"Rasgar
a Constituição de 1988, a começar pela PEC 241, que congela por 20 anos gastos
com educação e saúde, é a primeira afronta dos traidores. Outros direitos
consagrados na mesma Carta, em especial dos trabalhadores, também estão na mira
dos golpistas. O desmonte do Estado Nacional, por fim, é o objetivo maior da
violenta ruptura democrática.
Ainda
restam algumas horas, portanto, para aqueles que quiserem salvar suas
biografias da infâmia. Ou se somam ao povo na construção de um Projeto
Nacional, ou irão para o lixo da história. Se ainda não entenderam, esta é a
última valsa dos traidores e vende-pátrias. O Brasil jamais será uma colônia
americana".
O
texto acima fecha o artigo "A última valsa dos traidores", escrito
em 27 de agosto de 2016, um pouco antes
da votação do impeachment que afastou a presidenta eleita Dilma Rousseff. O
título do artigo virou o subtítulo do livro "Um golpe americano", que
já conta com o segundo volume (ambos publicados pela Amazon), subtitulado
"Na contramão do mundo". Desde então, muita coisa se passou, até
chegarmos no atual estágio da inédita luta de classes no país.
No
texto, publicado no recém criado blog Senhor X antevíamos o processo que,
agora, está mais claro - o feroz ataque imperialista sem precedentes ao país. E
é disso que se trata a situação atual, uma disputa política, ou melhor,
geopolítica, que extrapola a ilusão de um mero processo eleitoral. Com disse
Lula na último ato da Paulista, após a farsa do julgamento do TRF4, em Porto
Alegre, mais que eleitoral, a luta é por soberania.
Diante
da crise mundial, "o imperialismo reage com uma política de recolonização
selvagem", alertava o texto "O fim do mundo unipolar", de Felipe
Camarão, publicado em 26 de abril do mesmo ano, também no blog. O texto
apontava para "a quebra de direitos sociais, privatizações, fim do ensino
gratuito, dos serviços de saúde, com os Estados Nacionais postos a serviço do
capital financeiro". "Até a dissolução das FFAA, ou sua transformação
em meros capitães do mato do imperialismo, está em questão", advertia o
texto.
Então,
não resta qualquer dúvida sobre o fato de que enfrentamos uma guerra
imperialista que aposta em transformar o Brasil em uma colônia, fornecedora de
matérias primas, bases militares e mão de obra semi escrava. A partir da
violenta ruptura da Constituição de 1988, a lei em vigor passou a ser o martelo
da (in)Justiça imperial. Um jogo em que o espaço democrático estabelecido pelos
donos do golpe e seus "volantes" togados e civis capturados é
oferecer o pescoço à corda.
As
instituições nacionais, com raras exceções, estão falidas moralmente,
apodrecidas pelo compromisso com governos externos, ou para usar a linguagem de
guerra, pela alta traição. STF, MPF, PGR, PF, OAB são expressão de um golpe que
está destruindo a economia, promovendo o desemprego e empurrando o povo para a
miséria. A CNBB resiste heroicamente ao lado da população, enquanto as FFAA,
ainda paralisadas, titubeiam em cumprir seu papel, a defesa da soberania.
Tais
fatos demonstram com clareza a dimensão da crise em curso, que elevou o Brasil
a um novo patamar da luta política nacional. Temos a oportunidade, ou a
imposição, histórica de superar a nossa ingenuidade de ver o país alheio ao que
acontece no mundo. Sem a percepção de suas lideranças, o Brasil foi empurrado
para o centro do furacão da recomposição das forças econômicas e políticas
mundiais.
O
imperialismo financeiro não tem nada a oferecer, vide os recentes "flash
crash" das bolsas de valores, que sinalizam o desastre. Ao contrário de
1964, por exemplo, o capitalismo mundial só tem a oferecer o aprofundamento da
crise, a destruição das forças produtivas, o saque pirata, o desemprego. O que
já se observa em várias regiões do país, inclusive transformando em ferro-velho
boa parte da burguesia nacional que apoiou o golpe.
Como
já dissemos no texto "O fim do mundo unipolar", tal política
"levará a luta de classes na região a um novo patamar muito mais
agudo". "O custo econômico e social de tal projeto fará emergir
poderosos movimentos de defesa nacionais contra essa regressão colonial" -
ao contrário do que apostam na "uberização" da luta política e
do movimento de massas. "Das
grandes convulsões ao redor do mundo, particularmente na Europa e na América
Latina, surgirá o novo, com a libertação de Nações e o progresso social".
À
guerra imperialista é preciso responder com a guerra popular, a guerra das
ruas, a guerra da insurgência, hoje simbolizada por Lula - mais do que símbolo
do passado recente, mas do Brasil do futuro. É preciso construir uma ampla aliança
política que sustente um Projeto Nacional de defesa da soberania, da indústria,
do emprego, dos direitos sociais. É isso, ou a brincadeira de "mendicância
democrática", de "pelada eleitoral", apenas servirá à
consolidação do golpe e ao avanço do fascismo.
https://www.brasil247.com/pt/colunistas/geral/341694/Lula-ou-barb%C3%A1rie!.htm
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