A
“concessão” do relator para gastos com Saúde é uma falácia. As despesas com o
setor já são de 15% da Receita Corrente Líquida
Por
Lindbergh Farias
A
PEC 241, que cria um teto para os gastos do governo pelos próximos 20 anos,
desmonta o Estado de Bem-Estar Social. Vai além de uma reforma fiscal ao impor
uma queda dos gastos/investimentos federais em termos do PIB e em termos per
capita.
O
esforço retórico do governo de que não haverá cortes de gastos em saúde é
mentiroso. Até porque, eles já deixaram clara sua intenção na exposição de
motivos que acompanhou a PEC. Nela, o governo afirma ser essencial alterar a
regra de fixação do gasto mínimo em algumas áreas, em especial saúde e
educação, pois esse tipo de vinculação é um problema fiscal.
Agora,
tentam convencer de que protegem a área vendendo a ideia de uma suposta
concessão. O relator da PEC na Câmara alardeia de que estaria antecipando de
2020 para 2017 a regra prevista na emenda constitucional 86, que garante ao
setor a aplicação de no mínimo 15% da Receita Corrente Líquida (RCL).
Mas
a pretensa esperteza não constitui qualquer ganho para a Saúde. Isso porque, a
aplicação prevista no Orçamento da União para 2016 já corresponde a 15% da RCL.
Na
audiência da Comissão Mista do Orçamento, o próprio ministro do Planejamento,
Dyogo Oliveira, afirmou que os gastos para o atendimento do mínimo para a Saúde
serão de R$ 102,8 bilhões, e nas informações complementares do orçamento, o
governo apresentou as estimativas de RCL para 2016, de R$ 684,3 bilhões.
Ou
seja, a previsão de gastos do governo para esse ano é de 15% da RCL.
Além
disso, é importante ressaltar que a suposta “concessão” do governo só vale para
2017. A partir da vigência da PEC, esse percentual cairá a cada ano e em 10
anos será, numa hipótese conservadora, 11% da RCL.
Essa
queda se dará porque a despesa, ao longo dos próximos anos, será reajustada
somente pelo IPCA do ano anterior, enquanto a Receita Corrente Líquida cresce
tanto pela inflação quanto pelo crescimento real do PIB. Portanto, mesmo que
haja um crescimento do PIB e das receitas, a ampliação de gastos no setor
estará represada pelo limite constitucional que pretendem impor.
O
governo também tem dito que o fato de a PEC ter mudado apenas o piso e não o
teto para a Saúde permitiria uma aplicação acima do “piso”.
A
verdade é que, com a queda do teto geral de gastos, não haverá espaço para
ampliação dos gastos com saúde acima do “piso”, mesmo com corte em outras
áreas, que terão de ser feitas para garantir o cumprimento das regras de limite
de gastos.
Além
da queda em relação à receita corrente líquida, é sabido que a situação mais
grave virá com a redução dos gastos reais com saúde por cidadão.
A
previsão é de que essa queda seja de quase 6% ao ano. Isso porque a inflação do
setor tem sido em torno de 5 pontos porcentuais acima do IPCA e o crescimento
populacional está em torno de 1% ao ano. Isso tudo em uma conjuntura onde se
reconhece que ainda é preciso ampliar os investimentos na saúde pública para
melhoria da qualidade do atendimento.
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Nota
do senador Lindbergh Farias sobre a recomendação da PGR ao Congresso relativa à
PEC 241
É
positiva a manifestação da Procuradoria-Geral da República, que, em parecer
enviado ao Congresso, recomenda o arquivamento da Proposta de Emenda à
Constituição (PEC) 241, que estabelece teto para os gastos públicos. Mostra que
estamos certos quanto aos efeitos danosos da medida. É inaceitável que a Câmara
dos Deputados vote a proposta de afogadilho. Essa recomendação poderá ser
considerada pelo STF na avaliação das medidas judiciais contra a proposta, que,
a nosso ver, engessa o orçamento por 20 anos, influindo nas administrações dos
futuros governos e enfraquecendo instituições.
O senador
Lindbergh Farias (PT-RJ) é lider da oposição no Senado
http://www.viomundo.com.br/denuncias/lindbergh-desmonta-passo-a-passo-a-mentira-do-governo-temer-de-que-nao-havera-cortes-na-saude.html
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