Buenos
Aires, Córdoba, Rosário e todas as grandes cidades argentinas vivem nesta
quinta-feira, 6 de abril, um clima de feriado. A greve geral no país platino é
um sucesso. O "paro general", em língua espanhola, se alastrou até
mesmo por municípios remotos de todas as províncias.
Não
funcionam trens, metrôs, ônibus, escolas e universidades, bancos e os voos
comerciais. É grande também a adesão entre servidores públicos de todas as
esferas de poder. Acuado, o presidente Maurício Macri apelou para a repressão.
Com
gás de pimenta, gás lacrimogênio, jatos d'água e porrada a granel as forças de
segurança tentam dissolver os piquetes de trabalhadores que interditam a
Rodovia Pan-Americana, uma das principais da capital.
Escrevo
ainda na manhã do dia da greve, sem tempo ainda para um balanço mais detalhado
do movimento. Contudo, já dá para adiantar que seu êxito é inegável. Os
principais dirigentes da CGT e demais centrais sindicais que organizaram o
movimento, em entrevista, comemoram a paralisação e já falam dos próximos
passos da luta.
Ressalvada
a diferença de que Macri chegou à presidência pelo voto direito dos argentinos,
vencendo a eleição por estreitíssima margem contra o candidato kirchnerista
Daniel Scioli, enquanto Temer se beneficiou de um golpe de estado para roubar a
cadeira presidencial, os dois parecem irmãos siameses no que se refere à
implantação de um ultraliberalismo tardio, regressivo socialmente ao extremo,
entreguista e submisso aos interesses dos EUA.
Lá
como cá a pobreza aumenta de forma vertiginosa. Na Argentina já atinge 32% da
população. 6,3% dos argentinos são considerados indigentes.
Lá
como cá o poder de compra dos salários não para de cair. No Brasil, nos últimos
12 meses, a média salarial sofreu queda de 10%.
Lá
como cá a recessão paralisa a economista e fecha postos de trabalho. O PIB
brasileiro recuou 3,5% em 2016, e o argentino 2,5%.
Lá
como cá o desemprego castiga a classe trabalhadora. Segundo o IBGE, 13 milhões
e 500 mil trabalhadores estão desempregados no Brasil. No pais vizinho, o
índice atinge 9,3% da população economicamente ativa. O último levantaTmento
feito no governo de Cristina Kirchner situava a taxa de desocupação em 5,9%.
Lá
como cá está em curso um processo lesa-pátria de desnacionalização da economia.
O presidente da Petrobras, Pedro Parente, promove um feirão de ativos e viola a
soberania entregando as riquezas do pré-sal aos estrangeiros. Já o ministro da
Fazenda de Macri, Alfonso Prat-Gay, pede desculpas aos capitalistas pelos
"últimos anos" e ajoelha no milho para se penitenciar pela
estatização da petroleira YFP, em 2012, antes controlada pela espanhola Repsol.
Lá
como cá o sistema de justiça persegue ex-presidentes pelo mesmo motivo. A
caçada que Lula enfrenta no Brasil está diretamente relacionada à certeza da
Casa Grande de que no voto o ex-presidente é imbatível, como demonstram as
pesquisas. E bastou saírem as primeiras sondagens sobre a sucessão de Macri
apontando o favoritismo de Cristina, para providenciarem um processo por
corrupção contra ela.
Que
a greve geral argentina sirva de inspiração para os brasileiros. Greve geral
nos golpistas! Fora Temer!
http://blogdobepe.com.br/index.php/politica/item/1407-los-hermanos-param-argentina-e-mostram-o-caminho
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