No
anúncio da contrarreforma da Previdência, na manhã desta terça-feira (6), o “fujão”
Michel Temer evitou se expor. A ingrata missão coube a Marcelo Caetano, um
serviçal do Ministério da Fazenda. Não é para menos. A proposta pode deflagrar
uma convulsão social no país. Ela evidencia, mais uma vez, os verdadeiros
propósitos do “golpe dos corruptos” que depôs a presidenta Dilma. Entre outras
maldades, ela estabelece a idade mínima de 65 anos para homens e mulheres se
aposentarem e eleva o tempo da contribuição previdenciária. Atendendo aos
interesses da oligarquia financeira, que assalta os cofres públicos, o Judas
Michel Temer botou para ferrar contra os trabalhadores.
Segundo
matéria de Pedro Peduzzi e Daniel Lima, na Agência Brasil, o aspone do governo
ainda informou que a idade mínima sofrerá novos aumentos – fala-se em 70 anos
para a aposentadoria. “Sobre regra permanente, em vez de fazer várias reformas
em função do avanço da demografia, a PEC prevê uma possibilidade de ajuste
automático para a idade de 65 anos. ‘Se a expectativa de vida das pessoas
começa a crescer, com o passar do tempo a idade da aposentadoria cresce junto.
A periodicidade do ajuste depende da velocidade demográfica. De acordo com o
[dado] atual, até 2060 deve haver dois ajustes’, disse Marcelo Caetano”.
Aposentadoria
na terceira reencarnação
Como
zoou o satírico site Sensacionalista, “a reforma da Previdência de Temer prevê
aposentadoria após terceira reencarnação... O governo pretende contratar um
grupo chamado Médiuns da Previdência, que entrará em contato com os espíritos
para saber quem foi aquele trabalhador nas vidas passadas. ‘As pessoas terão
que se contentar com um salário mais baixo pois todos sabemos que todo mundo
foi Faraó, Rei e coisas assim. Não vai dar para manter esses vencimentos’,
explicou”. Deixando de lado as brincadeiras, a contrarreforma é das mais cruéis
e tem como base as mentiras sobre o déficit da Previdência Social.
Na
prática, o covil golpista pretende fazer caixa com as contribuições dos
trabalhadores para saldar o pagamento dos juros dos rentistas. O assalariado entra
com o ônus e os banqueiros ficam com o bônus. Após décadas de trabalho pesado e
com péssimos salários, o peão morre sem gozar da sua aposentadoria e a grana
serve apenas para enricar os ricaços. Pelos cálculos do próprio governo
ilegítimo, “a reforma da Previdência pode gerar uma economia de R$ 678 bilhões
em dez anos. O valor equivale a 22 anos do orçamento do programa Bolsa Família”
– festeja a Folha rentista, que detalha a proposta do covil golpista:
Desvinculação
do salário mínimo
“Um
dos objetivos é aumentar o tempo dos brasileiros no mercado de trabalho. Haverá
uma idade mínima de 65 anos para aposentadoria e um tempo mínimo de
contribuição de 25 anos. Para ter acesso ao valor completo, de acordo com a
nova regra, será necessário contribuir 50 anos. As novas regras devem valer
para homens com menos de 50 anos de idade e mulheres com menos de 45. Os mais
velhos teriam uma regra especial de transição para o novo regime, de 15 anos
para os homens e 20 para mulheres. Quem reunir requisitos para se aposentar até
a aprovação da reforma, mesmo que não tenha solicitado o benefício, não será
atingido”.
Ainda
de acordo com o jornal, a proposta também prevê a desvinculação do salário
mínimo. “Segundo um integrante do governo, já há uma avaliação de que haverá
resistência no Congresso e esse item pode ser derrubado. O governo calcula que
a despesa com o pagamento de benefícios previdenciários do INSS e com o BPC,
que hoje está em torno de 9% do PIB, deva se manter em um patamar inferior a
10% em dez anos, se a reforma for aprovada. Sem mudança nas regras de
aposentadoria, esse gasto ficaria em torno de 11%. Em 2060, sem a mudança na
regra, o patamar dessa despesa seria de 20,4%. Com a reforma, de acordo com a
projeção oficial, a expectativa de gasto cai para 13,4%”.
