O
ex-ministro da Justiça e hoje subprocurador da República relatou, em
entrevista, uma discussão com o procurador-geral, Rodrigo Janot, que chamou
Lula de “bandido”. Aragão, em meio aos xingamentos de Janot, o chamou de
“seletivo” e questionou os vazamentos de delações premiadas, ao que Janot
respondeu: “não te devo satisfação”
Antigos
amigos e atualmente trabalhando no mesmo prédio da procuradoria-geral da
República, o ex-ministro da Justiça Eugênio Aragão e o procurador-geral da
República, Rodrigo Janot, estão rompidos após o golpe que levou ao impeachment
da presidenta Dilma Rousseff. Em entrevista ao Estadão, Aragão, que hoje é
subprocurador da República, relatou sua última discussão com amigo que chegou a
o mandar “a merda” diante de alguns questionamentos.
Logo
que deixou o ministério da Justiça para integrar a procuradoria-geral, Aragão
foi convidado por Janot para assumir a
6ª Câmara do Ministério Público Federal (MPF), convite que negou.
“Não
gostaria. Teria de lidar com o novo ministro da Justiça (Alexandre de Moraes),
com quem eu não tenho uma relação de confiança”, disse.
“Considere-se
desconvidado”, disse Janot a Aragão, obtendo do ex-ministro da Justiça a
seguinte resposta: “Ótimo. Eu não quero convite (para função), tudo bem, não
tem problema. Olha, Rodrigo, nós somos diferentes. É isso mesmo. Para mim, você
foi uma decepção…”.
Aragão,
com essa resposta, se referia à seletividade de Janot com relação ao
ex-presidente Lula, o que deixou o procurador-geral da República enfurecido.
Janot: Você vem aqui no meu gabinete para
me dizer que eu estou sendo seletivo?
Aragão: É isso mesmo.
Janot: Você vai para a p… que o pariu… Você
acha que esse (ex-presidente) Lula é um santo? Ele é bandido, igual a todos os
outros…
Aragão,
então, cutuca Janot mais uma vez e questiona os vazamentos de delações
premiadas da operação Lava Jato. Janot, então, se limita a dizer que “daqui não
vazou nada” e que não deve satisfações a Aragão, já que ele não é seu
corregedor.
Na
entrevista, o subprocurador relatou que a divergência começou em uma das
repercussões do mensalão, em 2013, quando Janot mandou prender José Genoino. “O
Rodrigo já tinha dito ao Genoino, na minha frente, várias vezes, que ele não
era culpado”.
Confira abaixo um trecho
da conversa divulgada por Aragão.
Janot:
Você me deu um soco na boca do estômago com aquela mensagem (“não estou
interessado em cargos”).
Aragão:
É aquilo mesmo que está escrito lá.
Janot:
Então considere-se desconvidado.
Aragão:
Ótimo. Eu não quero convite (para função), tudo bem, não tem problema. Olha,
Rodrigo, nós somos diferentes. É isso mesmo. Para mim, você foi uma decepção…
Janot:
O que você está querendo dizer? Vai me chamar de traíra?
Aragão:
Não, traíra não. Não chega a tanto. Desleal, mas traíra não. (No caso Operação
da Lava Jato) você foi extremamente seletivo…
Janot:
Você vem aqui no meu gabinete para me dizer que eu estou sendo seletivo?
Aragão:
É isso mesmo.
Janot:
Você vai para a p… que o pariu… Você acha que esse (ex-presidente) Lula é um
santo? Ele é bandido, igual a todos os outros…
Aragão:
Você foi muito mesquinho em relação ao Lula, só porque ele disse que você foi
ingrato (em razão da indicação para a função)… Não tinha nem de levar isso em
consideração.
Janot:
Isso é o que você acha. Eu sou diferente. O Lula é bandido, como todos os
outros. E você vai à m…
Aragão:
E os vazamentos das delações? Eu tive informações, quando ministro da Justiça,
pelo Setor de Inteligência da Polícia Federal, que saíram aqui da PGR…
Janot:
Daqui não vazou nada. E eu não te devo satisfação, você não é corregedor.
Aragão:
É, você não me deve satisfação, mas posso pensar de você o que eu quiser.
Janot:
Você vá à m…, você não é meu corregedor.
Aragão:
Eu não vim aqui para conversar nesse nível. Só vim aqui para te avisar que
estou de volta.
http://www.revistaforum.com.br/2017/01/15/aragao-vai-aos-poucos-desconstruindo-janot/
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