Não
precisa ser vidente: mais proteção ao PSDB, simbolizado por Aécio Neves, e mais
perseguição ao PT, simbolizado por Lula.
A
ação do consórcio midiático/judicial nos estertores de 2016 mantém o padrão
adotado desde o início da operação.
MP,
Moro, PF e mídia corporativa de repente viram respeitadores dos direitos
fundamentais e da privacidade do investigado quando ele pertence ao PSDB.
Aécio
foi convidado a prestar depoimento antes de acordar com soldados armados
batendo à sua porta e helicópteros sobrevoando a sua casa.
Os
cuidados da PF combinam com a discrição da mídia para cobrir o depoimento do
mineiro/carioca, simbolizada na pequena nota da Época.
Com
Lula é outra história: mais um vazamento seletivo para a mídia amiga na Lava
Jato, contendo mais tentativas dos investigadores de ligar Lula a algum crime.
Desta
vez é o aluguel de um apartamento vizinho ao seu que seria pago disfarçadamente
pela Odebrecht e que na verdade seria uma propina a Lula.
A
Lava Jato parece querer chegar nos valores de propina adequados ao “chefe do
esquema criminoso” somando os valores de reforma em sítio, apartamento no
Guarujá, terreno, aluguel…
O
multidelatado Aécio e demais tucanos são tratados com discrição; não há
vazamentos para a mídia amiga; não há condução coercitiva sem prévia intimação
para depor voluntariamente.
Aliás,
temos aqui uma grande ironia: os tucanos, que nos últimos anos aliaram-se à
extrema direita – defensora de pensamentos absolutamente cristãos como
‘direitos humanos para humanos direitos’ e ‘bandido bom é bandido morto’ –
recebem da Lava Jato o tratamento que os seus mais novos amigos consideram
coisa de comunistas e ‘defensores de bandidos’.
Os
petistas, por sua vez, Lula em especial, são tratados com ações truculentas e
espalhafatosas ordenadas principalmente por Sérgio Moro; divulgação prévia
dessas ações para a imprensa conservadora; cobertura sensacionalista dos
eventos, com helicópteros, interrupção da programação, etc. De fazer vibrar um
defensor da “intervenção militar”.
A
aplicação da lei de forma digna e o respeito aos direitos fundamentais e de
defesa dos investigados adotados para uns e não para outros é um absurdo.
Mas
estender o arbítrio para os partidos até agora poupados obviamente não é o
caminho.
Comemorar
a chegada dos métodos arbitrários da Lava Jato a nomes pesados do PMDB e desejar
que os espetáculos de truculência transmitidos ao vivo sejam democratizados ao
PSDB e, afinal, a todas as legendas é comemorar a expansão do estado policial
para o nível de total engolimento da política (lembremos sempre que os membros
da justiça, polícia e ministério público não são eleitos por ninguém, enquanto
os políticos são escolhidos democraticamente e avaliados a cada eleição pelas
urnas).
O
que seria uma notável burrice: o estado policial sem freios acaba atingindo a
todos, sempre diminuindo as nossas liberdades em nome da segurança, da
corrupção, ou do que for a desculpa conveniente da vez.
http://falandoverdades.com.br/2016/12/28/lava-jato-vai-para-o-terceiro-ano-e-prepara-nova-acao-contra-lula-e-nada-contra-tucanos/
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