Publicidade
para justificar o crime
Ciente
de que a contrarreforma poderá incendiar o país – as centrais sindicais já
anunciaram que pretendem organizar uma greve geral –, o covil golpista decidiu
investir fortunas em uma campanha publicitária com slogan “Previdência:
reformar hoje para garantir o amanhã". Esta grana garantirá o apoio dos
mercenários da mídia chapa-branca, mas dificilmente enganará os trabalhadores –
inclusive os “midiotas” que serviram de massa de manobra para os golpistas. As
peças publicitárias são terroristas e mentirosas. Elas tentam culpar a
Previdência pelo rombo das contas públicas. Sobre esta manipulação grosseira,
vale relembrar a entrevista de Denise Gentil, concedida ao Jornal da UFRJ.
*****
A CRISE
FORJADA DA PREVIDÊNCIA. Por Coryntho Baldez
Com
argumentos insofismáveis, Denise Gentil destroça os mitos oficiais que encobrem
a realidade da Previdência Social no Brasil. Em primeiro lugar, uma gigantesca
farsa contábil transforma em déficit o superávit do sistema previdenciário, que
atingiu a cifra de R$ 1,2 bilhões em 2006, segundo a economista.
O
superávit da Seguridade Social - que abrange a Saúde, a Assistência Social e a
Previdência - foi significativamente maior: R$ 72,2 bilhões. No entanto, boa
parte desse excedente vem sendo desviada para cobrir outras despesas,
especialmente de ordem financeira - condena a professora e pesquisadora do
Instituto de Economia da UFRJ, pelo qual concluiu sua tese de doutorado "A
falsa crise da Seguridade Social no Brasil: uma análise financeira do período
1990 - 2005" (leia a tese na íntegra).
Nesta
entrevista ao Jornal da UFRJ, ela ainda explica por que considera insuficiente
o novo cálculo para o sistema proposto pelo governo e mostra que, subjacente ao
debate sobre a Previdência, se desenrola um combate entre concepções distintas
de desenvolvimento econômico-social.
A
ideia de crise do sistema previdenciário faz parte do pensamento econômico
hegemônico desde as últimas décadas do século passado. Como essa concepção se
difundiu e quais as suas origens?
A
ideia de falência dos sistemas previdenciários públicos e os ataques às
instituições do welfare state (Estado de Bem- Estar Social) tornaram-se
dominantes em meados dos anos 1970 e foram reforçadas com a crise econômica dos
anos 1980. O pensamento liberal-conservador ganhou terreno no meio político e
no meio acadêmico. A questão central para as sociedades ocidentais deixou de
ser o desenvolvimento econômico e a distribuição da renda, proporcionados pela
intervenção do Estado, para se converter no combate à inflação e na defesa da
ampla soberania dos mercados e dos interesses individuais sobre os interesses
coletivos. Um sistema de seguridade social que fosse universal, solidário e
baseado em princípios redistributivistas conflitava com essa nova visão de mundo.
O principal argumento para modificar a arquitetura dos sistemas estatais de
proteção social, construídos num período de crescimento do pós-guerra, foi o
dos custos crescentes dos sistemas previdenciários, os quais decorreriam,
principalmente, de uma dramática trajetória demográfica de envelhecimento da
população. A partir de então, um problema que é puramente de origem
sócio-econômica foi reduzido a um mero problema demográfico, diante do qual não
há solução possível a não ser o corte de direitos, redução do valor dos
benefícios e elevação de impostos. Essas idéias foram amplamente difundidas
para a periferia do capitalismo e reformas privatizantes foram implantadas em
vários países da América Latina.
No
Brasil, a concepção de crise financeira da Previdência vem sendo propagada
insistentemente há mais de 15 anos. Os dados que você levantou em suas
pesquisas contradizem as estatísticas do governo. Primeiramente, explique o
artifício contábil que distorce os cálculos oficiais.
