Apesar
do fato de que os dominados são mais fortes e numericamente superiores aos
dominadores, eles aceitam que estes últimos através de suas diminutas forças de
repressão, continuem dominando-os. Sim, porque eles criam a idéia de que todos
devem obedecer às leis, os exércitos, as polícias e os demais aparatos de
dominação. Incutem em toda a população esta rejeição ao impulso revolucionário
que habita dentro de todos nós desde o nascimento.
O
sistema através de seus meios de adaptação social, como a escola, a igreja, a
polícia, o ministério público, o judiciário, é pródigo em criar espíritos
mansos e afeitos à submissão. Contraditoriamente, o poder não abre mão da
violência quando se trata de impor sua hegemonia e de não deixar o rebanho sair
do controle.
Aqueles
que ousam se insurgir contra o sistema, passam a ser vigiados incessantemente.
Em muitos casos, serão classificados como subversivos, vagabundos, terroristas
e outras tantas denominações pejorativas. Contra tais pessoas, a regra é a
utilização da violência. E diante desta violência, o silêncio covarde dos que a
assistem acaba homologando o mau uso que dela está sendo feito.
De
qualquer maneira, acho que é hora de termos a noção exata da força de nossa
união e mudarmos este quadro aparentemente imutável. O que não podemos é
permanecer em silêncio e passivos diante do quadro recessivo que está sendo
desenhado por este governo golpista que não tem mais legitimidade alguma para
continuar no poder.
Isto
porque hoje está cada vez mais transparente o fato de que as estruturas
constitucionais do estado brasileiro estão enferrujadas pela ação desta classe
nefasta de políticos e de servidores públicos que delas tomaram conta e que,
comandados e apoiados pela grande mídia, fazem o que bem entendem.
Observem
que temos um poder legislativo que legisla apenas para beneficiar o grande
capital, um poder judiciário partidarizado e acovardado que decide apenas em
benefício de interesses alienígenas, das multinacionais e do poder econômico e,
para disfarçar, de vez em quando joga algumas migalhas de direitos para a
maioria da população.
Por
outro lado, como através de eleições democráticas esta laia desprezível de
políticos não conseguiu mais ocupar o poder executivo, resolveu tomá-lo através
de um golpe a longo prazo muito bem urdido, contando com a conivência dos
demais poderes apodrecidos (legislativo e judiciário), e com o auxílio
substancial da mídia monopolizada, que agora tenta lhe dar ares de legalidade.
Não conseguem, eis que o mundo todo percebeu que no processo de impeachment não
houve o denominado crime de responsabilidade, o que transformou o julgamento em
uma grande farsa golpista.
Pois
está mais do que na hora de aniquilarmos esta engrenagem que de tão
enferrujada, já emperrou há muito tempo e não mais funciona, ao menos no que
diz respeito à população mais necessitada. O pouco movimento que ainda lhe
resta é apenas para beneficiar esta pequena casta econômica que está no poder
há séculos e não quer soltá-lo de maneira alguma.
Precisamos
rever nossos velhos conceitos e abandonarmos os caminhos que nos são ditados
pelos senhores dos poderes, pois ao pisotearem na Constituição Federal e perpetrarem
o golpe político/jurídico/midiático, os golpistas decretaram a morte de nossa
crença nas instituições e nas normas jurídicas.
E
quando as leis que deveriam ser nossas referências perdem a credibilidade,
abrem-se as portas para que se instale a vetusta e eterna lei das selvas.
Significa que agora vale a lei do mais forte, fazendo com que uma
multiplicidade de caminhos e de possibilidades se apresentem como opção para a
população descrente. E nem todos os atalhos são muito auspiciosos; alguns deles
podem nos levar ao abismo.
De
qualquer maneira, é chegada a hora de dizermos não à covardia e lutarmos para
mudar os rumos que estão tentando nos impor e impedirmos que estes grupos com
vocação excludente se sobreponham sobre aqueles que lutam pela inclusão social.
Como
eu tenho dito repetidamente, o estado em sentido amplo não pode ser instrumento
de dominação de uma pequena elite política, jurídica e econômica. Ou ele abriga
toda a população debaixo de sua asa protetora ou não terá mais razão de existir.
Jorge
André Irion Jobim
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