O
novo presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, eleito recentemente em
votação histórica, já entrou na linha de tiro do judiciário imperialista. Seu
partido, Morena, foi multado em 197 milhões de pesos, sob uma torpe alegação,
já característica dos sistemas judiciários da América Latina. A acusação é o
partido ter apoiado com dinheiro as vítimas do terremoto que atingiu o país.
Obrador denunciou a medida judicial como “una vil venganza”.
A
sequência de ações judiciais contra as lideranças populares da América Latina
evidenciam um esquema articulado desde os centros de poder externos. Já se fala
em nova “Operação Condor”, apontando para a existência de uma ação comum na
região. O que antes era planejado e executado por militares, fora e dentro dos
países, agora é obra de togados. No Brasil, por exemplo, o golpe foi dado “com
o o STF com tudo”.
Não
precisa ser muito esperto para juntar os pontos da trama. Deram o golpe
judicial-parlamentar no Paraguai, derrubaram Dilma e prenderam Lula, perseguem
Cristina Kirchner, atacaram Rafael Correa e, agora, miram em Obrador. Por trás
dos alvos, a destruição dos Estados nacionais e a rapinagem, em especial do
petróleo. Onde tem resistência mais aguerrida, como na Venezuela e Nicarágua,
apelam para o terrorismo.
Em
algum momento, os interesses que tentam salvar o imperialismo do desastre
anunciado confluíram para esta fórmula “mágica” – por necessidade e economia. A
guerra do Iraque, com custo em torno de US$ 1 trilhão, não compensou o
“investimento”. Tornou-se mais fácil e barato apelar para a espionagem, a
cooptação, a captura e a chantagem. Assim, em menos de uma década, os
judiciários nacionais foram corrompidos.
A
“teoria dos fatos” demonstra que a luta deixou de ser paroquial, exigindo a
superação da visão caipira do mundo. O Brasil está no centro da disputa
geopolítica, assim como toda a América Latina. Os Estados Unidos foram
derrotados na Síria pelos russos e a economia norte-americana e imperial está
falida. A luta agora é nacional e antiimperialista para e defender as
soberanias locais e impedir a rapinagem regional.
Na
ditadura, hoje se sabe, o Pentágono, a CIA e os militares norte-americanos
davam as cartas. Havia interlocutores, comandos dos dois lados e executares
internos, preparados e treinados. No novo esquema, está ficando claro quem são
os principais operadores internos capturados. Resta identificar o centro de
comando, quem planeja, treina, articula e define os momentos das ações.
É
urgente, portanto, assumir que a luta extrapolou os limites nacionais do
Brasil, ou de qualquer outro país. É fundamental identificar e denunciar os
“biombos” construídos pelo “estado ampliado” dos EUA, seus métodos de atuação.
As diferentes articulações em cada país, seus principais operadores e a
movimentação de seus agentes. A farda mudou de cor e de métodos de atuação.
Fernando Rosa
http://www.contextolivre.com.br/2018/07/o-inimigo-veste-toga.html
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