Grupos
estrangeiros estão sabendo tirar proveito da crise econômica brasileira. Em
2016, as multinacionais desembolsaram pelo menos R$ 119,75 bilhões para
aquisições de ativos no País, segundo levantamento da consultoria Transactional
Track Record (TTR). De acordo com o trabalho, as fusões e aquisições
registraram 1.019 transações no ano passado, totalizando R$ 260 bilhões (os
recursos podem ser ainda maiores, uma vez que várias operações não tiveram seu
valor divulgado). Das 237 transações em que empresas estrangeiras adquiriram
empresas brasileiras, 109 tiveram valor divulgado, somando o total de R$ 119,75
bilhões. A canadense Brookfield e a chinesa State Grid aparecem com destaque
nesta lista. “E esses dois vão continuar protagonizando a consolidação em
2017”, disse uma fonte do mercado financeiro. Da revista Exame, 16/01/2017
Tudo
é recorde no setor externo da economia brasileira, em 2016. Começando pelo
maior superávit comercial da história. Os capitalistas festejam um Balanço de
Pagamentos cada vez mais enxuto e equilibrado.
Contabilizando-se
suas transações correntes (balança comercial e de serviços) e a conta
financeira (investimentos externos diretos no país, etc.) — em 2016 entrou mais
dólar na economia do que saiu. Isso é bom para o Brasil?
Não
se entusiasme demais com certos resultados da ilusória contabilidade externa. E
não esqueça: tudo que diz respeito a atos praticados pela dissoluta burguesia
brasileira esconde sempre alguma coisa perniciosa aos interesses nacionais.
Vejamos como isso se
realiza praticamente.
Observemos
primeiramente os dados mais recentes do comércio externo de exportações e
importações de bens.
No
acumulado janeiro-novembro/2016, as vendas ao exterior superaram as compras em
US$ 40,829 bilhões. Este superávit comercial pode alcançar US$ 50 bilhões no
ano. Recorde histórico!
Mas
por detrás deste grande sucesso um processo altamente pernicioso aos interesses
nacionais. Já analisamos anteriormente essa patologia econômica.
Verificamos
agora que ela se atualiza de maneira ainda mais grave do que se poderia
imaginar.
As
exportações caíram em 2016. E o superávit bate recorde? Que paradoxo é esse?
O
valor acumulado das exportações até novembro 2016 (US$ 168,56 bilhões) caiu
2.8% frente ao acumulado no mesmo período do ano anterior (US$ 173,47 bilhões).
As
vendas para o exterior crescem muito em volume (quantidade de bens) e caem em
valor de mercado (dólar). O valor unitário das exportações em queda livre.
Desesperada
liquidação da produção nacional. Simultaneamente, o valor das importações (US$
127,73 bilhões) caiu 21% frente ao mesmo período do ano anterior (US$ 161,80
bilhões).
Um
enfraquecimento nos dois lados da balança comercial.
É
assim que a irresponsável burguesia brasileira e seus patrões imperialistas
conseguiram a proeza de gerar até novembro do ano um absurdo superávit de US$
40,829 bilhões.
Um
superávit comercial histórico produzido pelo enfraquecimento da capacidade
exportadora, de um lado, e, de outro, pelo desabamento muito mais catastrófico
ainda das importações.
Como
já explicamos anteriormente um comércio externo positivo para o desenvolvimento
econômico especificamente capitalista deve ser marcado pela expansão da
corrente de comércio (exportação mais importação) e pelo crescimento
relativamente equilibrado dos dois lados da balança.
Depois
da era mercantilista do estéril protocapitalismo, tão duramente criticado por
Smith e Ricardo, principalmente, o virtuoso crescimento do comércio externo sem
grandes déficits ou superávits.
Essa
é regra do jogo do moderno regime capitalista. O resto é neomercantilismo
reservado para as economias dominadas do sistema.
No
caso brasileiro acontece tudo aos contrário desta lei enunciada pela boa teoria
do comércio internacional: a corrente do comércio em 2016 (US$ 296,29 bilhões)
caiu 12% frente a igual período de 2015 (US$ 335,27 bilhões).
Simultaneamente,
um superávit comercial recorde do tamanho do patológico desequilíbrio entre os
dois pratos da balança.
Um
recorde altamente pernicioso aos interesses nacionais.
Baseia-se
unicamente em contínua queda da produção interna e rápida elevação do
desemprego dos trabalhadores.
Mas
uma desvalorização tão radical dos preços de mercado das exportações
brasileiras é altamente favorável aos interesses dos chamados “investidores
externos”.
Na
base da liquidação da produção nacional e dos preços de exportação ocorre
simultaneamente a liquidação das propriedades capitalistas nacionais.
Além
das mercadorias exportadas, “o Brasil também ficou barato”.
É
por isso que o chamado investimento direto externo (IED) continuou jorrando em
2016, as reservas internacionais cresceram um pouco mais e por aí afora.
Além
do comércio, os fluxos de capitais externos na economia brasileira merecem uma
próxima e mais detalhada análise da Crítica. Até lá.
PS
do Viomundo: Os estrangeiros fazem dinheiro no Brasil vendendo doces,
refrigerantes e jornais! Já viram as lojas da Hudson News nos aeroportos? É uma
empresa de Nova York, que começou como banquinha de jornal. Como diria um
blogueiro ansioso, viva o Brasil!
http://www.viomundo.com.br/denuncias/hora-da-xepa-o-brasil-esta-sendo-vendido-a-preco-de-banana.html
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