A
bárbara execução de Marielle Franco demonstra do que são capazes os grupos que
exercem, ilegitimamente, parcela significativa de poder em nossa sociedade.
A
substituição da civilidade pela força foi opção que os algozes das liberdades
fizeram no Brasil e a ocorrência não é recente. Foi o Estado quem criou ‘homens
de ouro’, autorizados a matar.
No
Brasil há mais mortes violentas que muitos países em guerra. As armas e
munições com as quais matam pobres e pretos favelados não são produzidas nas
favelas. São levadas para lá, normalmente, por agentes do Estado ou com suas
conivências.
A
cada crime que se dê visibilidade, o Estado promete ampliar o seu poder
executório. A escalada da violência é promovida, incentivada e apoiada pelo
Estado ou possibilitada por sua omissão.
Apenas
10% dos homicídios são esclarecidos, ainda assim por flagrantes e insistência
de familiares.
Dispõe
a Constituição que é função institucional do Ministério Público exercer o
controle externo da atividade policial. O controle sobre a origem do dinheiro
com o qual se adquirem os carros de luxo vistos em estacionamentos de órgãos
policiais, por si só, já implicaria contenção da delinquência estatal.
O
Rio vive sob intervenção federal. Não é intervenção militar. O interventor é o
presidente da República, que ocupa o cargo por meio do assassinato da
democracia e dos 54 milhões de votos que elegeram a presidenta golpeada.
Mas,
o artífice da intervenção é o ex-governador do Rio, Moreira Franco, que se
elegeu em 1986 prometendo acabar com a violência em seis meses e terminou o seu
governo em fotografia com os bicheiros no Palácio Guanabara e com um dos
assessores, Nazareno, envolvido em sequestro para extorsão.
Em
31/10/78 o jornal O Estado de S. Paulo publicou que o promotor de justiça do
tribunal do júri de Nova Iguaçu e um comandante de batalhão da polícia militar
na Baixada eram sócios de um depósito de bebidas e membros de um grupo de
esquadrão da morte. O coronel foi nomeado por Moreira Franco para integrar o
seu governo.
O
Estado promete combater crime com violência, mas nos seus altos escalões estão
organizações criminosas.
Contra
os abusos do seu aparelho repressivo, o Estado promete ampliar o poder
repressivo. É a lógica do Estado Policial.
Marielle,
com sua lucidez, denunciava os abusos e nos indicava o que fazer. Não basta
apurar e punir os seus algozes.
É
preciso desmontar a máquina de matar pobres que se encontra instalada no
interior do Estado.
É
preciso tirar os dentes da tigrada, conter os gorilas e colocar focinheira na
cachorrada.
João Batista
Damasceno é Doutor em Ciência Política e juiz de Direito
http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/joao-batista-damasceno-e-preciso-desmontar-a-maquina-de-matar-pobres-instalada-no-interior-do-estado.html
Um comentário:
a Rússia, eles sabem o que é o terrorismo de estado no Brasil. Lembramo-nos das detenções arbitrárias maciças (sem sinais e eventos do crime) de turistas russos em Manaus em 2016. https://www.youtube.com/watch?v=q4JV-EGEbMQ&т https://www.youtube.com/watch?v=G8IJ8ZBwMW0
https://obzor.press/russian/2017062150095 http://www.ochevidets.ru/blog/39455/ https://tapkin.livejournal.com/3184415.html
http://www.aconteceuemitu.org/2017/10/os-turistas-russos-e-caca-mafia-russa.html https://rovego.livejournal.com/6833925.html
http://rblogger.ru/2017/11/05/vyizhivshy-v-brazilskoy-tyurme/ http://inews.name/news.php?id=5847
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