Silvio
Costa, como vice-líder do Governo Dilma, foi o primeiro deputado a enfrentar
Cunha em seus tempos de onipotência, o primeiro a dizer que mesmo derrubando
Dilma, o então presidente da Câmara iria para a cadeia. Hoje, logo após a
prisão de Cunha, ele voltou à tribuna para fazer nova profecia: “Assim como eu
sempre disse que por ser bandido ele terminaria preso, digo agora que neste dia
19 de outubro começou o fim do Governo Temer. Acostumado a viajar pelo mundo
hospedando-se nos melhores hotéis, a frequentar restaurantes premiados, a viver
no luxo e no conforto, Cunha não resistirá a fazer um acordo de delação
premiada. Por isso o consumo de tranquilizantes aumentou tanto nas últimas
horas, tanto nesta Casa, entre alguns deputados, como no Palácio do Planalto”.
Silvio
Costa desafiou também os partidos que se aliaram a Cunha para aprovar o
impeachment da ex-presidente Dilma a saírem em defesa dele na hora de sua
prisão:
-
Vocês do PSDB, do Democratas, do PPS, do PMDB, do PSB e dos partidos do Centrão
deviam vir a esta tribuna hoje defender o aliado. Você se juntaram com ele para
derrubar uma presidente honesta, sabendo que não havia crime e que o processo
era conduzido por um criminoso. Agora tenham a coerência de defender Eduardo
Cunha.
A
delação premiada do ex-presidente da Câmara realmente tira o sino de muita
gente e até fez Temer antecipar o retorno ao Brasil. E como circula a notícia
de que o Ministério Público só aceitará firmar um acordo se ele realmente
apresentar fatos novos, relevantes e capaz de provar ou demonstrar com
indícios, sua delação pode realmente comprometer o futuro do governo Temer,
alcançando fatos relacionados com delitos financeiros na esfera do PMDB e com o
próprio processo de aprovação do impeachment. Poderá ele revelar como foi negociada
a montagem da maioria que em 17 de abril, numa sessão inesquecível pela
ausência de substância política e o excesso de baixarias, autorizou a abertura
do processo contra Dilma.
Algo
na prisão de Cunha, entretanto, não parece de acordo com os planos originais do
juiz Sergio Moro, que havia dado à Justiça do Rio de Janeiro um prazo de 30
dias para intimá-lo a prestar depoimento. Foi criticado pela discrepância de
tratamento (pois antes havia dado prazo de 5 dias para a intimação de Lula) até
pelos jornalões que cultuam a Lava Janto. Se era esta a ação programada, por
que repentinamente a prisão? De duas uma. Ou Moro quis pegar Cunha
desprevenido, acreditando que ainda seria intimado a prestar depoimento, ou
realmente quis livrar-se logo desta pendência para apressar o clímax que sempre
buscou na Lava Jato, a prisão do ex-presidente Lula, que seria ainda mais
escandalosa se ocorresse com Cunha livre e solto.
http://www.brasil247.com/pt/blog/terezacruvinel/261199/Silvio-Costa-%E2%80%9CCunha-preso-%C3%A9-o-come%C3%A7o-do-fim-do-governo-Temer%E2%80%9D.htm
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