Muito
estranho.
O
ministro Edson Fachin mandou soltar o mais famoso carregador de malas do país
no mesmo dia em que o colunista Ricardo Noblat publicou no Globo que ele iria
delatar – e, no caso, delatar o presidente da República, seu único alvo
possível numa delação premiada.
Não
sei se a decisão de Fachin tem algo a ver com isso, mas que é esquisito, é.
O
pretexto que usou para explicar a decisão, em meio a uma enxurrada de
arrazoados e floreios jurídicos que ninguém entende, também foi esquisito: ele
tinha que soltar Loures porque a irmã de Aécio também foi solta:
(..)
"registro o recente julgamento, em 20.6.2017, do agravo regimental
interposto nos autos da AC 4.327 por Mendherson Souza Lima, ao qual a Primeira
Turma deste Supremo Tribunal Federal, por maioria e nos termos do voto médio
proferido pelo Ministro Luiz Fux, deu parcial provimento à irresignação para
substituir a custódia cautelar anteriormente imposta pela prisão domiciliar. A
referida decisão foi também estendida aos demais corréus Andréa Neves da Cunha
e Frederico Pacheco de Medeiros, nos termos do art. 580 do Código de Processo
Penal. Nada obstante a solução dada pela respeitável decisão colegiada, entendo
que o atual momento processual vivenciado pelo aqui segregado autoriza a adoção
de providência semelhante, em homenagem ao tratamento isonômico que deve
inspirar a jurisdição, nos termos do art. 5º, caput, da Constituição
Federal".
No
mês passado, se tanto, o mesmo Fachin determinou que os inquéritos contra Temer
e contra Aécio deveriam tramitar separadamente. Agora, ele volta a uni-los:
justifica a libertação de Loures, ligado a Temer, com a de Andréa Neves, ligada
a Aécio.
Data
vênia, o eminente magistrado tenta nos vender gato por lebre.
Afirmar
que há semelhança entre um episódio em que a irmã de um senador pede alguns
milhões a um empresário conhecido por comprar políticos e o de uma pessoa
filmada carregando mala com 500 mil reais da JBS depois de ter sido indicada
por Temer para resolver pendências da empresa em órgãos do governo é
humanamente impossível.
No
primeiro caso, o escândalo envolve um senador; no segundo, está envolvido o
próprio presidente da República.
O
primeiro escândalo afeta o senado e o PSDB. O segundo afeta o Brasil.
Não
há como alegar isonomia.
https://www.brasil247.com/pt/blog/alex_solnik/304109/Estranho-Fachin-soltou-Loures-quando-ele-ia-delatar.htm
Nenhum comentário:
Postar um comentário