A
barbárie chegou...
UM
AVISO -...aos que acham que a barbárie cometida contra a caravana de Lula, no
sul, ficará restrita aos grandes atos políticos, lamento informar, a barbárie,
quando começa, se espalha por todos os cantos e lugares, ninguém está a
salvo....
Lembro
bem o começo de tudo isso, foi o momento em que discursos do ódio encontraram
espaço e palavras de ordem, onde se clamava por lutadores com facas nos dentes
e sangue nos olhos, em que a palavra linchamento passou a ser tolerada para os
excluídos, e a tortura e os torturadores foram justificados como heróis.
Discursos
que refletiam, e refletem, o ódio mais visceral e anti-humano jamais visto
entre nós, e que antes se circunscrevia, praticamente aos discursos entre seus
pares fascistas e à internet, às redes sociais(sic)...
A
consequência deste exercício de ódio, que se difundiu e viceja cada vez com
mais intensidade, é um lugar comum.
Na
lição de Sarmiento* (em sua gênese histórica), quando se refere ao gaúcho
primitivo... ele, sem peias, conclui. ”É impossível construir uma sociedade
moderna com indivíduos bárbaros.”
Pensem,
que das palavras a ação é um passo, e este discurso do ódio (que, no sul,
trouxe a tona este gaúcho primitivo), disseminado nestes períodos turbulentos,
tem consequências nefastas – que se protaem no tempo e em todo nosso espaço de
influência - e , quando chega ao mundo real (em contraposição ao virtual),
destrói tudo que se possa chamar vida em sociedade, transforma-se em guerra
civil.
Talvez,
agora, muitos se envergonhem disso (de disseminarem o ódio na internet, sem
pensarem no que estavam fazendo ou suas consequências), mas, de qualquer forma,
é preciso que saibam, este mesmo discurso, tomado como verdade por indivíduos
que - à semelhança dos gaúchos primitivos, agem da mesma forma bárbara -,
frente a uma situação de contraposição de idéias ou situações de fato, não
refletem e se deixam levar por seus instintos - , pode, em muitas
oportunidades, sem motivo algum, apenas e somente pura barbárie, ter como alvo,
nós, nossos filhos, pais, familiares, amigos ou quaisquer outros, inocentes.
A
linha que separa o comportamento civilizado da barbárie é tênue – e o que
impede os marginais, bárbaros on-line, fascistas, ou pessoas desesperadas por
não terem comida suficiente ou um abrigo decente para si ou suas famílias, de
nos atacarem no meio da rua ou em qualquer outro lugar - e por serem mais
fortes, ou terem uma arma, tirarem o que quiserem, nossos pertences, nossa vida
- , é uma mera convenção chamada civilidade.
Não
deveríamos nunca termos ultrapassado esta linha, porque depois de avançado por
demasia neste terreno, talvez não haja mais como contermos a reação em cadeia.
O
desemprego e a miséria, decorrentes da ideologia política do grupo que se
apossou do poder, está sendo combatido com ódio e força.
O
povo humilde, sem emprego, sem moradia e sem pão, e seus defensores, estão
sendo reprimidos barbaramente.
Então,
que não se esperem flores, uma vez que não semeadas.
...um
antigo alerta, infelizmente, talvez seja tarde demais..
Politica
e humanidade versus o exercício do ódio da grande mídia e seus partidos
associados.
Politica
é para ser feita com debate de ideias e não com manifestações de ódio.
A
cada dia, a grande imprensa (segundo sua própria concepção – o maior partido de
oposição... a posições de esquerda) para
referenciar seus candidatos (do PSDB, DEM, PP, PSL, PMDB), divulga em suas
páginas, um discurso do mais brutal e letal ódio ao Partido dos Trabalhadores
(direcionado primordialmente a Lula, seu expoente) e a outros partidos de
esquerda.
Neste
espetáculo, todo dia elegem como seus heróis, políticos ou comunicadores, com
discursos vazios de conteúdo, mas cheios de ódio, que com o dedo em riste, à
semelhança dos imperadores no Coliseu de Roma, indicam os cristãos a serem
atirados às feras, isso, pelo simples fato de serem cristãos (adversários) e
impedirem seu acesso ao poder.
Este
discurso, promovido pelos profissionais do ódio, (que o usam para se auto
referenciarem) é dirigido às pessoas simples do povo, que em razão das
condições sub humanas a que as colocaram, se tornam suscetíveis a tais influencias e instigações.
Isto,
para todos, e mais especificamente para nós, sociedade civil em seu mais amplo
aspecto (a parte ainda não infectada pelo vírus do ódio), é algo mais que
lamentável, é terrível, significa que, nossa humanidade (coletiva), florescerá
num período mais distante na história.
