"Não
é crível que dentre os 1.151 procuradores e procuradoras ativos/as do MPF não
existam aqueles com coragem para se insurgir contra as patifarias e
barbaridades de bandidos que usurpam as funções públicas em nome de interesses
pessoais e de um projeto de poder e que, apesar de agirem assim, são
acobertadas pelas entidades corporativas e pela própria instituição", diz
o colunista Jeferson Miola
Em
entrevista, o ex-chefe da Procuradoria-Geral da República Rodrigo Janot disse
textualmente ao jornalista, com espantosa naturalidade:
“Fui
armado. A minha ideia é que ia dar um tiro na cara dele. E depois me suicidava.
Na sala do Supremo. E fui armado”.
Os
detalhes são horripilantes:
1]
Janot disse – e fez questão de repetir – que foi armado à sede do STF. Ele não
disse que foi com arma a um clube de tiro ou a alguma competição de tiro ao
alvo. Ele foi armado, por deliberação prévia e com plano de assassinato
pré-concebido, à sede do STF!
2]
Janot premeditava assassinar com “um tiro na cara” ninguém menos que um
ministro da Suprema Corte!
3]
Janot disse que depois do homicídio pretendia se suicidar. Não forneceu
detalhes – se, também, com “um tiro na cara”, ou por outro método.
4]
Janot escolheu um cenário simbólico e teatral para o homicídio seguido de
suicídio: a “sala do Supremo”!
A
confissão assassina do Janot dispensa interpretações. É uma confissão
claríssima, auto-explicativa, feita sem mesuras por quem até 2017 dava guarida
às ilegalidades e crimes perpetrados por procuradores e procuradoras da
força-tarefa da Lava Jato – em conluio com policiais, juízes e a mídia liderada
pela Rede Globo – contra o Estado de Direito e contra a ordem política e social
do país.
A
despeito da grave confissão do plano de Janot para assassinar um ministro do
STF, a Associação Nacional dos Procuradores da República [ANPR] publicou
comunicado [aqui] que, além de inacreditavelmente defender um integrante da
corporação com declarada inclinação homicida-suicida, representa grave ataque à
democracia e ao Estado de Direito.
O
assunto é sério e gravíssimo, mas o comunicado da ANPR é hilário.
A
Associação começa afirmando que “os membros do MPF repudiam qualquer ato de
violência que se cogite ou seja praticado em detrimento de qualquer pessoa,
seja autoridade pública ou não […]”.
E
segue divagando que a pistolagem não é o método para a solução de “divergências
de ideias e diferenças pessoais”, que devem ser “solucionadas a partir do
diálogo, da conciliação”.
Numa
demonstração do mais absoluto descolamento da realidade, a ANPR “lastima que o
episódio negativo possa, por oportunismo, servir de pretexto para ações que
busquem enfraquecer a instituição”.
Por
fim, a ANPR condena a busca e apreensão na residência de Janot, talvez
entendendo razoável manter o direito de posse de arma e a própria arma nas mãos
de um confesso homicida-suicida que representa risco de morte para a sociedade.
É
importante ficar atento à linguagem do sindicatão dos procuradores: para eles,
o plano confesso de Janot de matar ninguém menos que um ministro do STF com “um
tiro na cara” e “na sala do Supremo” é eufemisticamente tratado como mero “ato
de violência”.
Além
disso, o sindicatão considera a confissão do plano de matar o ministro do STF
como simples “episódio negativo” que não pode ser pretextado para “enfraquecer
a instituição”, como se algo pudesse enfraquecer a PGR mais que a confissão do
homicida-suicida que a liderou durante 4 anos.
A
atuação corporativa e a defesa dos crimes cometidos por procuradores/as da Lava
Jato é uma marca da ANPR e do CNMP, da Corregedoria do MP e da antiga chefe da
PGR.
Por
isso o comunicado oficial da ANPR não surpreende e inclusive contrasta com a
manifestação do recém empossado chefe da PGR Augusto Aras, que considera
“inaceitáveis as atitudes” de Rodrigo Janot.
O
que sim chama a atenção é a ausência de reação e até mesmo de dissidências de
procuradores e procuradoras decentes e dignos, que não se sentem representados
tanto pela ANPR como pelos órgãos correcionais, de controle e de direção do MP
– aqui e aqui.
Não
é crível que dentre os 1.151 procuradores e procuradoras ativos/as do MPF não
existam aqueles com coragem para se insurgir contra as patifarias e
barbaridades de bandidos que usurpam as funções públicas em nome de interesses
pessoais e de um projeto de poder e que, apesar de agirem assim, são
acobertadas pelas entidades corporativas e pela própria instituição.
É
triste mas necessário constatar que faltam “Rogérios Favretos” no Ministério
Público.
Faz
falta no Ministério Público alguém com a têmpera, com a dignidade e com a
coragem do desembargador Rogério Favreto.
Em
8 de julho de 2018, Favreto se interpôs à engrenagem fascista do judiciário quando
Moro e seus comparsas do TRF4 e da PF impediram a libertação do Lula para ser
candidato, vencer a eleição presidencial e impedir a barbárie instalada no
Brasil
Um comentário:
O QUE DEMONSTRA O NÍVEL DE IRRACIONALIDADE E RESPONSABILIDADE DO MINISTÉRIO PÚBLICO
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