E
viralizou nas redes sociais o prêmio dado a Dilma pelo Financial Times como uma
das mulheres do ano.
Dilma
foi escolhida porque protagonizou um dos maiores dramas vividos no ano por uma
mulher em todo o mundo. Falo do golpe, naturalmente.
O
texto do FT é brilhante. Mistura com maestria a Dilma mulher, nos dias de hoje,
e a Dilma ex-presidente.
O
jornalista constatou, de imediato, algo que tem sido notado por todos os que
falam com Dilma recentemente: o quanto ela está serena.
A
conversa se inicia com o que o FT chama de novo amor de Dilma: a bicicleta. Ela
anda de bicicleta todos os dias pelas ruas de Porto Alegre, para onde se mudou
para ficar mais perto da filha e dos dois netos.
Dilma
está tranquila, mas isso não significa que ela tenha engolido o golpe. Ela
voltou a classificá-lo como uma conspiração de “homens brancos, velhos e ricos,
ou que pelo menos querem ficar ricos”.
O
repórter quis saber se ela acha que reagiu da melhor maneira à trama que a
derrubou. Ele brinca com a ideia de que ela, como ex-guerrilheira, poderia
pensar em pegar em armas e resistir como Allende.
Neste
instante, Dilma produziu uma lição de amor pela democracia. Hoje, disse ela,
resistir a um golpe é pela palavra, pela pregação, pelo debate, pela disputa
nas narrativas. “A verdade é o oxigênio da democracia”, disse ela.
Dilma
fez uma análise realista de sua gestão. Definiu como modesto o processo de
inclusão social. Muito mais haveria por fazer. Ainda assim, a “oligarquia
tradicional não tolerou este pequeno esforço de redistribuição de renda”.
Dilma
retornou também a um ponto que lhe é caro pela fama de durona que conquistou: a
diferença com que um homem assertivo e uma mulher assertiva são vistos.
“A
mulher é chamada de dura, e o homem de forte.”
Você
sai da leitura com um conjunto de sensações. Uma delas é o abismo que separa a
imprensa britânica da brasileira. Temos, definitivamente, uma das piores mídias
do mundo.
Mas
a maior delas é a saudade que bate dos tempos em que o país era dirigido por
uma mulher honesta, eleita por 54 milhões de votos, e não por “homens velhos,
brancos e ricos” — e sem votos.
http://www.diariodocentrodomundo.com.br/o-que-voce-sente-ao-ler-a-entrevista-de-dilma-ao-financial-times-por-paulo-nogueira/
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