domingo, 9 de outubro de 2016

O “MERCADÃO DA DELAÇÃO”. Por Fernando Brito

Para mim, é incrível que qualquer pessoa com respeito à ideia de Justiça possa considerar normal o que é retratado hoje, em reportagem do Estadão que relata como uma legião de advogados passa dias e semanas, como num negócio empresarial, num toma-lá-dá-cá com procuradores da República, pechinchando meses ou anos de cadeia para dezenas de executivos da Odebrecht.

É, simplesmente, nojento imaginar que a culpa por crimes de corrupção possa estar sendo leiloada assim, na base do “me dá fulano que eu tiro um ano de pena”.

Até porque, em muitos casos, a “prova” a ser oferecida é dizer que deu, prometeu, ajudou ou, mesmo, transforma aquilo que foi doado em contrapartida de qualquer coisa que se deseje dizer que foi.

A Justiça transformou-se num “mercadão” e o que se faz no mercado é mercadejar…

É possível não ficar chocado com o grau de poder que têm servidores que podem por e tirar da cadeia, aumentar ou reduzir penas, com total autonomia, na prática, porque juiz algum deixará de homologar “delações premiadas” a esta altura.

A lei virou um papel que se negocia ao melhor preço.

http://www.tijolaco.com.br/blog/o-mercadao-da-delacao/


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