A
cena dantesca que percorreu computadores, celulares e televisões como vírus, de
um grupo de extrema direita tomando o Plenário da Câmara dos Deputados, pareceu
um mal-acabado filme de terror. É como se fosse um replay horripilante nos
capítulos históricos pré-Ditadura, em que parte da classe média se insurgia
contra ilusões vendidas a esmo pela mídia e a burguesia à época.
Os
invasores da Câmara bradavam por intervenção militar no Brasil e contra um
comunismo gigantesco que “teria” dominado o país, o Parlamento e todos os
políticos que rodeiam Brasília. Seria irônico se isso não fosse dito a partir
de uma das legislaturas mais conservadoras das últimas décadas, em que bancadas
inteiras tentam a todo custo evaporar direitos sociais civilizatórios conquistados
pela sociedade.
O
insano grupo ficou famoso por confundir uma bandeira do Japão com uma suposta
tentativa subversiva de dominação comunista do país – o que revela a ignorância
bizarra dessa turma – e revelou o profundo desrespeito e despudor com as muitas
vítimas do regime militar e seus familiares.
Essas
pessoas não sabem das torturas com ratos em genitálias de presos políticos? Com
choques na cabeça de bebês recém-nascidos? De celas repletas de baratas subindo
pelas pernas de presas grávidas em trabalho de parto? De mutilações e torturas
psíquicas com milhares de homens, mulheres e crianças? A História existe para
ser contada, mesmo que muito dolorosamente, para que não se repita.
Essas
manifestações contra a democracia e as instituições da República derivam do
ambiente de intolerância, ódio e violação da Constituição brasileira. A grande
mídia e o Parlamento, além de agentes públicos de outros poderes têm
responsabilidade sobre isso.
Há
uma ferida aberta em nosso país com o golpe desferido contra o governo eleito
de Dilma Roussef. Isso é fato.
Para
chegar a este cenário, também há um forte componente midiático e de extrema
criminalização da política. Isso ocorre quando se alimenta diariamente através
de cadeias de rádio e TV, jornais e revistas, sentimentos de negação da
democracia, como o fim de partidos e a generalização da política como algo a
ser desprezado. Extremamente grave.
A
turma que protagonizou a cena na Câmara imaginava mais manifestações iguais
pelo Brasil, mas não aconteceu. A maioria de nosso povo não entrará nessa.
Espero,
de fato, que essas pessoas sejam investigadas e punidas de acordo com a
Justiça. Também seja descoberto quem pagou suas passagens e financiou suas
estadias na capital para o vergonhoso e lamentável fato.
Continuaremos
defendendo a democracia e a Constituição brasileiras, pelo bem das relações
humanas e pela paz.
* Jandira
Feghali é deputada federal pelo PCdoB/RJ e líder da oposição na Câmara.
http://altamiroborges.blogspot.com.br/2016/11/fascista-na-camara-insanos-nao-passarao.html
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