O
ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal, autorizou que Aécio
Neves (PSDB-MG) volte a exercer suas funções como senador. Ele estava afastado
por decisão do ministro Edson Fachin, desde 18 de maio, e foi denunciado pela
Procuradoria Geral da República por corrupção e obstrução de Justiça. O
ministro também negou o pedido de prisão feito solicitado pela PGR.
Em
sua decisão, Marco Aurélio poderia ter ficado apenas na explicação de que a lei
autoriza a prisão de um parlamentar em poucas situações, como no flagrante de
um crime (o que não foi o caso), e que cabe ao Congresso Nacional e não ao STF
afastar um senador de suas funções. No que pese, claro, o entendimento da
instituição ter sido outro, quando outro era o réu.
Mas
ele fez questão de explicar quem é Aécio:
''É
brasileiro nato, chefe de família, com carreira política elogiável – deputado
federal por quatro vezes, ex-presidente da Câmara dos Deputados, governador de
Minas Gerais em dois mandatos consecutivos, o segundo colocado nas eleições à
Presidência da República de 2014 – ditas fraudadas –, com 34.897.211 votos em
primeiro turno e 51.041.155 no segundo, e hoje continua sendo, em que pese a
liminar implementada, senador da República, encontrando-se licenciado da
presidência de um dos maiores partidos, o Partido da Social Democracia
Brasileira.''
Embora
filtrada pela bondade do nobre ministro para que não aparecesse nada
desabonador, escrito dessa forma, Aécio tem uma biografia invejável. E, pelo
visto, a Justiça é cega, mas gosta de biografias invejáveis.
Rafael
Braga também tem uma biografia. Que, do ponto de vista da Justiça, não é
invejável como a de Aécio.
Jovem,
negro e pobre, catador de materiais recicláveis, foi preso em junho de 2013 por
portar água sanitária e Pinho Sol e, por conta disso, o único condenado nas
manifestações daquele mês. Cumpriu parte da pena, passou a regime aberto e
acabou preso novamente por carregar uma pequena quantidade de drogas (0,6 grama
de maconha e 9,3 gramas de cocaína), segundo relato de um policial – o que
Rafael nega. Mas não importa. Ele segue preso por algo ridículo.
''Sempre
acreditei na Justiça do meu país'', disse Aécio Neves sobre a decisão.
Faz
sentido. Ele não nasceu com a biografia errada no Brasil.
https://blogdosakamoto.blogosfera.uol.com.br/2017/06/30/e-se-aecio-fosse-pego-com-pinho-sol-em-uma-manifestacao/
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