Na
sentença em que condenou Lula a nove anos e seis meses de prisão no caso do
triplex no Guarujá, Sergio Moro dedica um longo trecho para provar sua
imparcialidade.
É
um caso flagrante de quem acusa o golpe.
Um
juiz isento — nada além de uma obrigação —, não precisa se defender de não
praticar a isenção (à mulher de César não basta ser honesta etc etc). Isso é
dado.
“Os
questionamentos sobre a imparcialidade deste julgador constituem mero
diversionismo e, embora sejam compreensíveis como estratégia da defesa, não
deixam de ser lamentáveis já que não encontram qualquer base fática e também
não têm base em argumentos minimamente consistentes”, escreveu em seu desabafo.
“Na
linha da estratégia da defesa de Luiz Inácio Lula da Silva de desqualificação
deste julgador, por aparentemente temerem um resultado processual desfavorável,
medidas questionáveis foram tomadas por ela fora desta ação penal”, prossegue.
“Assim,
por exemplo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, assistido pelos mesmos
advogados, promoveu queixa-crime por abuso de autoridade e ainda por quebra de
sigilo sobre interceptação telefônica contra o ora julgador perante o Egrégio
Tribunal Regional Federal da 4ª Região”.
Ou
seja, Lula não poderia ter recorrido à Justiça. Seu dever era permanecer calado
diante de um roteiro de arbitrariedades.
Ele
vai além. Apesar da atitude dos defensores de Lula em fazer, ao fim e ao cabo,
nada mais do que seu papel, “cumpre ressalvar que estes fatos não afetam a
imparcialidade deste Juízo.”
Moro
em evento de João Doria
Novamente,
Moro se justifica diante de uma obviedade. Só faltava, veja bem, ele retaliar
aquele pessoal. Na verdade, é exatamente o que faz.
Esse
telhado de vidro está evidente nas palestras que promoveu em sua cruzada
moralista.
Segundo
o Uol, Moro percorreu treze cidades de nove estados no Brasil e outros seis no
exterior para realizar 46 conferências desde que a Lava Jato teve início em
março de 2014.
Apresentou-se
em dois eventos do Lide, grupo empresarial de João Doria Jr., militante tucano
desde criancinha, fundador do inesquecível movimento pilantra Cansei e uma
controvertida. Um foi em São Paulo em 2015, outro em Curitiba em 2016.
Ele
também falou em eventos da Editora Abril e da Globo. Subiu ao palco para ganhar
o “Prêmio Faz Diferença” e foi Brasileiro do Ano da Istoé, empresa mais ficha
suja que pau de galinheiro, quando protagonizou fotos explícitas com Aécio
Neves.
Moro
tentou explicar que o show no Lide ocorreu “muito longe das eleições de 2016,
quando nem sequer João Doria havia sido definido como candidato”. Muito longe??
Também
brilhou num convescote do governo do Mato Grosso em dezembro último a convite
do governador Pedro Taques, do PSDB.
Taques
foi citado por um empresário num esquema de corrupção na Secretaria de Educação
daquele estado. Propina era cobrada para quitar dívidas “não declaradas” da
campanha de 2014.
É
absurdo, insano, inadmissível questionar a imparcialidade de Sergio Moro. Ainda
que ele produza provas contra si próprio.
http://www.diariodocentrodomundo.com.br/a-maior-prova-da-parcialidade-de-moro-e-sua-defesa-exasperada-e-inconvincente-da-imparcialidade-por-kiko-nogueira/
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