Marielle
não era ex de Marcinho VP.
Não
teve sua campanha bancada por organização criminosa, como atesta, inclusive, o
Procurador competente para investigar essas coisas.
Não
teve filho aos 16 anos.
Era
sim negra.
Foi
sim eleita pela população negra e pobre dos morros cariocas, o único tipo de
gente, segundo um Nazareno que viveu a cerca de 2000 anos atrás, que realmente
pode ser chamada de “gente de bem” (lembra um papo de uma agulha e de um
camelo?).
Não
era um cadáver qualquer, primeiro porque nenhum cadáver de mulher negra e jovem
é “qualquer” , segundo porque foi morta por razão política, a vitima é um país,
uma esperança de vida mais livre e mais igual para milhões de pessoas.
A
vítima é a esperança de mudança, numa humanidade que a imensa maioria de seus
indivíduos, na história da vida humana na Terra, bilhões e bilhões de seres, só
conheceu a existência como carência, dor, sofrimento, sacrifício, exploração e
violência.
Quem
anda falando coisas que buscam desqualificar Marielle (que já não esta ai para
se defender) e os que ela representava, não é gente divergindo, é gente que
encarna o que Arendt chamava de mal extremo, gente a ser combatida, sempre e
por todos os tempos.
Eles
falam de jeito viril e simplificador das complexidades da vida, tem um ar de
empáfia que caracteriza os que se acham superiores moralmente a nós, embora
afirmem e gostem das maiores imoralidades que a história já conheceu . Tem a
arrogância viril dos que se sabem protegidos das desgraças do diferente , mas
que esconde sua imensa covardia.
Herdeiros
dos Senhores da Guerra, dos Inquisidores feminicidas, dos Senhores de Escravos,
dos Governantes despóticos, dos que a mitologia cristã chamava Sabnock ou
Saleos , de Jurará-açu e Pirarucu da mitologia tupi-guarani e Loki da mitologia
germânica, dos genocidas dos descobrimentos, de todos os genocidas , dos que
que a ciência chama de sociopatas, dos nazi-fascistas, dos militares ditadores
,dos torturadores de todos os tempos, de todo o mal extremo que sempre habitou
o humano.
Gente
de cargos importantes, protegidos de qualquer mal, com títulos, pompas, as
vezes togas, as vezes ternos, as vezes uniformes, punhos de renda e mãos sempre
sujas de sangue.
http://altamiroborges.blogspot.com.br/2018/03/a-vitima-e-esperanca-de-mudanca.html
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