A
maior ironia da crise em seu atual grau de fervura, depois da lista de Fachin,
está no fato de Michel Temer estar blindado pelo cargo que, com o golpe, tomou
de Dilma Rousseff. Apesar das graves denúncias contra ele, com destaque para a
participação numa reunião que acertou propina de US$ 40 milhões, que hoje
seriam mais de R$ 120 milhões, Temer não pode ser investigado por atos que
antecederam seu mandato. “Por ora”, diz textualmente o procurador-geral Rodrigo
Janot em sua petição ao Supremo, na qual afirma que Temer “capitaneava” o esquema de propinas
para o PMDB. Mas o problema do Brasil é
agora. Não pode o país ser condenado a manter um governo que se tornou moralmente
insustentável. Após citar passagens das delações e outros elementos, Janot
afirma serem fortes as indicações de que os ministros Eliseu Padilha (Casa
Civil) e Moreira Franco (Secretaria Geral) sempre foram encarregados da
"obtenção de recursos ilícitos para o grupo capitaneado por Michel
Temer".
Temer
sujeitou-se hoje a gravar e divulgar um vídeo em que tenta se explicar. Quando
um presidente chega a este ponto, está sangrando. E, no entanto, a gravidade
das acusações que pesam contra o ocupante da presidência da República não está
sendo colocada no centro do drama político nacional. Se a Constituição não permite que ele seja
investigado e, por decorrência, afastado do cargo, e se não tem ele a grandeza
de renunciar, a saída constitucional tem que ser encontrada. Passando pela
antecipação de eleições gerais, e quem sabe pela eleição de uma Constituinte
destinada exclusivamente a remontar o sistema político destroçado. Quando Dilma enfrentava o impeachment, sob a
acusação de ter cometido pedaladas fiscais e editado decretos sem autorização
legislativa, os brados por “renúncia” ecoaram, vindos da mídia e da oposição.
Agora, faz-se um silencioso obsequioso sobre a insustentável situação de Temer.
Examinando
o depoimento do ex-diretor da Odebrecht Cláudio Melo Filho, Janot volta a
destacar o papel de Temer afirmando que
"o núcleo organizado do PMDB da Câmara" era formado por Temer, Padilha e Moreira
Franco. O do PMDB do Senado, como também foi dito nas delações, era coordenado
por Romero Jucá. Referindo-se a Padilha,
Janot diz que ele "atuava como verdadeiro preposto de Michel Temer,
deixando claro que muitas vezes falava em seu nome e utilizava seu peso
político para obter êxito em suas solicitações".
Ao
relatar a reunião que tratou da propina de US$ 40 milhões em 15 de julho de
2010, no escritório de Temer, o delator
Marcio Faria da Silva. destacou a posição de comando que ele assumiu no
encontro. “Michel Temer sentou na cabeceira”. De um lado Eduardo Cunha, de
outro Henrique Eduardo Alves. Temer se
referia eles como “esses rapazes”, dizendo que cuidariam dos aspectos práticos
da propina de 5% sobre um grande contrato. Depois de um desmentido categórico,
Temer já admitiu o encontro, negando, porém a negociação da propina. Deve
confiar na indulgência com que sua situação vem sendo tratada.
http://www.brasil247.com/pt/blog/terezacruvinel/290307/A-insustent%C3%A1vel-situa%C3%A7%C3%A3o-de-Temer-que-segundo-Janot-%E2%80%9Ccapitaneava%E2%80%9D-esquema-do-PMDB.htm
Nenhum comentário:
Postar um comentário