Certamente
Sérgio Moro imaginava que o mundo se continha nos estreitos limites das
apostilas que ele inegavelmente demonstrou ter capacidade de decorar, já que
foi aprovado e investido em um cargo de juiz. Só que isto não basta. Ao
contrário do mundo do "dever ser" inerente à área jurídica, o mundo
do ser é de uma complexidade infinita e para ser lido e compreendido de maneira
mais próxima da correção, exige bem mais do que a capacidade para responder os
"pega-ratões" dos concursos das áreas jurídicas.
Definitivamente,
a retórica sofrível e as condutas praticadas pelo referido juiz nos levam a
concluir que ele não tem a erudição jurídica necessária para que seja alçado à
condição de jurista que ele tenta ou imagina ser. E mais; além de não ter o
conhecimento formal, ele também não possui o conhecimento da realidade que leva
à verdadeira sabedoria, aquela que só se obtém no contato com as ruas, os
becos, as vielas e as periferias do mundo.
Falta-lhe
a cultura geral. Ele demonstrou não saber o significado da denominada práxis, do
materialismo histórico e do que seja um governo de coalizão dentre outros tantos
temas que ele deveria conhecer minimamente. Será que ele tem noção de que,
apesar de ser muito bem remunerado, com subsídios certamente inconstitucionais
eis que superiores ao teto previsto na Carta Magna, ele não passa de um simples
proletário? Bem pago sim, mas apenas um proletário como tantos outros. E pior;
é daqueles que fazem o serviço sujo de manutenção do status quo em prol dos
verdadeiros detentores do poder que são os capitalistas, os únicos detentores
dos meios de produção. Certamente que não, pois isto não está dentro das
apostilas dos concurseiros para cargos jurídicos.
É
gente. Muitas vezes as pessoas sonham ser aquilo que nunca terão capacidade de
ser e acabam metendo os pés pelas mãos, causando prejuízos irreversíveis para
si e para toda sociedade dentro da qual elas interagem. E neste caso, a única
saída seria elas terem a humildade de recolherem-se às suas insignificâncias e
ao menos interromperem o turbilhão de danos que ainda podem vir a praticar.
Pena
que não há indicativo algum de que isto venha a acontecer, pois parece que o
tal magistrado, ao invés de reconhecer sua mediocridade intelectual, se acha
ungido por alguma divindade que deu a ele uma missão heróica de ser o salvador
da pátria. Só que não. Na verdade, ele está se transformando em um profeta do
apocalipse que veio trazer e potencializar desgraças ao povo brasileiro.
Pois
é. Se eu pudesse dar um conselho a Sérgio Moro eu diria que ele deve o quanto
antes passar a agir como um verdadeiro juiz, respeitando as quatro
características essenciais da jurisdição da qual ele foi investido, ou seja,
além da investidura e do princípio da inércia inicial, deve passar a agir
estritamente dentro dos limites dos princípios da legalidade e da imparcialidade...Sob
pena de, com sua doxomania, conspurcar definitivamente a função da magistratura
naquela que deveria ser sua mais nobre missão, que é justamente a de dirimir
conflitos.
Jorge André
Irion Jobim. Advogado de Santa Maria, RS
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