Estudantes
do curso de Letras da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
divulgaram na noite desta quarta-feira (2) um manifesto contra a criminalização
das ocupações estudantis que se espalharam pelo país. Publicado na página do
movimento no Facebook, o manifesto pede o apoio do conjunto dos docentes do
Instituto de Letras à mobilização dos estudantes contra a PEC 241 (agora PEC
55, no Senado) e a proposta de reforma do ensino médio. “O Conselho da Unidade
e a Reitoria da UFRGS não lançaram uma nota sequer ao grande movimento que se
iniciou essa semana. Diante disso, fazemos aqui um apelo ao conjunto dos
professores e ao Instituto de Letras para que se posicionem formalmente em
relação ao levante de ocupações e que se posicionem contra à criminalização dos
movimentos na Universidade”, afirma o documento.
A
informação é publicada por Sul21, 03-11-2016.
Eis o manifesto.
Manifesto
pela não criminalização da ocupação da Letras
“Hoje
completamos sete dias de ocupação. Sete dias em que as e os estudantes da
Letras estão fazendo articulações com os outros cursos da Universidade e
debatendo exaustivamente a PEC 55, a MP da Reforma do Ensino Médio e o projeto
de lei Escola Sem Partido, além da realização de atividades que vão para além
do currículo da graduação. Sete dias de exaustivos debates, sete dias de muita
organização interna.
Até
o dia de hoje, recebemos o apoio informal de alguns professores. Muitos deles,
generosamente, nos visitam diariamente para trazer alimentos e saber como
passamos a noite.
Sabemos
que não estamos sozinhos: são mais de 1.300 unidades de ensino superior e
básico ocupadas. É o maior movimento estudantil brasileiro dos últimos vinte
anos, já superando a grande greve estudantil do Chile em 2011. Na UFRGS, são 20
cursos paralisados.
Entretanto,
não recebemos nenhum documento formal que expresse o apoio do conjunto dos
docentes da Letras à ocupação do Prédio de Aulas e que sinalize a legitimidade
do nosso movimento, bem como a formalização da suspensão das atividades
acadêmicas.
Muito
nos preocupa o cerco que se fecha a nível nacional aos processos de ocupação:
em Brasília, um juiz já decretou a validade da tortura psicológica para
desocupar escolas. No Paraná, muitas delas já estão sendo violentamente
desocupadas pela Polícia Militar. Já existe, na UFRGS, um movimento de
extrema-direita organizado para desocupar as unidades. O Conselho da Unidade e
a Reitoria da UFRGS não lançaram uma nota sequer ao grande movimento que se
iniciou essa semana. Diante disso, fazemos aqui um apelo ao conjunto dos
professores e ao Instituto de Letras para que se posicionem formalmente em
relação ao levante de ocupações e que se posicionem contra à criminalização dos
movimentos na Universidade.
Solicitamos
um documento formal, assinado nominalmente pelos professores, que legitimem a
nossa ocupação e que exija, do Instituto de Letras, também um posicionamento
sob finalidade de suspensão das atividades acadêmicas bem como de não
prejudicar nenhum aluno, dando atenção especial aos formandos que necessitam
concluir sua graduação. Sem o apoio documentado formalmente, estamos mais
vulneráveis. É preciso que os docentes que compreendem a legitimidade da nossa
luta se coloquem ao nosso lado e que também exijam da UFRGS que não se cale”.
Revista
ihu on-line
http://www.ihu.unisinos.br/maisnoticias/noticias/561924-estudantes-pedem-apoio-de-docentes-e-lancam-manifesto-contra-criminalizacao-das-ocupacoes
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