No
Brasil do golpe, ninguém perderá dinheiro por superestimar a capacidade
nacional em ser canalha. Enquanto estava em coma profundo, lutando por sua
vida, Marisa Letícia dormia com os inimigos.
Uma
médica do Sírio Libanês chamada Gabriela Munhoz, de 31 anos, compartilhou por
WhatsApp com seus colegas imagens do exame da ex-primeira dama horas depois da
internação.
Gabriela
avisava que Marisa estava no pronto socorro com AVC hemorrágico de nível 4, um
dos mais graves, e seria levada para a UTI.
O
grupo se intitulava “MED IX”, composto de formandos em Medicina da Universidade
Federal do Mato Grosso do Sul em 2009.
Segundo
o Globo, no dia da internação de Marisa, um médico que não atua no Sírio enviou
dados sobre o diagnóstico.
Pedro
Paulo de Souza Filho postou imagens de uma tomografia atribuída a Marisa,
acompanhadas de detalhes fornecidos por Gabriela.
O
neurocirurgião Richam Faissal Ellakkis comentou: “Esses fdp vão embolizar ainda
por cima”. Em seguida: “Tem que romper no procedimento. Daí já abre pupila. E o
capeta abraça ela”.
Ellakkis
trabalha, entre outros lugares, na Unimed São Roque, no interior de São Paulo.
Vai
ficando mais claro de onde veio “furo” do biógrafo de Lobão, Claudio Tognolli,
que gravou um vídeo se jactando de ter em mãos a tomo da mulher de Lula. Depois
da repercussão, chegou a alegar que “um petista” lhe havia passado. Balela.
O
Sírio soltou uma nota, na ocasião, afirmando que nada saiu de lá e que “zela
pela privacidade de seus pacientes e repudia a quebra do sigilo médico por
qualquer profissional de saúde”.
Se
não vivêssemos no Paraguai e se não fossem doutores, o Sírio e as demais instituições
envolvidas teriam demitido sumariamente essa corja e o Conselho Regional de
Medicina do Estado de São Paulo já teria divulgado um repúdio.
Mas
o corporativismo deles é invencível. Basta lembrar que a pediatra que se
recusou a atender um menino de colo porque ele era “filho de petistas” não
recebeu sequer uma advertência.
O
Código de Ética da turma dispõe em seu artigo 89 que “é vedado liberar cópias
do prontuário sob sua guarda, salvo quando autorizado, por escrito, pelo
paciente”.
Violaram
o artigo 154 do Código Penal, cujo objetivo é proteger a liberdade individual e
a inviolabilidade dos segredos profissionais. A pena prevista é de detenção e
multa.
Passaram
por cima do artigo 5º da Constituição, parágrafo X: “São invioláveis a
intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o
direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”.
O
problema é que na nossa selva alguns bichos são mais iguais do que outros.
Temos, hoje mais do que nunca, bestas que não hesitam em atacar sua presa
especialmente se ela estiver inerte, à beira da morte.
http://www.diariodocentrodomundo.com.br/dormindo-com-o-inimigo-o-crime-dos-medicos-que-vazaram-exames-de-marisa-nao-pode-ficar-impune-por-kiko-nogueira/
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