No
terceiro artigo da Série Em Defesa de Lula, a ex-ministra Tereza Campello
defende a história de um “líder visionário” chamado Lula. A série será
publicada até 13 de setembro
O
crescente avanço no desmonte do Estado de Bem-Estar Social, lamentavelmente,
não é uma exclusividade brasileira. Em vários países estamos assistindo ataques
permanentes aos direitos sociais e restrição de acesso à bens e serviços
públicos, especialmente, para os mais vulneráveis, que apontam para um aumento
da desigualdade.
Frente
a este horizonte, o arcabouço dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
(ODS) que definem metas globais até 2030, é uma agenda da ONU para todos os
países e tornou-se importante referencial para unificar os que acreditam e
lutam por um mundo mais justo e igualitário.
É
importante registrar que a maioria destas metas foi lançada no Brasil com mais
de uma década de antecedência, quando o Presidente Lula iniciou seu primeiro
governo. E também foi quando, pela primeira vez na história brasileira, se
construiu uma política pública, o Programa Bolsa Família, voltada ao combate à
pobreza, exatamente como preconiza a ONU no Objetivo de Desenvolvimento
Sustentável Nº 1. O ODS Nº 2 “Zero Hunger” tem seu nome copiado do Fome Zero,
tão criticado no Brasil e que hoje inspira e batiza programas de combate à fome
e à pobreza em mais de 40 países no mundo.
Em
todos os 17 ODS vemos a iniciativa pioneira do Presidente Lula, inclusive em
áreas como energia limpa e mudanças climáticas, sendo o Brasil, por decisão do
Presidente Lula, o primeiro país a assumir metas voluntárias de emissões de
carbono.
Mais
importante que ter se antecipado, liderando políticas de combate à pobreza e à
desigualdade – que são exemplos e marcas de exportação de tecnologia social
“made in Brasil”, como o Bolsa Família, o Cadastro Único, o Programa de
Cisternas, o Programa de Aquisição de Alimentos, por exemplo – foi ter
conseguido resultados que mostram que é possível: tirar o Brasil do Mapa da
Fome; universalizar o acesso à energia elétrica chegando a 14 milhões de
brasileiros pobres e excluídos do direito de ter lâmpada acessa à noite e
geladeira para conservar os alimentos; construir 1 milhão e 200 mil cisternas
dando acesso à água para 4,6 milhões de sertanejos que vivem no semiárido;
livrar 36 milhões de brasileiros da miséria. Sim, um outro mundo é possível.
Cheios
de orgulho podíamos dizer, em qualquer fórum internacional, que no Brasil já
havia nascido a primeira geração livre da fome e com acesso garantido à escola.
Não
conseguimos apurar quantos jovens pobres, negros, excluídos, são os primeiros
de suas famílias a entrar para a universidade. Milhares deles tem se somado à
caravana que Lula fez pelo Nordeste para dar seu testemunho e se colocar como
prova viva da transformação que estava em curso no Brasil.
Lula
soube ser visionário, acreditar no nosso povo e nos liderar numa marcha
civilizatória onde o Brasil teve a primeira chance de reparar sua história de
país escravocrata e dominado por uma elite atrasada.
O
que mais surpreende e inova no modelo liderado pelo estadista Lula é ter um
projeto de justiça social intrinsecamente colado ao modelo de desenvolvimento.
“A
maior riqueza do Brasil é seu povo”, sempre afirmou o Presidente Lula. E ter
milhões de pessoas excluídas que passam a contar com uma renda, que além do
direito ao acesso à bens e serviços (sim, nosso povo tem direito à geladeira,
carne, iogurte, cortar o cabelo, comprar perfume e viajar de avião), é uma
oportunidade de ampliar o mercado de consumidores de alimentos e bens
produzidos internamente ao país.
Sim,
outro Brasil é possível. A fome e a pobreza nunca foram fenômenos naturais,
derivados da seca ou de atributos da nossa gente. A fome e a pobreza resultavam
de decisão política e começaram a ser revertidos por decisão política quando
Lula assume: “colocar o pobre no orçamento” é a frase síntese desta opção.
Lula
sempre esteve à frente de seu tempo. É um estadista. Um líder visionário que
usou sua trajetória de retirante nordestino e de operário para compreender as
dores e necessidades dos milhões de brasileiros excluídos, que só precisavam de
oportunidade. Uma pessoa como Lula, em qualquer outro país teria sido
reconhecido como foi Mandela, pelas transformações realizadas com sua visão
generosa de país, onde cabem todos, e onde a busca pela igualdade é princípio
superior. Mas não, ele está sendo condenado exatamente por isto.
Brasília,
9 de setembro de 2017
*Esse é o
terceiro artigo da série Em Defesa de Lula. A cada dia, até o 13 de setembro,
publicaremos artigo sobre Lula e a construção de um Brasil soberano e
democrático.
Tereza
Campello, economista e ex-ministra de Desenvolvimento Social e Combate à Fome
http://www.pt.org.br/a-frente-de-seu-tempo/
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