Que
o Brasil tem uma elite dirigente insensível aos sofrimentos de seu povo, bem,
isso não chega a ser novidade em nosso meio milênio de historia.
Que,
por estas bandas, o importante é “levar vantagem em tudo” o craque Gérson já
dizia, também, nos comerciais de cigarro dos anos 70.
Que
abundam por aqui os privilégios, as carteiradas, o “sabe com quem está
falando”, igualmente, nada de novo é.
Ocorre
que como nunca antes na história deste país o Judiciário se envolveu na política,
usando a mídia – e sendo prazeirosamente usado por ela – como bússola, vento e
vela para navegar, emproado, como paladino da moralidade.
Um
discurso tão simples e eficaz para o “Ibope” que qualquer Ratinho, Datena,
Wagner Montes ou quejandos pode usar, embora sem o mesmo brilho verbal de um
Luís Roberto Barroso.
A
todos eles, porém, este sucesso cobra o preço de serem sempre escravos do que
se diz ser o “senso-comum”e posicionarem-se de acordo com o que o genial Barão
de Itararé chamava de “a opinião que se publica”, convertida em opinião pública
pelo destaque e repetição.
E
os “donos da opinião pública” encarregaram-se de criar a maré de ódios e
moralismos em que os juízes e ministros do STF deslizaram e lambuzaram-se.
Quase
todos, raras foram as exceções.
O
próprio Gilmar Mendes, que aparece hoje na Folha reclamando de um
“bolivarianismo ao contrário” diz que responsabiliza os donos dos jornais pelo
que lhe venha a acontecer, fartou-se de servir-se da mídia quando era para
vociferar contra o governo eleito.
O
Judiciário jamais escapou do quadro de privilégios e cumplicidades com que se
abre este artigo.
Mas
agora que o jogo virou contra si, como um menino mimado, quer pegar a bola e
dizer: “não brinco mais”.
Parece
um pouco tarde para isso. O que fizeram deixando que se parisse um golpe e um
quadro de perseguições muito além de qualquer prudência, durante anos, agora os
ataca, em poucos dias, com os dentes que fizeram arreganharem-se.
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