Tenho
defendido a ideia de que o cálculo do déficit previdenciário não está correto,
porque não se baseia nos preceitos da Constituição Federal de 1988, que
estabelece o arcabouço jurídico do sistema de Seguridade Social. O cálculo do
resultado previdenciário leva em consideração apenas a receita de contribuição
ao Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) que incide sobre a folha de
pagamento, diminuindo dessa receita o valor dos benefícios pagos aos
trabalhadores. O resultado dá em déficit. Essa, no entanto, é uma equação simplificadora
da questão. Há outras fontes de receita da Previdência que não são computadas
nesse cálculo, como a Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade
Social), a CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido), a CPMF
(Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira) e a receita de
concursos de prognósticos. Isso está expressamente garantido no artigo 195 da
Constituição e acintosamente não é levado em consideração.
A
que números você chegou em sua pesquisa?
Fiz
um levantamento da situação financeira do período 1990-2006. De acordo com o
fluxo de caixa do INSS, há superávit operacional ao longo de vários anos. Em
2006, para citar o ano mais recente, esse superávit foi de R$ 1,2 bilhões.
O
superávit da Seguridade Social, que abrange o conjunto da Saúde, da Assistência
Social e da Previdência, é muito maior. Em 2006, o excedente de recursos do
orçamento da Seguridade alcançou a cifra de R$ 72,2 bilhões.
Uma
parte desses recursos, cerca de R$ 38 bilhões, foi desvinculada da Seguridade
para além do limite de 20% permitido pela DRU (Desvinculação das Receitas da
União).
Há
um grande excedente de recursos no orçamento da Seguridade Social que é
desviado para outros gastos. Esse tema é polêmico e tem sido muito debatido
ultimamente. Há uma vertente, a mais veiculada na mídia, de interpretação
desses dados que ignora a existência de um orçamento da Seguridade Social e
trata o orçamento público como uma equação que envolve apenas receita, despesa
e superávit primário. Não haveria, assim, a menor diferença se os recursos do
superávit vêm do orçamento da Seguridade Social ou de outra fonte qualquer do
orçamento.
Interessa
apenas o resultado fiscal, isto é, o quanto foi economizado para pagar despesas
financeiras com juros e amortização da dívida pública.
Por
isso o debate torna-se acirrado. De um lado, estão os que advogam a redução dos
gastos financeiros, via redução mais acelerada da taxa de juros, para liberar
recursos para a realização do investimento público necessário ao crescimento.
Do outro, estão os defensores do corte lento e milimétrico da taxa de juros e
de reformas para reduzir gastos com benefícios previdenciários e assistenciais.
Na verdade, o que está em debate são as diferentes visões de sociedade, de
desenvolvimento econômico e de valores sociais.
Há
uma confusão entre as noções de Previdência e de Seguridade Social que
dificulta a compreensão dessa questão. Isso é proposital?
Há
uma grande dose de desconhecimento no debate, mas há também os que
propositadamente buscam a interpretação mais conveniente. A Previdência é parte
integrante do sistema mais amplo de Seguridade Social.
É
parte fundamental do sistema de proteção social erguido pela Constituição de
1988, um dos maiores avanços na conquista da cidadania, ao dar à população
acesso a serviços públicos essenciais. Esse conjunto de políticas sociais se
transformou no mais importante esforço de construção de uma sociedade menos
desigual, associado à política de elevação do salário mínimo. A visão dominante
do debate dos dias de hoje, entretanto, freqüentemente isola a Previdência do
conjunto das políticas sociais, reduzindo-a a um problema fiscal localizado
cujo suposto déficit desestabiliza o orçamento geral. Conforme argumentei
antes, esse déficit não existe, contabilmente é uma farsa ou, no mínimo, um
erro de interpretação dos dispositivos constitucionais.
Entretanto,
ainda que tal déficit existisse, a sociedade, através do Estado, decidiu
amparar as pessoas na velhice, no desemprego, na doença, na invalidez por
acidente de trabalho, na maternidade, enfim, cabe ao Estado proteger aqueles
que estão inviabilizados, definitiva ou temporariamente, para o trabalho e que
perdem a possibilidade de obter renda. São direitos conferidos aos cidadãos de
uma sociedade mais evoluída, que entendeu que o mercado excluirá a todos nessas
circunstâncias.
E
são recursos que retornam para a economia?
