O
cancelamento do registro da candidatura de Lula se deve ao aliciamento da casta
de servidores públicos representada por procuradores da República, juízes,
desembargadores e ministros das cortes superiores de ju$tiça – que ganham em um
mês o que um trabalhador de salário mínimo precisa esperar cinco anos para
receber – pelos setores mais conservadores da sociedade que não suportavam a
ascensão social das camadas mais pobres da população promovida pelos governos
petistas.
Essas
conquistas sociais alimentaram o ódio ao PT, que começou a se cristalizar
quando o primeiro governo Lula melhorou a qualidade de vida das camadas mais
pobres da população com o aumento do salário mínimo, que equivalia a 70 dólares
nos governos tucanos de Fernando Henrique Cardoso, foi a 293 dólares sob Lula e
atingiu 348 dólares em dezembro de 2012, no primeiro governo de Dilma.
Essa
valorização do trabalho implicou na ascensão social das parcelas mais pobres da
população e levou o senador Aécio Neves (PSDB), que seria derrotado na eleição
presidencial de 2014, a tramar a derrubada de Dilma já a partir de 2013, quando
patrocinou junto com os industriais da FIESP as manifestações de rua do MBL
(Movimento Brasil Livre) que desembocaria no impeachment da presidenta, na
metade do seu segundo governo.
À
valorização do trabalho somaram-se nos governos do PT outras conquistas
sociais, muito próximas às reformas de base que o presidente João Goulart
tentava implantar no País quando foi derrubado pelos militares no golpe de 1964
para estabelecer a mais sanguinária ditadura da história do Brasil, que duraria
até 1985 e representou o maior retrocesso em nosso processo civilizatório.
A
reforma agrária de Jango interrompida pelos militares foi realizada em grande
escala pelos governos do PT, que ofereceu aos pequenos agricultores, além de
terra, crédito e assistência técnica, um programa de comercialização das safras
da agricultura familiar que garantia o escoamento da produção de alimentos a
preços justos.
O
financiamento da agricultura familiar, que nos governos do PSDB de Fernando
Henrique somaram R$ 6,6 bilhões, foram multiplicados quase cinco vezes nos
governos do PT de Lula e Dilma, chegando a R$ 28,9 bilhões na safra 2015/2016.
Esse
aumento da participação da agricultura familiar no financiamento agrícola fez
crescer e acirrou contra o PT os ânimos da bancada ruralista no Congresso
Nacional, defensora dos interesses dos grandes proprietários e do agronegócio.
Na
atual campanha presidencial, a bancada ruralista é representada pela vice do
candidato Geraldo Alckmin (PSDB-Centrão), a senadora Ana Amélia (PP-RS).
Acresça-se
às conquistas o Bolsa Família – programa que retirou o Brasil do Mapa da Fome,
alimentando cerca de 30 milhões de brasileiros que quando Lula chegou ao poder
viviam abaixo da linha da miséria – o acesso à universidade de pobres e negros,
as cotas raciais para igualar oportunidades no serviço público, do apoio às
minorias LGBT a oferta de melhor atendimento de saúde às populações mais
carentes, com a criação do SAMU e a contratação de milhares de médicos cubanos
para levar assistência médica onde os médicos brasileiros se negam a ir, e o
fim do regime de escravidão das empregadas domésticas com a assinatura da
carteira, direitos trabalhistas e oferta de creches e transporte escolar aos
seus filhos.
Essas
conquistas sociais foram aborrecendo cada vez mais aquela parcela mais rica de
brasileiros, de um por cento ou menos da população, engordada pela casta de
procuradores e magistrados com seus altos salários.
Lugar
nessa casta começa a ser reivindicado por delegados da Polícia Federal, que
voltaram a perseguir professores universitários saudosos da ditadura militar
quando tinham a função de linha auxiliar dos órgãos da repressão e da tortura.
Todo
esse ápice da nossa pirâmide social não suportava mais ver os filhos de seus
empregados dividir com os seus os bancos das universidades, ou eles mesmos, com
seus empregados, as poltronas dos aviões de carreira.
Formou-se
das conquistas sociais da população mais pobre do País o caldo de cultura
propício ao golpe que tirou Dilma e levou o PSDB a colocar Temer na chefia a
nação e participar do seu governo com quatro ministros.
Um
golpe escandalosamente confirmado pelos ministros do Supremo Tribunal Federal,
mas que precisava ir além, para evitar a volta de Lula anunciada pela reação
popular à derrubada de Dilma.
Arranjou-se,
como os militares fizeram com Juscelino Kubitschek, um tríplex para Lula,
convocou-se um juiz para condená-lo e um “colegiado” de segunda instância para
confirmar a farsa judiciária, para enquadra Lula na Lei de Ficha Limpa
Por
fim, os tribunais superiores, dos quais por um fator de economia a Ju$tiça
brasileira já pode prescindir, comprovaram sua participação no golpe com a
confirmação do impedimento de Lula.
Agiram
não apenas como o bando de covardes definido pelo ex-presidente, mas destilando
ódio sobre as conquistas sociais dos mais pobres, que ameaçam, lá adiante,
concorrer no mercado de trabalho em pé de igualdade com seus filhos.
https://www.diariodocentrodomundo.com.br/o-papel-da-ascensao-dos-mais-pobres-no-odio-de-juizes-e-procuradores-a-lula-por-geraldo-seabra/
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