Para
especialistas, ficou escancarado "a falta de evidências" nas
apurações contra Lula e a relação direta da prisão com o impeachment de Dilma
Rousseff
Jornal
GGN - "A prisão de Lula tem consequências muito sérias para a democracia
no Brasil. Para mim, tudo se resume a um uso engenhoso da lei, segundo o qual a
ela é usada estrategicamente para impedir que Lula participe das eleições
presidenciais", afirmou a professora de estudos brasileiros na
Universidade de Leeds, Stephanie Dennison, ao blog Brasilianismo, do Uol.
A
análise da especialista não é isolada. De acordo com a professora, a maioria
dos acadêmicos e brasilianistas, geralmente mulheres que atuam na área de
direitos humanos e não tem vinculação com financiamentos públicos brasileiros,
acreditam que a prisão do ex-presidente terá um impacto grante na democracia do
país.
Para
Dennison, o que ficou escancarado no processo de investigação contra o líder
petista é "a falta de evidências" nas apurações, o que repercute não
apenas na insegurança jurídica do país, como também no espaço dado a estes
magistrados que assumem lideranças que não são parte de suas funções na lei.
"A
falta de evidências sólidas no caso de Lula aponta não apenas para o uso da
lei, mas um desrespeito aos princípios legais. Estou impressionada com os
múltiplos papéis desempenhados por Sergio Moro neste processo: investigador,
juiz e júri", completou ao blog.
A
análise é quase uníssona entre as pesquisadoras estrangeiras consultadas, entre
elas Maite Conde, de Cambridge, Sara Brandellero, da Universidade de Leiden, na
Holanda, Lisa Shaw, da faculdade de Histórias, Línguas e Culturas da
Universidade de Liverpool, e Marieke Riethof, professora de política
latino-americana também em Liverpool, Jane-Marie Collins, de Nottingham, e
Lucia Sa, de Manchester.
A
professora de Liverpool que atua em temas da América Latina enfatizou que
independentemente do lado político, direita, esquerda, centro, prender um
candidato às eleições questionará diretamente os resultados democráticos do
pleito eleitoral deste ano, em um contexto de democracia "já frágil".
Por isso, disse ela, "flexibilizar" o princípio de que governantes
devem partir da decisão pública por meio do sufrágio universal seria muito
prejudicial, criando "muita instabilidade política no futuro", disse
Riethof.
Já
para Lisa Shaw a prisão de Lula é uma consequência do vem ocorrendo desde o
impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. "A prisão de Lula não pode
ser separada do impeachment de Dilma, tão poderosamente simbolizado pela
presença dela ao lado de Lula em seu discurso na sexta-feira", apontou.
De
forma geral, as especialistas analisam que a prisão de Lula se trata de uma
farsa, uma manipulação das leis que se iniciou com a queda do governo de Dilma.
"Finge ser legal, constitucional e para o bem do povo, mas que é
rapidamente revelado como uma farsa completa e meramente promovendo os
interesses dos políticos da oposição e interesses comerciais", resumiu
Dennison.
https://blogdobriguilino.blogspot.com.br/2018/04/prisao-de-lula-e-farsa-contra.html
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