segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

LULA OU BARBÁRIE! Por Fernando Rosa

"Rasgar a Constituição de 1988, a começar pela PEC 241, que congela por 20 anos gastos com educação e saúde, é a primeira afronta dos traidores. Outros direitos consagrados na mesma Carta, em especial dos trabalhadores, também estão na mira dos golpistas. O desmonte do Estado Nacional, por fim, é o objetivo maior da violenta ruptura democrática.

Ainda restam algumas horas, portanto, para aqueles que quiserem salvar suas biografias da infâmia. Ou se somam ao povo na construção de um Projeto Nacional, ou irão para o lixo da história. Se ainda não entenderam, esta é a última valsa dos traidores e vende-pátrias. O Brasil jamais será uma colônia americana".

O texto acima fecha o artigo "A última valsa dos traidores", escrito em  27 de agosto de 2016, um pouco antes da votação do impeachment que afastou a presidenta eleita Dilma Rousseff. O título do artigo virou o subtítulo do livro "Um golpe americano", que já conta com o segundo volume (ambos publicados pela Amazon), subtitulado "Na contramão do mundo". Desde então, muita coisa se passou, até chegarmos no atual estágio da inédita luta de classes no país.

No texto, publicado no recém criado blog Senhor X antevíamos o processo que, agora, está mais claro - o feroz ataque imperialista sem precedentes ao país. E é disso que se trata a situação atual, uma disputa política, ou melhor, geopolítica, que extrapola a ilusão de um mero processo eleitoral. Com disse Lula na último ato da Paulista, após a farsa do julgamento do TRF4, em Porto Alegre, mais que eleitoral, a luta é por soberania.

Diante da crise mundial, "o imperialismo reage com uma política de recolonização selvagem", alertava o texto "O fim do mundo unipolar", de Felipe Camarão, publicado em 26 de abril do mesmo ano, também no blog. O texto apontava para "a quebra de direitos sociais, privatizações, fim do ensino gratuito, dos serviços de saúde, com os Estados Nacionais postos a serviço do capital financeiro". "Até a dissolução das FFAA, ou sua transformação em meros capitães do mato do imperialismo, está em questão", advertia o texto.

Então, não resta qualquer dúvida sobre o fato de que enfrentamos uma guerra imperialista que aposta em transformar o Brasil em uma colônia, fornecedora de matérias primas, bases militares e mão de obra semi escrava. A partir da violenta ruptura da Constituição de 1988, a lei em vigor passou a ser o martelo da (in)Justiça imperial. Um jogo em que o espaço democrático estabelecido pelos donos do golpe e seus "volantes" togados e civis capturados é oferecer o pescoço à corda.

As instituições nacionais, com raras exceções, estão falidas moralmente, apodrecidas pelo compromisso com governos externos, ou para usar a linguagem de guerra, pela alta traição. STF, MPF, PGR, PF, OAB são expressão de um golpe que está destruindo a economia, promovendo o desemprego e empurrando o povo para a miséria. A CNBB resiste heroicamente ao lado da população, enquanto as FFAA, ainda paralisadas, titubeiam em cumprir seu papel, a defesa da soberania.

Tais fatos demonstram com clareza a dimensão da crise em curso, que elevou o Brasil a um novo patamar da luta política nacional. Temos a oportunidade, ou a imposição, histórica de superar a nossa ingenuidade de ver o país alheio ao que acontece no mundo. Sem a percepção de suas lideranças, o Brasil foi empurrado para o centro do furacão da recomposição das forças econômicas e políticas mundiais.

O imperialismo financeiro não tem nada a oferecer, vide os recentes "flash crash" das bolsas de valores, que sinalizam o desastre. Ao contrário de 1964, por exemplo, o capitalismo mundial só tem a oferecer o aprofundamento da crise, a destruição das forças produtivas, o saque pirata, o desemprego. O que já se observa em várias regiões do país, inclusive transformando em ferro-velho boa parte da burguesia nacional que apoiou o golpe.

Como já dissemos no texto "O fim do mundo unipolar", tal política "levará a luta de classes na região a um novo patamar muito mais agudo". "O custo econômico e social de tal projeto fará emergir poderosos movimentos de defesa nacionais contra essa regressão colonial" - ao contrário do que apostam na "uberização" da luta política e do  movimento de massas. "Das grandes convulsões ao redor do mundo, particularmente na Europa e na América Latina, surgirá o novo, com a libertação de Nações e o progresso social".

À guerra imperialista é preciso responder com a guerra popular, a guerra das ruas, a guerra da insurgência, hoje simbolizada por Lula - mais do que símbolo do passado recente, mas do Brasil do futuro. É preciso construir uma ampla aliança política que sustente um Projeto Nacional de defesa da soberania, da indústria, do emprego, dos direitos sociais. É isso, ou a brincadeira de "mendicância democrática", de "pelada eleitoral", apenas servirá à consolidação do golpe e ao avanço do fascismo.

https://www.brasil247.com/pt/colunistas/geral/341694/Lula-ou-barb%C3%A1rie!.htm


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