Especialista
na área econômica, a pesquisadora norte-americana Deborah James acredita que o
Brasil abriu mão de liderar a América do Sul em discussões comerciais, se
afastando do Mercosul e se alinhando com ênfase aos interesses dos Estados
Unidos.
“Até
pouco tempo [o Brasil] era o líder da região que lutava para construir uma
unidade entre os países em desenvolvimento […]. Após o golpe de Estado no
Brasil, este país abandonou totalmente suas pretensões de ser o líder do sul”,
disse a pesquisadora, que integra o Centro de Investigação em Economia e
Política (CEPR) e coordena a Rede Mundial Nosso Mundo Não Está à Venda.
A
mudança de postura brasileira teria acontecido a partir de setembro de 2013,
quando o ex-embaixador Roberto Azevedo assumiu o posto de diretor-geral da OMC.
Dali em diante o governo do Brasil passou a ser um aliado próximo dos EUA,
deixando de lutar contra os subsídios de países ricos aos seus produtores
agrícolas.
“A
posição do Brasil na OMC é contra as necessidades de todos os famintos, mas
também os países do sul do mundo. Está tão alinhado com os Estados Unidos que
deixou de ser alinhado com o Mercosul e com a sua própria população”, completou
Deborah.
No
encontro de dezembro em Buenos Aires, a pesquisadora acredita que os gigantes
tecnológicos do Vale do Silício, como Google, Apple, Facebook, Amazon e
Microsoft pressionarão por novas regras para a economia digital, ainda com
áreas não regulamentadas na economia global.
Rússia
apresenta queixa na OMC contra as sanções aplicadas pela Ucrânia
“O
comércio eletrônico que propõe a OMC é um perigo para os países em
desenvolvimento […]. Temos que ter um sistema internacional que discipline as
corporações através do comércio em favor do desenvolvimento sustentável, dos
direitos humanos, incluindo os direitos dos trabalhadores e trabalhadoras, e ao
meio ambiente”, comentou.
Para
a pesquisadora, os países em desenvolvimento precisam se unir, a fim de evitar
que os dividendos produzidos por um crescente comércio digital fique restrito a
um pequeno grupo de empresas transnacionais, sem trazer o devido
desenvolvimento e sem diminuir a desigualdade.
“A
coisa mais importante é exigir uma mudança na OMC. Em outras palavras:
transformar, alterar as regras existentes, especialmente em questões agrícolas e
de desenvolvimento. Devemos nos opor à expansão da OMC e de forma concreta à
inclusão de novos temas, como o comércio eletrônico”, concluiu.
Da Sputnik
Brasil
https://www.brasil247.com/pt/247/brasil/309550/Brasil-abandonou-lideran%C3%A7a-da-Am%C3%A9rica-do-Sul-para-se-alinhar-aos-EUA-diz-pesquisadora.htm
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