Neste
período de Michel Temer no comando de um governo golpista, o país subitamente
bate de frente com o Dia 7 de Setembro e, por ironia, sofre constrangimentos ao
fazer reverência à data de comemoração da Independência do Brasil, proclamada
às margens do riacho Ipiranga. Nada menos que 195 anos se passaram. A realidade
de 2017 briga, neste momento, com a referência histórica de 1822.
Esse
badalado “evento cívico” poderia ser rebatizado e, por causa da entrega da
soberania do País, passaria a ser o “Dia da Dependência”, conduzido pelo
subjugado Temer, uma figura distante do determinado dom Pedro I.
Emergiram
neste momento os entreguistas ou saqueadores do Brasil.
Temer
botou à venda uma longa lista de empresas e ativos públicos à feição dos
compradores externos. Alguns exemplos: Eletrobras, Cemig, pré-sal, aeroportos
e, por fim, entre outras coisas, um previsto retorno ao aconchego do FMI, como
anotou recentemente a revista Forbes.
Todos
os estrangeiros receberão as boas-vindas dos parceiros locais. Mas essa aliança
não engana. Nunca iludiu, por exemplo, o senhor Woodrow Wilson, que não
envergava a faixa de presidente brasileiro.
Wilson,
democrata e de viés progressista, era presidente dos Estados Unidos
(1913-1921), quando fez a seguinte consideração política sobre as ações das
empresas americanas fora do país. Disse: “O que esses Estados (os da América do
Sul) estão procurando realizar é emancipar-se da subordinação (...), não tenho
senão motivos para me congratular com a perspectiva de que consigam levar a
efeito essa emancipação e considero meu dever ser o primeiro a tomar lugar
entre os que os auxiliam a levá-la a termo”.
Essa
posição foi reafirmada por William Jennings Bryan, secretário de Estado de
Wilson. Disse ele: “O capitalista estrangeiro foi muitas vezes um elemento
perturbador na América Latina”.
Em
linha oposta, avoque-se a batalha travada entre os anos 1950 e 1960 para a
criação da Casa da Moeda do Brasil, hoje posta em leilão por Michel Temer. A
história foi contada recentemente pelo ex-prefeito Cesar Maia, em discurso na
Câmara de Vereadores.
O
pai dele, Felinto Maia, presidente da Casa da Moeda, foi autorizado pelo
presidente Getúlio Vargas a adquirir tecnologia para fazer as notas
brasileiras, até então fornecidas pela American Bank Notes, dos EUA, e pela
britânica Thomas de La Rue. “Meu pai correu a Europa. Nem todos os países
queriam fornecer. Finalmente, o Brasil comprou da Itália”, conta Maia.
Por
essa e por outras, o país anda de marcha à ré. Quando consegue dar um passo à
frente, logo, por subordinação política e econômica dos governantes, dá dois
atrás.
Revista
CartaCapital
https://www.cartacapital.com.br/revista/968/saqueadores-do-brasil
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