Acabou
a responsabilidade solidária do Estado na contratação de empresas que
descumprem obrigações trabalhistas. Agora terceirizados vítimas de calote
empresarial "vão ter de reclamar para o bispo”.
O
poder público não tem nada a ver com isso. Assim decretou Alexandre de Moraes
em seu voto de estreia decisivo no Supremo Tribunal Federal. A lógica é a
seguinte: em uma concorrência para contratação de mão-de-obra terceirizada, o
poder público fixa como critério o menor preço. Quem pagar o pior salário e
tirar mais direitos sociais dos terceirizados vence.
O
mercado está infestado de golpistas que ganham concorrência na base do escalpo
do trabalhador e “somem” após faturar algum. Antes os sindicatos traziam o
poder público para o banco dos réus devido à contratação negligente. Agora o
STF barrou.
Mais
de 50 mil processos que aguardavam esse julgamento viraram pó. O mesmo facão
que cortou o pé de maconha no Paraguai decepa direitos sociais dos pobres no
Brasil. É o STF na precarização sem limites. A impunidade para quem sonega direitos
(e tributos) explorando força de trabalho entre desesperados está assegurada.
Já era tortuoso o caminho a ser percorrido até que a vítima do estelionato
empresarial conseguisse ao menos receber o salário.
O
estelionato empresarial faz parte. Servidores e trabalhadores da iniciativa
privada começam a entender o significado do golpe. Em uma tacada, leis que
suprimem direitos e precarizam o trabalho proliferam nas casas legislativas em
nome de uma austeridade que parlamentares e executivos não praticam.
Eis,
para quem trabalha, o sentido prático da “ponte para o futuro”. Uma ponte para
o inferno. Nem tudo são flores para os golpistas. O fato é que o STF unge o
corte de direitos sociais no momento em que a luta contra a despossessão entra
em nova fase. A percepção da verdadeira natureza do golpe de Estado encenado
por ladrões de galinha ganha as ruas.
A
violência política dos reiterados ataques a direitos dos trabalhadores no
Legislativo e no Executivo demonstra que o remédio oferecido na verdade é veneno.
Mesmo com a cúpula das instituições de Estado totalmente contaminadas, como
neste caso da decisão vergonhosa do STF, há a possibilidade de excretar o
golpe. A carnavalização da política acabou, como comprova o ato pífio convocado
pelas associações golpistas no último dia 26.
Acabou
a fantasia. Sem o andador global, múmias midiotas não dão um passo. Cumpriram
seu papel e precisam deixar seus chefes rapinar o País em paz. Para quem não
sabe o que fazer com as panelas, recomenda-se o sábio conselho de Dona Marisa.
Kim Kataguiri levou da Folha de S. Paulo um didático pé na bunda. Centrais
sindicais e movimentos sociais convocam greve geral para 28 de abril. O
trânsito vai parar na ponte do golpe.
https://www.cartacapital.com.br/blogs/blog-do-socio/como-congestionar-a-201cponte-para-o-futuro201d
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