Para
a América Latina, 2018 será um ano crucial para a política regional e
internacional. Seis países irão passar por eleições presidenciais importantes,
como é o caso de Brasil, México, Colômbia e Venezuela. Além disso, Cuba terá,
pela primeira vez desde o triunfo da Revolução, a escolha, pela Assembleia
Nacional, de um presidente que não integra a família Castro.
Para
Igor Fuser, professor de Relações Internacionais da Universidade Federal do ABC
(UFABC), as eleições na América Latina se situam em um contexto de embate entre
a supremacia estadunidense e a autonomia dos povos latino-americanos:
"De
um lado, [temos] o esforço dos Estados Unidos de restabelecer a supremacia de
seus interesses na América Latina e reforçar o poder das classes dominantes por
meio de políticas neoliberais. E do outro lado, a resistência dos povos da
América Latina na busca por maior autonomia, por melhores condições de vida,
por maior igualdade social e desenvolvimento econômico", ressalta.
Nesse
sentido, a região acompanha com atenção o processo eleitoral no Brasil. A
votação é considerada por especialistas como uma das mais imprevisíveis desde a
redemocratização do país.
A
jornalista peruana, que trabalha como correspondente internacional, Veronica
Goyzueta define a imprevisibilidade como ponto comum em todas as eleições
latino-americanas. Ela destaca os cenários eleitorais no Brasil e no México
como fundamentais para a definição do contexto regional: "Caso Lula seja
candidato no Brasil e caso [Andrés Manuel] López Obrador consiga ganhar no
México, a gente vai ter uma virada de dois governos que são super
importantes".
De
acordo com ela, os cenários fragmentados ainda não revelam a possível tendência
de renovação da esquerda ou de avanço do conservadorismo no continente.
O
jornalista pós-graduado em Políticas e Relações Internacionais José Reinaldo
Carvalho aponta que as forças no México estão divididas, o que pode dificultar
a vitória de López Obrador, fundador e atual líder do partido de esquerda
Morena (Movimento de Regeneração Nacional).
"O
que está em jogo no México é a velha luta para que as forças democráticas,
populares, patrióticas, anti-neoliberais, consigam derrotar o governo
neoliberal do Peña Nieto", diz.
Além
do México, Carvalho ressalta a importância das eleições na Colômbia como forma
de "redesenhar o mapa político latino-americano". Ele lembra que será
a primeira eleição presidencial após a assinatura do acordo de paz que pôs fim
a meio século de guerra civil no país.
"Antes
da questão direita/esquerda e antes da questão neoliberalismo/não
neoliberalismo, o problema principal é se as eleições vão garantir a
continuidade do processo de paz, que infelizmente já está muito ameaçado mesmo
antes das eleições", ressalta.
Na
Colômbia, a última pesquisa de intenção de voto registra liderança do candidato
Sergio Fajardo, ex-prefeito de Medellín, que se apresenta como um independente
“nem de esquerda, nem de direita, nem de centro”.
O
jornalista José Arbex Jr. destaca a questão venezuelana como dramática, “não
apenas pela conjuntura atual de crise, mas por tudo o que o bolivarianismo de
Hugo Chávez representou na história recente da América Latina”. “O que está em
disputa na Venezuela não é a simples condição do país e o controle do petróleo
nacional. Está em disputa a perspectiva histórica aberta pelo bolivarianismo.
Nesse sentido, a eventual derrota na Venezuela representará, simbolicamente, um
golpe muito profundo nas esquerdas do hemisfério”.
Cuba
também vai determinar, em março, quem sucederá o presidente Raúl Castro. A
eleição no país se dá em um processo indireto, com a indicação do mandatário
pelo Congresso eleito pelo povo.
Outros
dois países ainda vão passar por eleições presidenciais no ano de 2018: Costa
Rica, em fevereiro, e Paraguai, em abril.
https://www.brasildefato.com.br/2018/01/11/brasil-mexico-e-venezuela-eleicoes-vao-redesenhar-mapa-politico-da-america-latina/
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