O
depoimento de José Yunes à Procuradoria Geral da República no dia 14 último e
sua entrevista à “Veja”, que traz a chamada “Fui mula de Padilha”, é o mais
contundente e isento testemunho não só de que Padilha recebeu 4 milhões de
reais da Odebrecht em forma de propina, mas que ao menos 140 dos 367 votos do impeachment
foram comprados.
A
palavra não é de nenhum oposicionista, mas de um homem que fez até há pouco
parte do governo Temer, ao lado de Padilha.
Segundo
Yunes, Padilha lhe telefonou, em 2014, perguntando se ele poderia receber um
pacote com documentos em seu escritório; depois uma outra pessoa passaria lá
para pegá-lo. Yunes concordou.
Eis
o que aconteceu depois, segundo a “Veja”:
“Pouco
tempo depois, Yunes estava em seu escritório de advocacia em São Paulo quando,
diz ele, a secretária informou que um tal de Lúcio estava ali para deixar um
documento. “A pessoa se identificou como Lúcio Funaro. Era um sujeito falante e
tal. Ele me disse: ‘Estamos trabalhando com os deputados. Estamos financiando
140 deputados’. Fiquei até assustado. Aí ele continuou: ‘Porque vamos fazer o
Eduardo presidente da Casa’. Em seguida, perguntei a ele: ‘Que Eduardo?’. Ele
me respondeu: ‘Eduardo Cunha’.
Temer
já confirmou ter tido conhecimento do encontro de Funaro com Yunes em São
Paulo.
A
denúncia ajuda a entender que o impeachment foi resultado de uma conspiração;
que a conspiração começou ainda na eleição de Cunha à presidência da Câmara e
que os 140 deputados financiados para eleger Cunha também votaram a favor do
impeachment.
As
questões que se colocam são: 1) se esses 140 votos precisaram ser comprados é
porque os deputados não estavam convencidos de que o impeachment se sustentava;
2) sem esses 140 votos não teria havido impeachment; 3) comprovando-se a
existência dessa compra não seria o caso de anular o impeachment?
http://www.brasil247.com/pt/blog/alex_solnik/282189
Nenhum comentário:
Postar um comentário