Recomeça
a campanha contra Lula
Um
bom diretor e roteirista, digamos, um Mário Monicelli, faria uma comédia muito
engraçada com isso. Mas o assunto é na verdade trágico, já que expressa a
destruição de um bem público essencial, a informação, e a retomada da campanha
de calúnias e mentiras da mídia contra Lula.
Essa
campanha deu uma freada na semana final de outubro e continuou morna nos dez
primeiros dias de novembro, mas, segundo fortes indícios, tende a ser retomada
agora.
Chicotada
no lombo da mídia golpista
O
estopim para essa cavalgada, parece ter sido a chicotada que a mídia tomou com
a revelação do cheque, que vinham atribuindo à campanha de Dilma, nominal a
Michel Temer. Com uma necessidade cavalar de repor a calúnia nos trilhos, o
açoite fez a mídia relinchar em alto e bom som.
Mas
o motivo real é o derrame, a partir da delação premiada de Marcelo Odebrecht,
de uma nova leva de calúnias. Depois de tantos meses na masmorra de Moro, o que
surpreende é que o herdeiro Odebrecht não tenha confessado que ele e o pai não
passam de laranjas, testas de ferro de Lula, que é o verdadeiro dono da
empreiteira. Revelação que, aliás, explicaria muito coisa e daria grande ajuda
à Lava Jato e aos organogramas do ridicularizado Deltan Dallagnol.
Nesta
nova fase da nossa mídia isenta, no dia 10, Josias de Souza, no seu blog que
atende pelo nome de Folha de São Paulo, fez um post que falava em “provável
prisão do ex-presidente”. E o fez sem qualquer fundamento, sem prova alguma, a
não ser sua volição subjetiva salivante. E também sem consequências, porque as
oficinas de boatos nunca produziram tanto e tão impunemente no Brasil.
No
dia 10, e durante todo o final de semana, propagou-se a partir da revisa ISTO
É, que Marcelo Odebrecht denunciou, para receber o prêmio da delação, que a
empreiteira deu dinheiro vivo na mão de Lula. Em resumo, a matéria diz o
seguinte:
“Segundo
já revelado pela Polícia Federal, aproximadamente R$ 8 milhões foram
transferidos ao petista. Conforme apurou ISTO É junto a fontes que tiveram
acesso à delação, o dinheiro repassado a Lula em espécie derivou desse
montante.”
Não
há provas, não há indícios, não há nada. O padrão é, monotonamente, sempre o
mesmo. Apenas a palavra de um frangote apenado, assustado e desmoralizado após
mais de um ano de prisão. O dinheiro
vivo de Marcelo Odebrecht vale tanto, como prova, como qualquer moeda podre. É
ficção pura e simples. Sem provas e sem testemunhas, sem índicos e sem rastros.
A
Folha de São Paulo, contudo, deu todos os ares de seriedade a matéria, e a
reproduziu como se ela tivesse todos os credenciais da verdade.
Entidades fantasmas tem credibilidade como
fontes
Finalmente,
agora no domingo, dia 13, ontem, a Folha estampou no topo da sua home, durante
muitas horas, a notícia de que Lula seria o feliz contemplado com uma reforma
no piscinão do Alvorada.
O
total descaramento da Folha está visível na contradição entre a manchete e a
matéria. Na home do UOL, a matéria da Folha, fixada durante boa parte do sacro
domingo da classe média, aparece com
endereço certo: a piscina do Alvorada. Ao abrir para ler, deparamos com o
seguinte:
Note-se
que a Polícia Federal, de onde supostamente partiu a denúncia, que é coisa
muito séria, não tem elementos para apontar o local. Já quem tem esses
elementos, e os dá a Folha, são “pessoas informadas sobre a investigação”.
Essas interpostas pessoas não são da PF, portanto.
É
urgente, então, que a Folha revele quem são essas pessoas que traficam
informações, e sabem mais que a Polícia Federal.
É
preciso esclarecer isso porque, ao ouvir falar em “pessoas informadas sobre a
investigação”, nos ocorre pensar que são os próprios jornalistas, afinal, não
foram eles que receberam da PF os dados da investigação? Mas descobrimos que
não, que eles, jornalistas, dizem se apoiar nas informações dessas terceiras
pessoas “informadas”.
Quem
informa os informadores? Quem forma a opinião dos formadores de opinião?
O
que tipo de ente é esse que habita a planilha de informantes da Folha e que
atende pelo nome de “pessoas informadas sobre as investigações”?
Engraçado
é que Alexandre Garcia, ao ser desculpar por ter divulgado outro boato, também
criado pela revista ISTO É, vejam só, que dava a Lula um novo imóvel, dessa vez
uma mansão em Punta Del Este, sugeriu ao menos o tipo de fonte que acha
credenciada para inventar boatos sobre Lula.
A
mídia brasileira age de forma muito mais ignóbil do que esse suposto guia. Ela
está sendo fartamente remunerada por dinheiro público, como o Cafezinho mostrou
em matérias do editor Miguel do Rosário. É preciso que seja acionada. Num país
sério, iríamos ao STF, o guarda da Constituição, já que a informação é direito
constitucional. No Brasil, contra essa mídia calhorda que vende gato por lebre,
talvez não reste outra alternativa senão apelar para o Código de Defesa do
Consumidor.
http://www.ocafezinho.com/2016/11/14/recomeca-cacada-lula-primeiro-um-sitio-vagabundo-depois-o-triplex-chinfrim-e-agora-o-piscinao-do-alvorada/
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