Com
a decisão favorável do TSE, Michel Temer eliminou a única via para seu
afastamento, além da própria renúncia, que não dependia da interveniência do
Congresso.
A
partir de agora, e caso Temer relute em renunciar, a despeito da avalanche de
denúncias de crimes cometidos por ele e sua turba, as duas possibilidades
remanescentes para afastá-lo do cargo seriam ou [1] através de processo de
impeachment no Congresso pelos crimes de responsabilidade, ou [2] em julgamento
no STF pelos crimes de [a] corrupção, [b] obstrução de justiça, [c] organização
criminosa, [d] prevaricação e [e] outros, que ainda deverão ser revelados.
No
caso do impeachment, Rodrigo Maia, o presidente da Câmara dos Deputados acusado
de corrupção e lavagem de dinheiro, teria de admitir para tramitação um dos 14
pedidos de impeachment protocolados e que ele engavetou. Rodrigo Maia, porém,
como operador da tropa de choque da base parlamentar do “governo de ladrões”,
dificilmente instalará o processo.
Na
hipótese improvável de Maia aceitar algum pedido de impeachment, o plenário da
Câmara teria de aprová-lo por maioria de 2/3 dos votos, ou o mínimo de 342
deputados, o que atualmente seria incogitável sem a ocorrência de uma hecatombe
política e moral capaz de abalar os pilares do “governo de ladrões” – os
antecedentes comprovam o impressionante poder de resiliência de Temer, Padilha
e toda a quadrilha do Planalto diante de “simples” mega-escândalos. Ou morrem
com um bombardeio nuclear – ou sobrevivem; como baratas.
Para
o julgamento de Temer no STF, em que pese a robustez das provas de práticas
delituosas do chefe da cleptocracia cometidas no interior das instalações
oficiais e nos Palácios de governo, a Câmara precisaria autorizar, também por
maioria de 2/3 dos votos, a instalação do processo.
Tal
como no caso do impeachment, no STF o círculo também se fecha, e Temer será
protegido por uma maioria de deputados acusados por um amplo cardápio de crimes
– corrupção, fraude em licitações, improbidade administrativa, lavagem de
dinheiro, evasão de divisas, tráfico, trabalho escravo e, inclusive, por
tentativa de homicídio.
Tratam-se,
neste sentido, não de representantes populares, mas de proverbiais bandidos [e,
por isso, cúmplices] protegidos pelo foro privilegiado e que buscam,
desesperadamente, se safar da prisão.
A
manobra de salvar Temer no TSE, exitosa com a atuação vergonhosa de Gilmar
Mendes, o Posto Ipiranga do Aécio e do Temer, é a grande estratégia das classes
dominantes para deslocar a disputa pela sobrevivência do “governo de ladrões”
da pressão do judiciário e da mobilização das ruas para o âmbito onde seu
domínio estará mais confortavelmente garantido, que é o da podridão do
Congresso mais corrupto e ilegítimo nunca antes conhecido na história do
Brasil.
A
oligarquia golpista acabou por decretar “Todo o poder à Assembléia Geral de
Bandidos”. A burguesia oficializou, assim, o banditismo como o sistema de
governo do regime de exceção.
Com
esta equação, as classes dominantes pretendem preservar Temer até 31/12/2018 e
dar continuidade, sem os riscos da eleição indireta, ao plano antipopular e
antinacional: as reformas da previdência e trabalhista; a locupletação do
capital financeiro; a desnacionalização das riquezas nacionais; a destruição
das empresas estatais e nacionais; e a entrega da economia brasileira, como com
o leilão de cinco áreas do petróleo da camada pré-sal em outubro próximo.
Temer
seguirá no cargo, porém levando uma vida de encarcerado e vivendo uma espécie
de prisão domiciliar no Palácio do Planalto. Ele será um ser ainda mais
intranscendente do que já é; um prisioneiro que cumprirá um papel cartorial
dentro do parlamentarismo informal de transição.
Um
estrangeiro visionário conceituou com exatidão o Brasil contemporâneo, dominado
por máfias que destruíram a democracia para saquear a Nação. O comentarista
português e brasilianista Miguel Sousa Tavares definiu o 17 de abril de 2016,
dia deplorável da aprovação do impeachment da presidente Dilma por mais de 2/3
dos integrantes da Assembléia Geral de Bandidos da seguinte maneira:
“Devo
dizer que nunca vi o Brasil descer tão baixo. Quanto ao que se passou no
Congresso brasileiro ultrapassa tudo o que é discutível; não existe. Foi
umaassembléia geral de bandidos comandada por um bandido chamado Eduardo Cunha
fazendo a destituição de uma Presidente sem qualquer base jurídica nem
constitucional para tal, mas, sobretudo, com uma falta de dignidade que eu
diria que é de arrepiar; uma bandalheira tudo aquilo”.
A
derrota da Assembléia Geral de Bandidos e a interrupção do projeto de
austeridade que aprofunda a recessão econômica e a miséria do povo brasileiro,
somente será possível com um padrão de mobilização popular, de radicalização e
confrontação política e de resistência democrática em patamares nunca antes
experimentados na história do Brasil.
Caso
contrário, as classes dominantes conseguirão impor seu plano até o fim.
http://jornalggn.com.br/noticia/todo-poder-a-assembleia-de-bandidos-por-jeferson-miola
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