quinta-feira, 3 de novembro de 2016

LULA E O "RACIOCÍNIO FINGIDO"

A perseguição insana desencadeada pela polícia federal, o ministério público e o poder judiciário em relação ao Lula, na realidade configura o denominado "raciocínio fingido", expressão cunhada por Suzan Haack e que representa uma forma de cinismo. Na verdade seus perseguidores não estão interessados em descobrir as coisas como elas são, não buscam a decantada verdade real conforme exige a doutrina penal. O que eles procuram é um suporte para uma proposição previamente elaborada com a qual eles já estão comprometidos (condenação de Lula) e em relação à qual eles não estão dispostos a negociar.

E se não obtiverem um suporte fático probatório convincente, coisa que até o presente momento não conseguiram, eles se contentarão com meras ilações e convicções, às quais eles tentarão dar consistência condenatória criando novas e mirabolantes teorias e construções retóricas, ou fazendo distorções interpretativas de velhas teorias já existentes (como já fizeram com a Teoria do Domínio do Fato). Afinal, para que serve o tal de "notável saber jurídico"?

Enfim, o sistema já decidiu que Lula deve ser condenado, a sentença condenatória já está pronta e o exercício do contraditório e da ampla defesa por parte dele irá configurar tão somente um teatro inócuo para preencher as formalidades processuais e dar ares de obediência ao devido processo legal (conforme já ocorreu com José Dirceu e José Genoino).

Tudo com um só objetivo: alijarem Lula das próximas eleições presidenciais. Se não o prenderem, o que seria uma temeridade, no mínimo, irão cassar seus direitos políticos.  

Seu crime? Foi ter mostrado às camadas mais pobres que elas têm possibilidades de ascenderem socialmente e isto é imperdoável para as nossas elites.

E o povo que foi beneficiado? Vai assistir passivamente a toda esta manobra de destruição de seus avanços sociais?

Jorge André Irion Jobim



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