Desde
outubro de 2016, 40 famílias ocupam uma área da prefeitura de Santa Maria
exigindo uma moradia e vida digna. Neste lugar habitam mulheres, homens,
gestantes, bebês, crianças em idade escolar, idosos e pessoas com necessidades
especiais, em uma área da prefeitura que estava a mais de 20 anos sem definição
de funcionalidade social e sendo parcelada e negociada por grileiros da região.
As
famílias da ocupação são oriundas de um processo de negação de direitos que vem
de décadas, a maioria delas passaram por um processo de despejo ocorrido
naquele mesmo mês de outubro no Bairro Parque Pinheiro, onde mais de 650
famílias foram despejadas a mando da “justiça” e tiveram suas casas destruídas
de forma desumana, deixando 650 famílias sem respostas e em situação de extremo
descaso.
Sem
ter lugar para ir e sem condições mínimas de pagar um aluguel, uma semana
depois, as famílias se organizaram autonomamente e pela ação direta ocuparam
uma nova área que hoje residem, nomeando-a Vila Resistência.
A organização da Vila
Resistência
Hoje
a Ocupação se mantem na Resistência há um ano e seis meses e aqui a luta é todo
dia. Com organização e autogestão, as famílias defendem e melhoram seu
território. Defendem estando presentes, fazendo reuniões, debates, propondo
atividades culturais, aulas de alfabetização e também melhoram o local, antes
abandonado, construindo espaços de lazer como o campo de futebol, pracinha,
horta e cozinha comunitária abertas à população do bairro. Constroem
coletivamente ‘com a força dos braços’ as próprias ruas e pontilhões para
poderem transitar melhor, receber parentes, amigos, vizinhos, familiares e
apoiadores.
Existe
também um projeto de construção de uma sede comunitária, que terá espaço para
cozinha coletiva, sala de aula de reforço para nossos filhos, oficinas de
artes, teatro e musica, lugar de palestras sobre saúde preventiva, local de
reuniões, celebrações e confraternizações do povo da Vila. A Resistência tem se
tornado um lugar hospitaleiro para toda a população pobre da Zona Oeste de
Santa Maria.
Ameaça de despejo
A
prefeitura nunca procurou as famílias para propor soluções para a demanda dos
sem-teto, sempre burocratizando e judicializando negociações com o povo que
exige apenas o que lhe é direito, uma moradia e vida digna. Na última semana os
moradores da Ocupação Vila Resistência, receberam uma ordem de despejo, em nome
da prefeitura, com prazo de 15 dias para desocupação da área, ameaçando desde
já que, se não sairmos, será utilizada força policial para realizar o despejo.
Frente
à ameaça de reintegração de posse, no dia 3 de maio as(os) moradores se
organizaram e, a partir da ação direta, ocuparam a prefeitura da cidade, onde
conseguiram arrancar uma negociação a contragosto da administração municipal do
PSDB, que foi a realização de uma audiência conciliatória.
Foi
uma ação histórica pra nossa comunidade e para todos os que lutam nessa
cidade. Havia pelo menos duas décadas
que ninguém ousava colocar o poder local contra a parede de sua própria casa.
Apesar
da mídia tentar diminuir nossa ação e a prefeitura colaborar com ela indo ao ar
falando inúmeras mentiras a nossa respeito, seguimos firmes na luta e resistência
em defesa da nossa comunidade e aguardando que o acordo feito seja cumprido e a
audiência ocorra o quanto antes.
Assim
reafirmamos que as 40 famílias da Ocupação não tem pra onde ir e não possuem a
mínima condição de pagar um aluguel, sendo desejo majoritário das famílias
continuarem moradoras desta comunidade que já constroem diariamente. Uma casa,
um lar para viver é essencial para nortear a busca de mais qualidade de vida,
emprego, estudo, enfim, o que deveria ser direito básico de todo cidadão
Os
moradores acreditam que destinar a área para a regulamentação do que já foi
construído seria o mais ético e justo a ser feito, pois o local ainda não
possui projeto definido e a pauta de moradia é emergencial. Caso a concessão de
uso para moradia não seja efetivada a partir da audiência conciliatória,
exigimos um novo local para as famílias da vila. Assim, os(As) moradores(as) da
Vila Resistência, só sairão da área hoje habitada com a garantia de um imóvel
ou terreno próprio e regulamentado em suas mãos.
Uma
casa, um lar para viver é essencial para nortear a busca de mais qualidade de
vida, emprego, estudo, é o mínimo de dignidade.
Não
arredaremos o pé da Vila Resistência enquanto a demanda por uma moradia digna
não for solucionada. Não temos para onde ir.
MORADIA É DIREITO!
DESPEJO é GENOCIDIO DO
POVO POBRE!
(*) Secretaria
de Relações da Ocupação Vila Resistência
https://www.sul21.com.br/opiniaopublica/2018/05/a-historia-da-vila-resistencia-em-santa-maria-por-ocupacao-vila-resistencia/
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