Reli
certas coisas que escrevi na época do impeachment. Uma delas me chamou
particularmente a atenção.
Era
um pedido de desculpas nacionais a Dilma. Como pudemos deixar uma mulher
honesta — e competente — ser derrubada por um bando de corruptos cujo pretexto
era exatamente a corrupção?
Os
últimos dias me levam a reforçar as desculpas. Desculpas, agora, de joelhos.
Temer,
Calero, Gedel — eis o tipo de gente que sabotava Dilma sob apoio massivo da
Globo e do restante da mídia, e sob o olhar bovinamente cúmplice dos eminentes
ministros do STF.
Convém
não esquecer também Eduardo Cunha, um parlamentar mafioso que só foi afastado
do Congresso depois de liquidar Dilma.
O
PSDB deu também sua contribuição milionária ao golpe. Primeiro de todos, Aécio,
já eternizado como “o candidato que não soube perder”.
Depois,
os demais chefes tucanos, como FHC e Alckmin, agora conhecido nas planilhas da
Odebrecht como o “Santo”. Com uma mão o Santo rezava e com a outra recolhia
propinas de Caixa 2.
Era
muito homem corrupto contra uma honestidadade ilhada e solitária, como a de
Dilma.
Aécio
é o melhor caso tucano. Seu crime antidemocracia não compensou. Ele saiu das
eleições de 2014 com muitos trunfos, a começar pelos 50 milhões de votos que
obteve. Mais quatro anos e seria um forte candidato presidencial.
Hoje
ele está reduzido a cinzas. É um dos nomes mais citados por delatores em
esquemas de propinas. Nem a mídia amiga conseguiu esconder isso, ela que sempre
protegeu Aécio de notícias desagradáveis, sobretudo as ligadas a corrupção.
Aécio
agora está em todas.
Se
você pegar sua campanha de 2014 verá que toda ela foi baseada no, aspas,
“combate à corrupção”.
É
até engraçada: um corrupto contumaz, como provam as delações, fazendo sermões
sobre os males da corrupção.
À
luz do sol, Aécio fazia uma pregação veementemente moralista. Na calada da
noite, fechava acordos tenebrosos.
E
em meio a tudo isso Dilma, virtualmente sozinha.
Tem
um alto poder simbólico vê-la morando numa casa simples em Porto Alegre
enquando um apartamento milionário em Salvador domina o noticiário. (Isso para
não falar nos pedalinhos de tantas manchetes,)
E
deixamos Dilma sozinha. Não a defendemos, nas ruas, de uma conhecida máfia da
roubalheira. Permitimos, mansamente, que a tirassem e, com ela, destruíssem 54
milhões de votos e uma democracia ainda tão jovem.
De
novo: devemos desculpas a ela. Contritos. De joelhos no chão.
Ela
vai passar para a história como o caso mais brutal de injustiça cometido pela
plutocracia.
E
quem age como agimos merece Temer, Gedel, Cunha, Aécio etc etc.
http://www.diariodocentrodomundo.com.br/devemos-desculpas-a-dilma-pelo-que-deixamos-que-fizessem-a-ela-por-paulo-nogueira/
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