Pão
e circo.
Eles
(os mercadores do ódio) não são responsáveis pela distribuição do pão – nem de
seu irmão gêmeo em dignidade, o emprego -, e, talvez por isso, durante algum
tempo, de 2002 a 2015, este não tenham faltado na mesa da maioria dos
brasileiros (vide a noticia que o Brasil foi retirado do quadro da fome pela
ONU em contraposição a recente notícia que voltou a ser incluído).
Entretanto,
os donos dos meios de comunicação se esmeram em oferecer um dos circos mais
cruéis – nem um pouco diferente das arenas e coliseus em que os cristãos eram
atirados às feras.
De
suas iniciativas emergem atos inomináveis, linchamentos, discursos do ódio
(preconceitos de classe social, contra minorias, racistas, homofóbicos), ou
simplesmente tendentes a destruição dos contrários na politica (Partido dos
Trabalhadores) – não remetem para um debate de ideias, aonde se identificaria a
origem do pão e de sua subtração por tanto tempo à grande população deste país.
Triste
conduta de nossa grande imprensa.
Neste
cenário, muitas vezes como meros assistentes, torcemos de forma quase
desesperançada (e, é preciso que nos ergamos, com mais força e determinação),
para que nunca faltasse o pão, pois, o discurso do ódio, encontra terreno
fértil nestes períodos de escassez de alimentos, e libera os instintos mais
baixos e que levam a desumanização dos “homens”.
O
debate sério e politizado (embate de ideias e propostas) eleva a sociedade de
patamar civilizatório, entrega, para ser exercido de forma consciente, nas mãos do povo, seu destino.
Por
isso toda forma de ódio deve ser condenada, pois revela o não humano,
configura-se em sua negação.
É
preciso combater esta politica traduzida e divulgada na grande mídia, que em seu discurso, traz a semente da
violência, da desconstrução do outro pelo ódio, e gera apenas mais violência,
permitindo que a generosidade seja atacada como ingênua e exaltando o poder
coercitivo, alijado de qualquer razão, como sendo o caminho da pacificação.
Não
entendem que violência gera violência, e, os exemplos de torturas inomináveis
no período da Ditadura Militar e em linchamentos ocorridos recentemente,
comprovam as consequências de tais discursos, libera o que tem de mais abjeto e
primitivo em indivíduos, indivíduos estes, que se ressentem da falta dos
atributos de humanidade, ou seja, solidariedade, respeito, dignidade, amor, que
deveriam ser inerentes a todos, para assim serem chamados de homens.
Infelizmente,
nesse teatro, ao contrário dos dramas literários, não há catarse, não nasceremos
limpos após estes embates irem ao fundo de nossas almas, isso porque a mentira
e ódio que emanam destes ditos “órgãos de comunicação”, envenenam o ambiente e
retiram a capacidade dos indivíduos nela imersos, de poderem ter a necessária
compreensão de sua própria e intrínseca humanidade e assim exercerem seu livre
arbítrio na direção do bem e do amor ao próximo (algo que considero acima de
religiões, e que, juntamente com a razão , forma a figura do homem - no plano
religioso, considerado como cunhado a imagem e semelhança de Deus).
*“As
qualidades mais positivas do “gaúcho”, acredita Sarmiento, são a inteligência
natural que demonstra no exercício excelente dos trabalhos rurais, a grande fé
em seu próprio valor, que lhe permitiu destacar-se e triunfar nas guerras de
independência, sua privilegiada sensibilidade, seu caráter imaginativo e
poético (Facundo 63-93). O “gaúcho”, essa semente do argentino do futuro, é, em
todo sentido, um ser extraordinário, A sociedade e os maus governantes, com seu
egoísmo, conspiram contra ele. Sua personalidade, sem dúvida, também mostra
aspectos negativos. Como ser bárbaro é um indivíduo cruel, oscilante, que passa
da indiferença a ira, e ao invés de refletir se deixa levar por seus instintos.
Segue cegamente a seus chefes, sem pensar. É vítima dos caudilhos. Estes, por
sua vez, são os chefes bárbaros, bestiais e egoístas que governam o grupo. Põem
suas qualidades bárbaras a serviço de seus próprios interesses. São destrutivos
para a pátria. É impossível constituir uma sociedade moderna com indivíduos
bárbaros. (Facundo, Sarmiento)”
https://jornalggn.com.br/fora-pauta/a-barbarie-chegou-as-portas-do-inferno-se-abriram-e-dele-saiu-o-fascismo-por-sergio-medeiros
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