É
da mais alta relevância entender que a Previdência é muito mais que uma
transferência de renda a necessitados. Ela é um gasto autônomo, quer dizer, é
uma transferência que se converte integralmente em consumo de alimentos, de
serviços, de produtos essenciais e que, portanto, retorna das mãos dos
beneficiários para o mercado, dinamizando a produção, estimulando o emprego e
multiplicando a renda. Os benefícios previdenciários têm um papel
importantíssimo para alavancar a economia. O baixo crescimento econômico de
menos de 3% do PIB (Produto Interno Bruto), do ano de 2006, seria ainda menor
se não fossem as exportações e os gastos do governo, principalmente com
Previdência, que isoladamente representa quase 8% do PIB.
De
acordo com a Constituição, quais são exatamente as fontes que devem financiar a
Seguridade Social?
A
seguridade é financiada por contribuições ao INSS de trabalhadores empregados,
autônomos e dos empregadores; pela Cofins, que incide sobre o faturamento das
empresas; pela CSLL, pela CPMF (que ficouconhecida como o imposto sobre o
cheque) e pela receita de loterias. O sistema de seguridade possui uma
diversificada fonte de financiamento. É exatamente por isso que se tornou um
sistema financeiramente sustentável, inclusive nos momentos de baixo
crescimento, porque além da massa salarial, o lucro e o faturamento são também
fontes de arrecadação de receitas. Com isso, o sistema se tornou menos
vulnerável ao ciclo econômico. Por outro lado, a diversificação de receitas,
com a inclusão da taxação do lucro e do faturamento, permitiu maior
progressividade na tributação, transferindo renda de pessoas com mais alto
poder aquisitivo para as de menor.
Além
dessas contribuições, o governo pode lançar mão do orçamento da União para
cobrir necessidades da Seguridade Social?
É
exatamente isso que diz a Constituição. As contribuições sociais não são a
única fonte de custeio da Seguridade. Se for necessário, os recursos também
virão de dotações orçamentárias da União. Ironicamente tem ocorrido o inverso.
O orçamento da Seguridade é que tem custeado o orçamento fiscal.
O
governo não executa o orçamento à parte para a Seguridade Social, como prevê a
Constituição, incorporando-a ao orçamento geral da União. Essa é uma forma de
desviar recursos da área social para pagar outras despesas?
A
Constituição determina que sejam elaborados três orçamentos: o orçamento
fiscal, o orçamento da Seguridade Social e o orçamento de investimentos das
estatais. O que ocorre é que, na prática da execução orçamentária, o governo
apresenta não três, mas um único orçamento chamando de "Orçamento Fiscal e
da Seguridade Social", no qual consolida todas as receitas e despesas,
unificando o resultado. Com isso, fica difícil perceber a transferência de
receitas do orçamento da Seguridade Social para financiar gastos do orçamento
fiscal. Esse é o mecanismo de geração de superávit primário no orçamento geral
da União. E, por fim, para tornar o quadro ainda mais confuso, isola-se o
resultado previdenciário do resto do orçamento geral para, com esse artifício
contábil, mostrar que é necessário transferir cada vez mais recursos para
cobrir o "rombo" da Previdência. Como a sociedade pode entender o que
realmente se passa?
Agora,
o governo pretende mudar a metodologia imprópria de cálculo que vinha usando.
Essa mudança atenderá completamente ao que prevê a Constituição, incluindo um
orçamento à parte para a Seguridade Social?
Não
atenderá o que diz a Constituição, porque continuará a haver um isolamento da
Previdência do resto da Seguridade Social. O governo não pretende fazer um
orçamento da Seguridade. Está propondo um novo cálculo para o resultado fiscal
da Previdência. Mas, aceitar que é preciso mudar o cálculo da Previdência já é
um grande avanço. Incluir a CPMF entre as receitas da seguridade é um
reconhecimento importante, embora muito modesto. Retirar o efeito dos
incentivos fiscais sobre as receitas também ajuda a deixar mais transparente o
que se faz com a política previdenciária. O que me parece inadequado,
entretanto, é retirar a aposentadoria rural da despesa com previdência porque
pode, futuramente, resultar em perdas para o trabalhador do campo, se passar a
ser tratada como assistência social, talvez como uma espécie de bolsa. Esse é
um campo onde os benefícios têm menor valor e os direitos sociais ainda não
estão suficientemente consolidados.
