Em
sua coluna na Folha de S.Paulo, Mônica Bergamo diz que ex-ministro afirma: “A
maioria não delatou nem mesmo sob torturas que as destruíam psicologicamente,
fisicamente”
O
ex-ministro Zé Dirceu segue firme sua posição de jamais aderir a um acordo de
delação, mesmo com a perspectiva de talvez nunca mais sair da prisão, informa a
jornalista Mônica Bergamo, em sua coluna no jornal Folha de S. Paulo. Dirceu se
entregou nesta sexta-feira (18) à Polícia Federal para cumprir mais de 30 anos
de prisão. Ele diz: “Eu fui formado numa geração em que a delação é a perda da
condição humana. A maioria [das pessoas presas na ditadura] não delatou nem
mesmo sob torturas que as destruíam psicologicamente, fisicamente. Muitas
ficaram com sequelas e carregam até hoje aqueles tormentos, como é o caso da
própria ex-presidenta Dilma”.
Dono
de uma rica trajetória de luta, Dirceu explica que “nem em música” considerou
algum dia a possibilidade de fazer colaboração premiada. “Nem em samba-canção”,
revela. “No Exército Vermelho [da antiga União Soviética] tinha um ditado: para
ser covarde, é preciso ter coragem. Porque os traidores eram sumariamente
eliminados pelo comissário político na frente de batalha”.
Apesar
das mensagens enviadas a grupos de WhatsApp antes de se entregar, em que
aparentava firmeza e força, Zé Dirceu chegou a chorar em conversas com alguns
amigos antes de ser preso. Ele pensava, em um primeiro momento, em tentar
cumprir a pena no Complexo Médico Penal, no Paraná, para onde esperava que o
ex-presidente Lula fosse transferido. A decisão de permanecer onde está fez com
que Dirceu preferisse ficar em Brasília. Antes de ser preso, o ex-ministro
terminou de escrever uma biografia, que será lançada pela Geração Editorial.
https://www.revistaforum.com.br/ze-dirceu-ratifica-posicao-quem-delata-perde-sua-condicao-humana/
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