Após
quase 10 horas de detenção nesta terça-feira (17), o líder do Movimento dos
Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, sintetizou bem os motivos da
sua prisão arbitrária. "O intuito é o de intimidar a luta dos movimentos
populares. Isso é notório. Cada vez mais eles tentam desmoralizar os
movimentos... Quero dizer que não vão conseguir nos intimidar. A luta só vai
crescer, vai aumentar a cada gesto fascista, a cada gesto ilegal, abusivo, como
essa prisão de hoje".
Guilherme
Boulos foi acusado por "incitação à violência, desobediência e outros
crimes", exatamente quando tentava evitar a truculência da PM numa desocupação
de terreno na capital paulista. "Acabei sendo indiciado por resistência.
Para mim, resistência não é crime. Crime é despejar 700 famílias sem ter
alternativa, resistência é uma reação legítima das pessoas contra uma
barbaridade como esta".
De
fato, o objetivo da destrambelhada prisão foi o de intimidar o conjunto dos
movimentos sociais. Isto só comprova que os golpistas – incluindo o prefeito
João Doria e o governador Geraldo Alckmin, os dois tucanos que comandaram a
ação arbitrária – estão preocupados. Eles têm consciência de que as lutas só
vão crescer no próximo período. A política de terra arrasada contra os direitos
do povo – expressa no congelamento por 20 anos dos gastos públicos em saúde e
educação, na contrarreforma da Previdência e no desmonte das leis trabalhistas,
entre outras medidas amargas – tende a gerar explosões de revolta no país. A
prisão de Guilherme Boulos visou servir como exemplo para os que ousam resistir
e lutar por seus direitos. "Não vão conseguir nos intimidar", garante
o líder do MTST.
Nova onda de
protestos
Na
quinta-feira passada (12), a Organização Internacional do Trabalho divulgou um
estudo que ajuda a entender o pânico dos golpistas. Segundo a OIT, a crise
econômica, o aumento do desemprego e a imposição de receitas amargas devem
elevar a temperatura da luta de classes no mundo. No caso do Brasil, o chamado
Índice de Agitação Social avançou 5,5 pontos em 2016, enquanto no restante do
mundo ele subiu apenas 0,7 ponto. "Se o desemprego e a qualidade de vida
piorarem, teremos sim uma maior possibilidade de manifestações”, afirmou o
professor de Ciência Política da Universidade Veiga de Almeida, Guilherme
Carvalhido, ao Jornal do Brasil. Ele avalia que os protestos poderão ser
maiores do que as marchas golpistas que resultaram no impeachment de Dilma – e
mais violentos!
A
mesma OIT também alertou na semana passada para o rápido agravamento da
tragédia social no país. Segundo suas projeções, o Brasil terá, em 2017, o
maior aumento no número de desempregados entre as economias do G-20, e deve
adicionar mais 1,4 milhão de novos trabalhadores sem emprego à sociedade até o
ano de 2018. De acordo com a estimativa da OIT, entre 2016 e 2017 o número de
desempregados em todo o planeta vai aumentar em 3,4 milhões. Mais de um terço
desse número, 35%, só no Brasil, o que corresponde a 1,2 milhão de pessoas em
2017 e mais 200 mil em 2018. De cada três novos desempregados no mundo, um será
brasileiro.
“O
crescimento econômico segue decepcionante e é menor do que o esperado, tanto em
nível quanto em grau de inclusão. Isso delineia um quadro preocupante para a
economia mundial e sua capacidade de criar empregos suficientes, muito menos
empregos de qualidade. A persistência de altos níveis de formas vulneráveis de
emprego, associadas a evidente falta de avanços na qualidade dos empregos –
mesmo em países onde os números agregados estão melhorando – é alarmante. Temos
de garantir que os ganhos do crescimento sejam compartilhados de forma
inclusiva", adverte o diretor-geral da OIT, Guy Ryder.
Este
alerta, porém, não serve ao covil golpista do Judas Michel Temer. O "golpe
dos corruptos" foi orquestrado exatamente para retirar os direitos dos
trabalhadores. Daí a decisão de recrudescer na repressão. A explosão da revolta
popular está em curso! O país está sentado sobre um vulcão!
http://altamiroborges.blogspot.com.br/2017/01/guilherme-boulos-e-o-panico-dos.htm
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