Lendo matéria assinada pelo bravo jornalista Joaquim de
Carvalho, no DCM, fico sabendo que Moro negou pedido feito pelos advogados de
Lula para que fosse tomado o depoimento do ex-sindicalista Jacó Bittar, amigo
de Lula há mais de 40 anos, no processo do sítio de Atibaia.
Isso porque Bittar, que é pai de Fernando Bittar, o
verdadeiro e inequívoco dono da propriedade, estava pronto para jogar por terra
com riqueza de detalhes a versão da Lava Jato, segundo a qual Lula seria o dono
oculto do imóvel. Moro alegou “razões humanitárias” para não ouvir Bittar,
porque ele sofre de Mal de Parkinson, o que traria constrangimento ao depoente.
Ora, ora, ora, imagina se alguém da estirpe do justiceiro
de Curitiba, que não hesita em fraudar processos para condenar um inocente,
está preocupado com doenças de pessoas do círculo de amizades de Lula.
Para encurtar a história, a defesa acabou providenciando
um depoimento de Bittar, lavrado em cartório e, portanto, com fé pública. Moro
se viu obrigado a anexar o documento ao processo. Mera formalidade, já que foi
solenemente ignorado pela juíza substituta por ocasião da sentença condenatória
de Lula e provavelmente o será também pelo TRF-4.
Esse episódio é apenas um entre dezenas a mostrar que nos
processos envolvendo Lula a defesa sempre foi encarada por Moro como um
estorvo, como uma lamentável perda de tempo, afinal de que valem argumentos,
teses, documentos, testemunhos e provas de inocência se a condenação já fora
decidida no nascedouro do processo ?
Mas a violação do direito à ampla defesa previsto na
Constituição, que incluiu até grampos nos telefones dos advogados, é apenas uma
das facetas do gangsterismo judicial característico da Lava Jato.
No momento em que a podridão das ações mafiosas da Lava
Jato vem sendo exposta à luz do sol da sociedade, é importante lembrar que
grande parte do que foi revelado até agora pelo site The Intercept em parceria
com outros veículos de comunicação já havia sido denunciado por Cristiano Zanin
e demais advogados que compõem a defesa de Lula, sendo objeto inclusive de
incontáveis requerimentos, ações e recursos apresentados. E já que no Brasil o
sistema de justiça está em larga escala acumpliciado com a Lava Jato a defesa
do ex-presidente, como todos sabem, teve que apelar à ONU.
Examinemos o caso da parcialidade de Moro agora
escancarada. Zanin requereu a suspeição do juiz de primeira instância ao então
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que rejeitou o pedido da defesa.
Depois, recurso semelhante foi apresentado à Raquel Dodge, ao TRF-4, ao STJ, ao
ministro Edson Fachin, responsável pelos processos da Lava Jato no STF. Todos
ignoraram as flagrantes evidências apontadas e negaram o reconhecimento do
óbvio: com Moro, Lula jamais teria direito a um julgamento justo.
E assim procederam porque fazem parte da engrenagem
montada pelo Judiciário para golpear Dilma, banir Lula da vida pública e
atingir o PT. Ou seja, o problema não é só Moro e os procuradores de Curitiba,
mas sim o lawfare protagonizado por militantes políticos travestidos de
magistrados, procuradores e delegados.
O TRF-4, vale recordar, tratou de aumentar a pena imposta
a Lula com o nítido propósito de evitar a prescrição de alguns crimes.
Miserável o país em que desembargadores são capazes de agir dessa maneira.
Sempre me incomodou ouvir em rodas de gente de esquerda
críticas infundadas ao trabalho da defesa do ex-presidente liderada por Zanin,
cobrando-lhe resultados positivos. Como se fosse um passeio no parque advogar
em pleno estado de exceção.
As revelações do The Intercept prestam um serviço
monumental à luta pela restauração da democracia no Brasil. E de quebra fazem
justiça aos abnegados advogados de Lula, que há anos remam valentemente contra
a correnteza.
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