqueles que ainda cultuam a solidariedade são severamente rechaçados pelas muralhas e outros aparatos repressivos que cercam estes paraísos artificiais, isolados e, a bem da verdade, de segurança duvidosa.
Jorge André Irion Jobim. Advogado de Santa Maria, RS
Publicado na Mídia Independente e no Portal de Luis Nassif
http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2011/10/498471.shtml
http://www.luisnassif.com/profiles/blogs/as-muralhas-do-para-so
Situação perigosa da qual as pessoas que triunfaram pelo individualismo sem limites buscam refúgio em grandes condomínios, espécies de paraísos artificiais cercados de muros altos, guardas, câmeras de segurança, arames farpados e outros ofendículos destinados a manter longe todos os demais que não se adaptaram ou abdicaram da luta selvagem baseada no “cada um por si” do sistema capitalista.
Do lado de fora, perambulando sem destino, aqueles seres que muitas pessoas sem peias na língua chamam simplesmente de “corja de vagabundos” mas que outras, mais delicadas, eufemisticamente se referem como sendo os pobres, os descamisados, os exóticos e outras denominações semelhantes. De qualquer forma, sempre consideradas pessoas a serem temidas.
Receosas, já que sempre foram carregadas nas costas por estas camadas inferiores, não tendo, portanto condições de caminharem com suas próprias pernas e lutarem por suas próprias vidas em condições mais duras, elas clamam por segurança e querem melhores armamentos e aumento de efetivo nas instituições policiais, não para o bem estar de toda a sociedade, mas para suas próprias seguranças. Exigem ainda um exército mais bem armado, não para defender a nação de inimigos externos, mas para abafar qualquer tentativa de revolta por parte desta turba de maltrapilhos, considerados por eles como sendo seus inimigos internos, pois podem querer subverter a ordem posta.
Apesar de toda a informação de que dispomos, as palavras comunista e terrorista ainda continuam sendo usadas como uma espécie de coringa para nominarem pessoas das quais querem se descartar, eis que inteligentes o suficiente para liderarem as multidões que caminham sem direção. Basta olharmos nossa história recente para lembrarmos que muitos daqueles que lutaram pela democracia brasileira na época da ditadura militar foram tachadas de terroristas cruéis quando é consabido que o que houve verdadeiramente, foi um terrorismo de estado ao qual estas pessoas reagiram.
Enfim, é muito desolador vermos que aquelas antigas tradições de solidariedade que permeavam a vida das comunidades, ainda que muitas vezes fruto da necessidade de sobrevivência e não de motivos mais altruísticos, foram sendo substituídas por novos valores baseados no individualismo e egoísmo, difundidas diariamente em programas em que o vencedor será sempre aquele que consegue eliminar ou “puxar o tapete” dos demais como se diz na gíria, geralmente pelos mesmos meios de comunicação que depois ficam verberando contra a falta de segurança em que vivemos.
É realmente contraditório; o mundo paradisíaco prometido pelo capitalismo é seletivo e excludente pois a ele somente adentram os adeptos do individualismo. Aqueles que ainda cultuam a solidariedade são severamente rechaçados pelas muralhas e outros aparatos repressivos que cercam estes paraísos artificiais, isolados e, a bem da verdade, de segurança duvidosa.
Jorge André Irion Jobim. Advogado de Santa Maria, RS
Publicado na Mídia Independente e no Portal de Luis Nassif
http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2011/10/498471.shtml
http://www.luisnassif.com/profiles/blogs/as-muralhas-do-para-so
Publicado no jornal A Razão de Santa Maria, RS no dia 12 de Abril de 2012
http://pt.scribd.com/doc/89052591/12042012-EDICAO
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