Esta
reportagem faz parte do nosso projeto de crowdfunding sobre a Lava Jato. Outras
virão. Fique ligado.
Dois
eventos marcados para 11 de agosto, Dia do Advogado, serão marcos na revelação
da verdadeira face de Sérgio Moro, do juiz que se tornou parte.
Em
Curitiba, será realizado o Tribunal Popular da Lava Jato, e no Rio de Janeiro
haverá o lançamento do livro dos 100 juristas sobre a sentença de Sérgio Moro
que condenou o ex-presidente Lula a 9 anos e meio de prisão.
Nesses
dois eventos, não pode deixar de ser mencionado o ataque que Moro fez à
liberdade de expressão, quando determinou a coordenação coercitiva do
jornalista Eduardo Guimarães para prestar depoimento.
Passados
quatro meses do fato, o que começa a ficar claro é que o ataque pode não ter sido
apenas à liberdade de expressão, mas à verdade factual do processo.
Ao
que parece, Moro tentou construir uma versão para justificar o fracasso na
operação de busca e apreensão à casa de Lula, um ano e um mês antes, no dia 26
de fevereiro.
Como
se recorda, houve uma operação de guerra, com a intensa cobertura da imprensa,
com homens fortemente armados, entrando no apartamento de Lula e depois saindo
com ele, para levá-lo a prestar depoimento.
Na
busca, os policiais pegaram até os celulares e o ipad dos netos do
ex-presidente, levantaram colchão, reviraram as gavetas e não encontraram
provas para incriminar Lula.
Das
duas uma: ou Lula é inocente, ou ele havia eliminado previamente todas as
provas.
Como
a primeira hipótese não faz sentido para a tese de Moro e dos procuradores da
república de Curitiba, era preciso demonstrar a eliminação das provas, e é aí
que entra outra condução coercitiva, a de Eduardo Guimarães.
Um
dos argumentos levantados para levar à força o jornalista para depor é que ele
teria vazado à equipe de Lula a decisão de busca e apreensão no apartamento.
O
problema de Moro é que esta hipótese não se sustenta.
“Trata-se
de uma incompatibilidade objetiva entre a hipótese suscitada por V. Exa. e o
calendário gregoriano”, escreveu Anderson Bezerra Lopes, advogado do presidente
do Instituto Lula, Paulo Okamotto, em uma petição entregue a Moro.
É
que o juiz federal de Curitiba assinou o decreto de busca e apreensão no
apartamento de Lula no dia 24/02/16 e determinou o sigilo da decisão até o dia
da operação, 26/02/16.
Nem
o Ministério Público Federal foi formalmente informado.
Admitir
que Guimarães sabia da busca e apreensão é o mesmo que aceitar que alguém da
Vara de Moro vazou a informação para ele.
“Nesse
sentido, especular sobre o vazamento de informação sobre as buscas domiciliares
necessariamente implica desconfiar da lisura e correção dos servidores desse
Juízo que tiveram acesso à decisão proferida por V. Exa. em 24/02/16, o que não cremos ser o
caso”, observou o advogado.
O
que o jornalista divulgou em seu blog no dia 26 de fevereiro é que Moro havia
quebrado os sigilos bancários e fiscal do ex-presidente Lula, e a fonte da
informação, como se sabe, é uma funcionária da Receita Federal.
Moro
não conseguiu colocar de pé a versão de que, informado por Guimarães, Lula
eliminou provas, mas o que aconteceu depois do depoimento faz lembrar os piores
momentos do regime militar.
Pouco
depois do depoimento, o blog Antogonista noticiou que Guimarães havia revelado
sua fonte à Polícia Federal – alguém avisou o Antagonista.
Na
ditadura, vazava-se o conteúdo de depoimento tomado sob tortura, com objetivo
de desmoralizar adversários do regime militar.
A
PF já sabia o nome da fonte de Guimarães – a funcionária da Receita Federal – e
o que disse o jornalista não mudou nada em relação a isso.
Mas,
ao dizer que Eduardo Guimarães contou quem era sua fonte, o informante do
Antagonista – será Moro? Será sua mulher, Rosângela, propagadora do site? –
tinha o objetivo de desmoralizar o jornalista, como a ditadura fazia com seus
adversários.
Depois
do depoimento de Guimarães, Moro se declarou suspeito para continuar com a
investigação sob seu poder.
http://www.diariodocentrodomundo.com.br/advogado-desmonta-farsa-de-que-lula-teria-destruido-provas-por-joaquim-de-carvalho/
Nenhum comentário:
Postar um comentário