quarta-feira, 10 de novembro de 2010

FRUTOS DO ÓDIO


Na campanha eleitoral que findou, setores conservadores plantaram o ódio e agora o Brasil está colhendo frutos intragáveis consubstanciados principalmente em uma onda de xenofobia contra nossos compatriotas nordestinos.

Ao misturarem religião e política de maneira oportunista e demagógica, trouxeram à tona o monstro de um fundamentalismo preconceituoso que parecia estar adormecido no fundo de um poço escuro e que, despertado por objetivos espúrios, ressurgiu numa explosão de discriminação, ódio e intolerância.

Apesar de ter ficado comprovado que Dilma Roussef venceria de José Serra com ou sem os votos do Nordeste, eis que foi escolhida também por quase 60% dos mineiros e dos moradores do estado do Rio, além de ter levado quase metade dos votos de paulistas e gaúchos, segmentos reacionários da população insistem em culpar os nordestinos pela vitória da candidata à presidência. Com a provocação das bestas-feras aprisionadas dentro de tais pessoas, elas se soltaram e, incontroláveis, acabaram criando correntes de ódio contra os brasileiros do norte e do nordeste.
Felizmente, a Ordem dos Advogados do Brasil, seção Pernambuco, entrou no dia 03 de Novembro com uma representação criminal contra a estudante de Direito que iniciou a série de ataques contra os nordestinos, logo após a vitória de Dilma Rousseff (PT). A moça, revoltada com o resultado da eleição, postou a mensagem "Nordestino não é gente. Faça um favor a SP, mate um nordestino afogado!", atitude que foi seguida por outros usuários que postaram outras ofensas, como "Tinham que separar o Nordeste e o bolsa-vadio do Brasil" e "Construindo câmara de gás no Nordeste matando geral".

De acordo com o presidente da OAB-PE, Henrique Mariano, "são mensagens absolutamente preconceituosas. Além disso, é inadmissível que uma estudante de Direito tenha atitudes contrárias à função social da sua profissão. Como alguém com esse comportamento vai se tornar um profissional que precisa defender a Justiça e os direitos humanos?

A moça irá responder por crime de racismo (pena de dois a cinco anos de prisão, mais multa) e incitação pública de prática de crime (cuja pena é detenção de três a seis meses, ou multa). Além disso, o escritório de advocacia de São Paulo na qual ela era estagiária, confirmou que a estudante não faz mais parte de seu quadro de funcionários, afirmando ainda que, “com muito pesar e indignação, lamenta a infeliz opinião pessoal emitida, em rede social, pela mesma, da qual apenas tomou conhecimento pela mídia e que veemente é contrário, deixando, assim, ao crivo das autoridades competentes as providências cabíveis".

Jorge André Irion Jobim. Advogado de Santa Maria, RS

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