Como
você analisa essa mudança de postura do Governo Federal em relação ao cálculo
do déficit? Por que isso aconteceu?
Acho
que ainda não há uma posição consolidada do governo sobre esse assunto. Há
interpretações diferentes sobre o tema do déficit da Previdência e da
necessidade de reformas. Em alguns segmentos do governo fala-se apenas em
choque de gestão, mas em outras áreas, a reforma da previdência é tratada como
inevitável. Depois que o Fórum da Previdência for instalado, vão começar os
debates, as disputas, a atuação dos lobbies e é impossível prever qual o grau
de controle que o governo vai conseguir sobre seus rumos. Se os movimentos
sociais não estiverem bem organizados para pressionarem na defesa de seus
interesses pode haver mais perdas de proteção social, como ocorreu em reformas
anteriores.
A
previdência pública no Brasil, com seu grau de cobertura e garantia de renda
mínima para a população, tem papel importante como instrumento de redução dos
desequilíbrios sociais?
Prefiro
não superestimar os efeitos da Previdência sobre os desequilíbrios sociais. De
certa forma, tem-se que admitir que vários estudos mostram o papel dos gastos
previdenciários e assistenciais como mecanismos de redução da miséria e de
atenuação das desigualdades sociais nos últimos quatro anos. Os avanços em
termos de grau de cobertura e de garantia de renda mínimapara a população são
significativos. Pela PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), cerca
de 36,4 milhões de pessoas ou 43% da população ocupada são contribuintes do
sistema previdenciário. Esse contingente cresceu de forma considerável nos
últimos anos, embora muito ainda necessita ser feito para ampliar a cobertura e
evita que, no futuro, a pobreza na velhice se torne um problema dos mais
graves. O fato, porém, de a população ter assegurado o piso básico de um
salário mínimo para os benefícios previdenciários é de fundamental importância
porque, muito embora o valor do salário mínimo esteja ainda distante de
proporcionar condições dignas de sobrevivência, a política social de correção
do salário mínimo acima da inflação tem permitido redução da pobreza e atenuado
a desigualdade da renda.
Cerca
de dois milhões de idosos e deficientes físicos recebem benefícios
assistenciais e 524 mil são beneficiários do programa de renda mensal
vitalícia. Essas pessoas têm direito a receber um salário mínimo por mês de
forma permanente.
Evidentemente
que tudo isso ainda é muito pouco para superar nossa incapacidade histórica de
combater as desigualdades sociais. Políticas muito mais profundas e abrangentes
teriam que ser colocadas em prática, já que a pobreza deriva de uma estrutura
produtiva heterogênea e socialmente fragmentada que precisa ser transformada
para que a distância entre ricos e pobres efetivamente diminua. Além disso, o
crescimento econômico é condição fundamental para a redução da pobreza e, nesse
quesito, temos andado muito mal. Mas a realidade é que a redução das
desigualdades sociais recebeu um pouco mais de prioridade nos últimos anos do
que em governos anteriores e alguma evolução pode ser captada através de certos
indicadores.
Apesar
do superávit que o governo esconde, o sistema previdenciário vem perdendo
capacidade de arrecadação. Isso se deve a fatores demográficos, como dizem
alguns, ou tem relação mais direta com a política econômica dos últimos anos?
A
questão fundamental para dar sustentabilidade para um sistema previdenciário é
o crescimento econômico, porque as variáveis mais importantes de sua equação
financeira são emprego formal e salários. Para que não haja risco do sistema
previdenciário ter um colapso de financiamento é preciso que o país cresça,
aumente o nível de ocupação formal e eleve a renda média no mercado de trabalho
para que haja mobilidade social. Portanto, a política econômica é o principal
elemento que tem que entrar no debate sobre "crise" da Previdência.
Não temos um problema demográfico a enfrentar, mas de política econômica
inadequada para promover o crescimento ou a aceleração do crescimento.
http://altamiroborges.blogspot.com.br/2016/12/previdencia-temer-bota-pra-ferrar.html
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