Nos
últimos dias a imprensa hegemônica do Brasil passou a divulgar as investigações
do Departamento de Justiça dos EUA sobre a corrupção na Petrobrás. O que era
apenas uma suspeita dos advogados do ex-presidente Lula, se confirmou como
realidade cristalina.
Agora
é possível entender porque Moro, muito zelosamente, sempre censurou as
perguntas feitas pela defesa de Lula a delatores e testemunhas de acusação
sobre a assinatura de acordos de colaboração com autoridades policiais e
judiciais norte-americanas.
Com
a mesma arbitrariedade com que livrou Temer das perguntas incriminadoras do
Eduardo Cunha, Moro anulou todos os questionamentos formulados pela defesa do
ex-presidente a respeito desses acordos [clandestinos] envolvendo funcionários
de empreiteiras e da Petrobrás com o Departamento de Justiça dos EUA, com a
interveniência da força-tarefa da Lava Jato.
Moro,
que se notabiliza não como juiz, mas como acusador obsessivo-compulsivo com a
condenação do Lula, em determinada audiência contrariou o pedido da defesa do
ex-presidente sustentando que “essa linha de indagação, a relevância disso me
escapa completamente”. Em outra audiência, ele foi explícito: “Não vou colocar
em risco uma eventual tratativa que a testemunha tenha no exterior por um mero
capricho da defesa” [sic].
O
Poder Executivo é titular exclusivo da atribuição constitucional de assinar e
colocar em prática acordos, entendimentos e protocolos com Estados
estrangeiros; e não o ministério público, a polícia federal ou o judiciário.
Estes acordos de colaboração com os EUA são, em razão disso, além de
clandestinos, claramente ilegais e inconstitucionais.
Considerando
o noticiado, é bastante significativa a intimidade de autoridades dos EUA com
as investigações criminais da Lava Jato que correm no Brasil. O relatório
publicado pelo Departamento de Justiça norte-americano é prodigioso nos
detalhes e informações precisas, que são coincidentes com a narrativa
processual que se conhece da Operação Lava Jato.
Em
vista desta realidade, a força-tarefa da Lava Jato têm o dever funcional de
esclarecer as seguintes questões:
-
como as autoridades policiais e judiciais estadunidenses tiveram acesso às
investigações e aos processos que tramitam na PF, MP e no judiciário do Brasil?
Quem forneceu o acesso de estrangeiros aos procedimentos criminais internos do
nosso país?;
-
integrantes da força-tarefa abasteceram – ainda que extra-oficialmente – o
Departamento de Justiça e agências dos EUA com as informações reveladas no
relatório do Departamento de Justiça, ou o acesso a tais informações pode ser
produto de espionagem?;
-
caso tenha considerado a suspeita de espionagem, quais as providências a
força-tarefa da Lava Jato adotou? Foram identificados eventuais espiões e
interesses envolvidos?;
-
como as autoridades estadunidenses tiveram acesso a funcionários de empresas
privadas e estatais brasileiras que cometeram crimes no Brasil e não nos EUA?
Quem intermediou tais contatos e a assinatura dos acordos com o Departamento de
Justiça dos EUA?; e, finalmente:
-
nas freqüentes viagens que Moro, Janot e outros integrantes da força-tarefa
fizeram aos EUA nos últimos três anos, com quais autoridades se reuniram e
quais foram as agendas de trabalho? Existem registros formais de tais
encontros?
O
Brasil precisa conhecer a verdade sobre esta grave situação que caracteriza a
intromissão e a interferência de um Estado estrangeiro em assuntos internos,
fato que fere a soberania nacional. Os funcionários públicos que eventualmente
contribuíram para este fato, terão cometido crimes de lesa-pátria.
Sob
o manto do combate à corrupção se escondem interesses poderosíssimos. Está
sendo destruída a engenharia nacional que compete com os interesses das
companhias norte-americanas no mundo inteiro, em especial nas Américas Central
e do Sul, na África e no Oriente Médio.
De
igual modo, está sendo devastado o setor energético do Brasil – além da
Petrobrás, também a Eletrobrás e a estratégia brasileira de tecnologia nuclear
– para facilitar a transferência de domínio dessas áreas essenciais a
conglomerados transnacionais.
Não
estivesse o Brasil vivendo um Estado de exceção, aqueles funcionários públicos
que agem em associação com interesses externos e quebram a soberania nacional
seriam severamente punidos.
Os
integrantes da Lava Jato atuam como os antigos cônsules do Império Romano. Eles
representam os interesses imperiais dos EUA no Brasil – alguns coitados por
inocência e outros canalhas por consciência.
http://jornalggn.com.br/noticia/a-lava-jato-e-os-consules-dos-eua-no-brasil-por-jeferson-miola
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