Professores
revelam que não podem mais tratar de racismo e homofobia em sala de aula e
deixaram até de usar camisas vermelhas porque são chamados de petistas ou
comunistas. Outros tiveram trechos de aulas gravados e divulgados nas redes,
onde foram acusados de promover "doutrinação ideológica"
Paula
Ferreira e Renato Grandelle, hoje, em O Globo, mostram o legado juvenil da era
do grampo e delação conduzidos à condição de “heroísmo” pelo Ministério
Público, pela Justiça e pela mídia.
Contam
a história de professores amedrontados, temendo estarem sendo gravados por
alunos, em busca de “dedurá-los” como esquerdistas ou gays.
Até
a cor da camiseta serve como pretexto:
Quando
escolhe a roupa que usará durante um dia de aula, Miguel (nome fictício),
professor de Português e Literatura de duas escolas privadas, deixa as camisas
vermelhas de lado. Nas duas vezes em que as vestiu no trabalho, foi chamado
pelos alunos de petista. Era brincadeira, mas ele não baixa a guarda. Os
estudantes já se queixaram dos debates conduzidos por Miguel em sala sobre
temas como racismo e homofobia. Outros docentes já passaram por situações mais
dramáticas — tiveram trechos de aulas gravados e divulgados nas redes sociais,
onde foram acusados de promover doutrinação ideológica.
professores
medo alunos pais fascista direita
A
reportagem (que não achei na versão online) é uma sequência de monstruosidades.
Entre elas as contidas no site do movimento “Escola Sem Partido”: “uma aba
chamada ‘Flagrando o doutrinador’ estabelece comportamentos dos professores que
os alunos podem identificar como doutrinação e outra, ‘Planeje sua denúncia’,
ensina os alunos a registrarem falas dos professores que sejam ‘representativas
da militância política e ideológica’”.
Auxiliar
de coordenação de um colégio da Zona Sul do Rio, uma educadora que também não
quis se identificar recebe e-mails com denúncias sobre o conteúdo transmitido
nas aulas. É, segundo ela, um fenômeno recente, mas que forçou mudanças na
linha pedagógica da instituição.
—
A escola está com menos liberdade de atuação. Até dois anos atrás, podíamos
fazer uma videoconferência sobre qualquer tema que estivesse acontecendo no
mundo. Hoje, temos que mostrar à direção, submeter à aprovação dos pais,
analisar com que série vamos trabalhar — revela. — As famílias tinham mais
confiança em nós.
São
os filhos do Moro, os imbecis da “cognição sumária”, tão entupidos de
convicções que não precisam aprender, debater, discutir ideias ou fatos.
Basta-lhes,
como à Rainha de Copas de Lewis Carroll, apontar o dedo duro e gritar:
cortem-lhe a cabeça.
http://www.pragmatismopolitico.com.br/2017/06/professores-medo-alunos-fascistas.html
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